UM LIVRO POR SEMANA: Livro do Português Errante

Sugestão de Sara Cardoso
07/04/2017

“Livro do Português Errante”, de Manuel Alegre, é uma obra poética repleta de introspeções relacionadas com as vivências políticas e pessoais do autor.

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Rubrica
Um Livro por Semana

 

 

 

 

 


Livro do Português Errante


Nome: “Livro do Português Errante”
Autor: Manuel Alegre
Editora: Publicações Dom Quixote
Modo/género literário: Lírico/Poesia


“Livro do Português Errante”, de Manuel Alegre, é uma obra poética repleta de introspeções relacionadas com as vivências políticas e pessoais do autor.

Assim, o título da obra pode ser interpretado como uma referência a um sujeito poético oriundo de um país que deambula pelo mundo, esperando encontrar e regressar à sua terra natal, sendo que esta pode não se tratar necessariamente de um espaço físico, mas ,sim, emocional, como, por exemplo, a proximidade de quem se ama num momento de desalento (“[…] e de repente eu sei que estou de volta / Como Ulisses à tão amada Ítaca.”); ou como a utilização da língua portuguesa para aprendizagem através de tentativa e erro (“Um livro. Esse buscar / Coisa nenhuma. / Ou só o espaço / O grande interminável espaço em branco / Por onde corre o sangue a escrita a vida. / Um livro.”).

Aborda, então, de forma mais focalizada, a itinerância e a evocação do sujeito poético à vida social e política ("Querida Sophia: como os índios do seu poema / também eu procurei o país sem mal. / Em dez anos de exílio o imaginei."), à poesia ("Por um caminho à noite caminhava / caminhava de noite sem sentido / pela própria cadência era levado / caminhava movido por um ritmo / a música interior que mais ninguém / ouvia.") e à escrita da mesma (“Quem escreve / tem uma lança apontada ao coração.”), às suas interrogações interiores ("Não sei como se ressuscita / no terceiro dia /de cada sílaba / nem se há palavra para voltar / do grande rio do / esquecimento./ Não se no terceiro dia / alguém me espera. Ou se / ninguém.") e ao inconformismo perante o que o rodeia (“Dai- me de novo a discordância de todos contra tudo / a confusão nos espíritos a desordem no lar / a espingarda de seda a faca de veludo / o verbo amar o mar o ar.”).

Conjugando a fluidez simples da escrita de alguns momentos com a introspeção complexa de outros, esta obra define bem a perceção de uma mente aberta ao mundo em volta. Manuel Alegre presenteia-nos, desta forma, com uma um conjunto de poemas sentidos onde há sempre uma ponte de relação com o leitor.

 

Sugestão de leitura da aluna Sara Cardoso, do 11.º LR.

 

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