UM LIVRO POR SEMANA: Equador

Sugestão de Sofia Alves
09/05/2018

“Equador” é um importante relato histórico de Miguel Sousa Tavares acerca do ambiente vivido em Portugal e das suas colónias, principalmente a de S. Tomé e Príncipe, no início do século XX e nos últimos anos da Monarquia.

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Rubrica
Um Livro por Semana

 

 

 

 

 


Equador


Nome: “Equador”
Autor: Miguel Sousa Tavares
Editora: Oficina do Livro
Modo/género literário: Modo Narrativo / Romance

“Equador” é um importante relato histórico de Miguel Sousa Tavares acerca do ambiente vivido em Portugal e das suas colónias, principalmente a de S. Tomé e Príncipe, no início do século XX e nos últimos anos da Monarquia.

Na minha opinião, este livro não tem defeitos, apenas qualidades que o levam a ser considerado um ótimo livro, sendo que o que mais me interessou ao longo da minha leitura foi a escrita neutra e objetiva do livro já que, enquanto eu lia “Equador”, tinha, em muitos momentos da narrativa, a sensação de estar a ler as notícias da época ou até a “ouvir” um noticiário televisivo («Naquela manhã, o Mundo noticiava uma crise aberta no governo francês devido ao pagamento dos custos de construção do canal de Suez, que o engenheiro Lesseps não se cansa de escavar, como um louco furioso, deixando uma factura sem prazo de conclusão à vista.» - páginas 11 e 12).

Esta obra é reforçada por um visualismo muito forte, como os elementos sensoriais que estão presentes sobretudo a descrição do clima, da paisagem, dos sons, dos cheiros, como se pode ver na página 185: «Um sopro de vento vindo do mar subiu até ao óbó e toda a folhagem e mesmo a copa das árvores, algumas altas de trinta ou quarenta metros, estremeceu à sua passagem [...] bátegas de chuva, grossas como pedras, começaram a cair e de repente todo o céu rebentou em estoiros de trovões, raios que iluminavam a mata [...]»), tal como a descrição de personagens: «Tinha trinta e sete de idade, era solteiro e tão mal comportado quanto às circunstâncias e o berço lho permitiam [...] estagiara três meses em S. Carlos [...]. Era, pois, um homem dado a aventuras de saias mas também a melancolias. Aos vinte e dois anos deixara o curso de direito em Coimbra [...]» - página 12. Ainda estão evidenciados elementos sensuais ligados quer à Natureza africana, quer às mulheres que povoam a narrativa e pontuam o percurso do protagonista («[...] Era demasiado “exposta” fisicamente para uma senhora [...] uns 37,38 anos [...]. Era alta, com peito abundante e saliente [...]. O cabelo, negro e comprido [...]. E o vestido até aos pés de algodão branco estampado de rosas vermelhas [...]» - página 212), o que me permitiu acompanhar, de forma muito próxima, o percurso das personagens no decorrer da história, nos primeiros anos do século XX. Também algo que me cativou foram os temas falados durante o recorrer da minha leitura, como a colonização e a questão das liberdades fundamentais do ser humano, tais como a condenação da escravatura e da defesa incondicional da autodeterminação dos povos.

Por fim, apesar de ser um livro de quinhentas páginas, foi um dos livros que me prenderam bastante até à última palavra. É um romance histórico baseado no contraste entre a sociedade europeia metropolitana e a sociedade africana colonial, o que me ajudou a saber mais sobre a época. Com todas as descrições presentes ao longo da história, ora sobre a viagem de Luís, ora de S. Tomé e Príncipe, assim como de outras personagens, consegui ter uma melhor perceção visual da história, o que me fez apreciar bastante o livro.

É simplesmente uma obra intensa, profundamente sensorial, onde se sente o pulsar da vida em cada folha de árvore, em cada gota de chuva, em cada grão de areia das magníficas praias de S. Tomé.

 

Sugestão de leitura da aluna Sofia Alves

 

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