UM LIVRO POR SEMANA: As aventuras de João Sem Medo

Sugestão de Carolina Pereira
12/06/2018

Escrito em 1933 por José Gomes Ferreira, em 26 folhetins, para uma gazeta juvenil, As aventuras de João Sem Medo nascem da ideia de criar um herói que "desmistificasse os Gigantes, os Príncipes, as Princesas, as Fadas".

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Rubrica
Um Livro por Semana

 

 

 

 

 


As aventuras de João Sem Medo


Nome: As aventuras de João Sem Medo
Autor: José Gomes Ferreira
Editora: DOM QUIXOTE
Modo/género literário: Narrativo/ Romance

Escrito em 1933 por José Gomes Ferreira, em 26 folhetins, para uma gazeta juvenil, As aventuras de João Sem Medo nascem da ideia de criar um herói que "desmistificasse os Gigantes, os Príncipes, as Princesas, as Fadas".

Ao longo de cento e sessenta e uma páginas, o autor conta a história de João Sem Medo, alcunha que lhe é dada devido à sua “imunidade” frente ao medo. O jovem vivia com a sua mãe em Chora-Que-Logo-Bebes, uma aldeia onde os seus habitantes eram “infelizes chorincas que se lastimavam de manhã até à noite”, cansado da depressão vivida na aldeia, João decide saltar o muro que protegia a aldeia dos perigos que rodeava embarcando assim numa viajem ao desconhecido, enfrentando pelo caminho entes míticos.

Por um lado, o exemplar esconde uma forte crítica política e social, uma vez que ele foi escrito na época do regime ditatorial que Portugal viveu. A primeira leitura política do livro pode-se ver na página 12, em que João escolhe o caminho da infelicidade, que se encontrava cheio de perigos e pedras que lhe feriam os pés, em vez de optar pelo caminho da felicidade onde teria de cortar a cabeça para não pensar e respetivamente não ter opinião, comportamento este que iludiu todos aqueles que apoiaram a ditadura, a fim de seguir por um caminho de felicidade, tendo para isso prescindido da racionalidade. A obra, também, tem muitos momentos cómicos, como quando o medo atinge João, e este pede ajuda à única pessoa que o podia ajudar: José Gomes Ferreira. Também, ao longo do livro, existem passagens escritas numa linguagem popular (“Preferiam choramingar, os maricas!” - pág. 9), o que torna a leitura mais divertida.

Por outro lado, a história muda de cenário repentinamente, o que torna a leitura um pouco confusa.

Portanto, gostei do livro não só devido à história cheia de aventuras de João mas também aos segredos que ela guarda, ou seja, a forte crítica política e social através das metáforas. Também não posso deixar de realçar a lição de moral que o livro transmite do início ao fim: “a esperança é a última a morrer”.

 

Sugestão de leitura da aluna Carolina Gomes Pereira, do 10.º H2

 

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