|
|
|
Rubrica
Falar Saúde
1 de Novembro de 2011 |
|
Somos feitos de carne, mas temos de viver
como se fôssemos de ferro.
Sigmund Freud
Falar Saúde Nº 21
Viver com diabetes
Sabiam que existem cerca de um milhão
de pessoas com diabetes em Portugal? Sendo que 44% dos casos ainda estão
por diagnosticar?
Estas e outras conclusões fazem parte do
relatório do Observatório Nacional da Diabetes 2010, apresentado em
fevereiro deste ano. O relatório revela que 12,3% da população
portuguesa entre os 20 e os 79 anos sofre desta doença e aponta para um
crescimento da diabetes nos últimos nove anos, sendo que, segundo a
Federação Internacional da Diabetes, o número de pessoas que sofrem de
diabetes irá duplicar até 2030. A relação entre a diabetes e o nível
educacional é outro dos fatores analisados, indicando que quanto mais
elevado o nível de qualificação, menor a prevalência da doença.
Apesar de não fazer ideia de quantas pessoas, pertencentes à comunidade
Colégio dos Carvalhos, vivem ou convivem com a diabetes, achei por bem
chamar à atenção para esta doença, bem como sensibilizar aqueles que
nada sabem sobre o assunto.
Porquê agora? Porque se celebra, a
14 de novembro próximo, o Dia Mundial da Diabetes, que tem a finalidade
primária chamar a atenção das entidades oficiais, dos profissionais de
saúde, da comunicação social e da comunidade em geral para a
problemática da Diabetes Mellitus.
Seguem-se algumas informações
importantes sobre esta doença, as quais podem ser consultadas na íntegra
em www.portaldasaude.pt/portal, do Ministério da Saúde.
O que é a
diabetes?
A diabetes é uma doença crónica que se carateriza pelo
aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do
organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À
quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e quando esta aumenta
diz-se que o doente está com hiperglicemia.
Quem está em risco de
ser diabético?
A diabetes é uma doença em crescimento, que atinge
cada vez mais pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens. No
entanto, há grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem
diabéticos:
-
Pessoas com familiares diretos com diabetes;
-
Homens e mulheres obesos;
-
Homens e mulheres com tensão arterial
alta ou níveis elevados de colesterol no sangue;
-
Mulheres que
contraíram a diabetes gestacional na gravidez;
-
Crianças com peso
igual ou superior a quatro quilogramas à nascença;
-
Doentes com
problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas.
Quais são os
sintomas típicos da diabetes?
Nos adultos - A diabetes é, geralmente,
do tipo 2 e manifesta-se através dos seguintes sintomas:
-
Urinar em
grande quantidade e muitas mais vezes, especialmente durante a noite
(poliúria);
-
Sede constante e intensa (polidipsia);
-
Fome
constante e difícil de saciar (polifagia);
-
Fadiga;
-
Comichão
(prurido) no corpo, designadamente nos órgãos genitais;
-
Visão
turva.
Nas crianças e jovens - A diabetes é quase sempre do tipo
1 e aparece de maneira súbita, sendo os sintomas muito nítidos. Entre
eles encontram-se:
-
Urinar muito, podendo voltar a urinar na cama;
-
Ter muita sede;
-
Emagrecer rapidamente;
-
Grande fadiga,
associada a dores musculares intensas;
-
Comer muito sem nada
aproveitar;
-
Dores de cabeça, náuseas e vómitos.
É
importante ter presente que os sintomas da diabetes nas crianças e nos
jovens são muito nítidos. Nos adultos, a diabetes não se manifesta tão
claramente, sobretudo no início, motivo pelo qual pode passar
despercebida durante alguns anos. Os sintomas surgem com maior
intensidade quando a glicemia está muito elevada. E, nestes casos, podem
já existir complicações (na visão, por exemplo) quando se deteta a
doença.
Pode ser diabético...
-
Se tiver uma glicemia
ocasional de 200 miligramas por decilitro ou superior com sintomas;
-
Se tiver uma glicemia em jejum (oito horas) de 126 miligramas por
decilitro ou superior em duas ocasiões separadas de curto espaço de
tempo.
Que tipos de diabetes existem?
-
Diabetes Tipo 2
(Diabetes Não Insulino-Dependente) - É a mais frequente (90% dos casos).
O pâncreas produz insulina, mas as células do organismo oferecem
resistência à ação da insulina. O pâncreas vê-se, assim, obrigado a
trabalhar cada vez mais, até que a insulina produzida se torna
insuficiente e o organismo tem cada vez mais dificuldade em absorver o
açúcar proveniente dos alimentos. Este tipo de diabetes aparece
normalmente na idade adulta e o seu tratamento, na maioria dos casos,
consiste na adopção duma dieta alimentar, por forma a normalizar os
níveis de açúcar no sangue. Recomenda-se também a atividade física
regular. Caso não consiga controlar a diabetes através de dieta e
atividade física regular, o doente deve recorrer a medicação específica
e, em certos casos, ao uso da insulina. Os medicamentos usados no
tratamento deste tipo de diabetes são geralmente fármacos (comprimidos)
que atuam no pâncreas, estimulando a produção de insulina. Neste caso
deve consultar sempre o seu médico.
-
Diabetes Tipo 1 (Diabetes
Insulino-Dependente) - É mais rara. O pâncreas produz insulina em
quantidade insuficiente ou em qualidade deficiente ou ambas as
situações. Como resultado, as células do organismo não conseguem
absorver, do sangue, o açúcar necessário, ainda que o seu nível se
mantenha elevado e seja expelido para a urina. Contrariamente à diabetes
tipo 2, a diabetes tipo 1 aparece com maior frequência nas crianças e
nos jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos. O
tratamento, que deve ser acompanhado obrigatoriamente pelo médico de
família, engloba três vertentes fundamentais: adoção de uma dieta
alimentar adequada, prática regular de exercício físico e o uso da
insulina.
-
Diabetes Gestacional - Surge durante a gravidez e
desaparece, habitualmente, quando concluído o período de gestação. No
entanto, é fundamental que as grávidas diabéticas tomem medidas de
precaução para evitar que a diabetes do tipo 2 se instale mais tarde no
seu organismo. A diabetes gestacional requer muita atenção, sendo
fundamental que, depois de detetada a hiperglicemia, seja corrigida com
a adoção duma dieta apropriada. Quando esta não é suficiente, há que
recorrer, com a ajuda do médico, ao uso da insulina, para que a gravidez
decorra sem problemas para a mãe e para o bebé. Uma em cada 20 grávidas
pode sofrer desta forma de diabetes.
Para saber mais…
Prof. Isabel Cristina
|