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Rubrica
Falar Saúde
15 de Novembro de 2011 |
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Um homem sábio deveria considerar que a saúde é a maior das bênçãos humanas e aprender, pelo seu próprio pensamento, a obter benefício da sua doença..
Hipócrates
Falar Saúde Nº 22
Consciência acesa
Dia, 17 de novembro, celebra-se o Dia
Mundial do Não Fumador e, a este propósito, convidei os meus alunos a
desenvolverem o tema do tabagismo, convite aceite de imediato pelo Abel
e pelo José Pedro da turma 12BT1, a quem agradeço desde já.
Seguem-se informações da máxima importância para quem fuma e até para
quem vive este drama passivamente. Espero que vos sejam úteis e vos
façam pensar. E lembro que o Colégio adotou, desde 2006, o lema “ Uma
Escola sem tabaco”, na perspetiva de contribuir para a redução da
prevalência de fumadores, proteger os não fumadores, valorizar a missão
educativa e dignificar a escola.
Prof. Isabel Cristina
O
Tabaco é uma planta, cujas folhas são fumadas, mastigadas ou snifadas,
para obter uma grande variedade de efeitos. Contém mais de 19
substâncias cancerígenas e mais de outros 4000 químicos.
Entre estes
compostos encontra-se a nicotina, uma substância viciante que após a sua
absorção passa para o sangue e de seguida para o cérebro, no qual se
liga a determinados recetores, ativando circuitos cerebrais que conferem
propriedades de prazer. A nicotina permanece no organismo menos de duas
horas, indo a sua concentração sanguínea reduzindo-se progressivamente,
o que desperta a vontade para um novo cigarro, sendo deste modo o
principal responsável pela dependência física, e tendo fenómenos
fisiológicos semelhantes ao das drogas ilícitas.
No século XX, o
hábito de fumar adquiriu uma nova dimensão, pois definia uma atitude, um
estilo. Atualmente, a idade de iniciar o hábito de fumar varia muito com
o contexto de vida de cada pessoa. Na escola, ocorre mais vezes pelos
14-15 anos, sendo mais cedo nas raparigas. Os inquéritos nacionais de
saúde de 1998 e 2005 mostram que, nos homens, o hábito de fumar desceu,
enquanto nas mulheres aumentou. No mesmo período, para ambos os géneros,
aumentaram os ex-fumadores.
O cidadão tem grande dificuldade em fazer
uma ideia clara das repercussões do tabagismo na sociedade devido à
falta de fontes de informação neutras, pois estas são fornecidas pelas
tabaqueiras ou entidades antitabaco. Os custos totais atribuíveis ao
tabagismo são cerca de 490 milhões de euros e, se houvesse cessação
tabágica total, seria poupada a importância de 171 milhões de euros ao
sistema de saúde.
Tabagismo Passivo
O tabagismo passivo consiste
na exposição aos produtos de combustão do tabaco e sua inalação por
pessoas fumadoras e não-fumadoras.
No interior de uma sala, o fumo do
tabaco tende a concentrar-se numa zona média, isto porque o ar quente
tende a subir mas, como o fumo do tabaco arrefece rapidamente e é mais
denso que o ar, começa a descer, condensando-se numa nuvem que fica à
altura do sistema respiratório de todas as pessoas que partilham esse
espaço.
O grau de exposição de um fumador passivo está dependente do
tipo e número de cigarros queimados à sua volta, do tamanho do espaço
fechado e da taxa de ventilação, chegando os níveis de produtos
resultantes da combustão de tabaco a atingir um valor de 25 vezes
superior ao de áreas livres de fumo.
A exposição passiva ao tabaco
aumenta em 50% a 60% o risco de doença cardíaca coronária. Foi
demonstrado que cerca de 30 minutos de exposição passiva ao fumo do
tabaco é o suficiente para causar uma redução na corrente sanguínea, o
que pode induzir a formação de coágulos, estreitamento de vasos
sanguíneos e, eventualmente, enfarte agudo do miocárdio.
Em suma, não
é apenas uma questão de cigarro.
Consequências do Tabagismo
Inicialmente, fumar é desagradável para todos, incluindo o fumador, mas
a nicotina vai induzindo o aumento rápido de recetores próprios e,
quando o seu número ultrapassa uma barreira crítica, a pessoa passa a
precisar de fumar para satisfazer o mal-estar que sente pela falta de
nicotina no cérebro, passando a estar dependente desta, e a possuir uma
doença crónica, o tabagismo.
Os compostos do tabaco podem causar
graves doenças pulmonares, tais como a Doença Pulmonar Obstrutiva
Crónica (DPOC), agravamento da asma, congestão nasal, redução
significativa da função pulmonar, lesões da mucosa respiratória
(provocando tosse com expetoração) e alteração do epitélio respiratório,
comprometendo, estes dois últimos, os mecanismos de defesa dos pulmões,
o que os torna bastante suscetíveis a infeções pulmonares.
O tabaco
possui diversas substâncias cancerígenas, como é o caso da nicotina e do
alcatrão. Estas substâncias, quando passam a circular no sangue, sofrem
uma transformação, passando a ser capazes de se ligarem ao DNA,
provocando o aparecimento de mutações, que irão originar células
cancerígenas. Entre os cancros causados destaca-se o cancro do pulmão,
estando diretamente relacionado com os hábitos tabágicos do individuo.
Contudo, também pode provocar outros efeitos carcinogénicos, como cancro
da laringe, cavidade oral (boca), esófago, estômago, pâncreas, aparelho
urinário e colo do útero.
Um dos fatores de risco para doenças
cardiovasculares é o tabagismo, aumentando o risco de enfarte agudo do
miocárdio, aneurisma da aorta, má circulação sanguínea, pressão arterial
elevada, trombose ou hemorragia cerebral. Neste aspeto, destaca-se o
papel do monóxido de carbono, que possui uma maior afinidade com a
hemoglobina do que o oxigénio, chegando a ligar-se permanentemente com
esta, o que causa uma situação de hipoxia (falta de oxigénio) no sangue
e nos tecidos. Este gás, constituinte de 1% a 5% do fumo do tabaco,
também aumenta a viscosidade do sangue e provoca lesões vasculares.
Nos homens, o tabagismo provoca dificuldade de ereção, ejaculação
precoce, infertilidade e diminuição do desejo sexual. Nas mulheres,
estão associados o cancro do colo do útero e da bexiga, menopausa
precoce, menor lubrificação vaginal, diminuição do desejo sexual e
infertilidade.
Entre outros efeitos do tabaco, destaca-se diminuição
do olfato, paladar e visão, gengivite, mau hálito, escurecimento dos
dentes, enrugamento da pele e má cicatrização. O tabaco durante a
gravidez implica anomalias no desenvolvimento fetal, aprendizagem,
comportamento e baixa estatura.
A maioria destas consequências afetam
os fumadores passivos.
Como deixar de Fumar e seus benefícios
As
regras básicas para o sucesso de deixar de fumar podem ser sumariadas em
poucas linhas:
• Procure conselho do seu médico, pois este irá
esclarecer as suas dúvidas e reforçar o tratamento do tabagismo com um
medicamento que deve ser tomado de acordo com um programa;
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Marque
um dia para deixar de fumar, de preferência um com significado;
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Até
ao dia combinado, fale do assunto com familiares e amigos. Estabeleça
assim um compromisso consigo e com os outros para reforçar a decisão;
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No dia combinado, abandone o tabaco. Provavelmente já estará a tomar o
medicamento prescrito pelo médico há uma semana;
-
Vá a todas as
consultas programadas, mesmo que seja apenas para lhe dizer a sua
determinação;
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Ao fim de três meses, provavelmente, deixará o tal
medicamento. Continua a ser muito vulgar recair no tabagismo, portanto
mantenha a determinação, indo a todas as consultas;
-
Ao fim de um
ano, pode dizer que foi bem-sucedido, contudo nunca esqueça que a
dependência é perpétua.
Os benefícios de saúde começam quase
imediatamente após deixar o tabaco:
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20 minutos depois – a pressão
sanguínea e o ritmo cardíaco baixam para o normal e a temperatura das
mãos e pés aumentam para o normal;
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8 horas depois – os níveis de
monóxido de carbono no sangue baixam e os níveis de oxigénio aumentam;
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24 horas depois – o risco de um ataque cardíaco fulminante diminui;
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48 horas depois – as terminações nervosas começam a regenerar, e o
olfato e o paladar começam a normalizar;
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2 semanas a 3 meses depois
– a circulação melhora e o caminhar torna-se mais fácil, devido a um
aumento de 30% da função pulmonar;
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1 a 9 meses depois – a sua
energia aumenta tipicamente e os sintomas respiratórios melhoram;
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1
ano depois – o risco de doenças coronárias é metade de o de um fumador;
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5 anos depois – o risco de morte por cancro do pulmão e da boca reduz
em 50%, comparativamente a um fumador;
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10 anos depois – o risco de
mortalidade por cancro é semelhante ao de alguém que nunca fumou, assim
como o de um enfarte. As células pré-cancerígenas foram substituídas por
células normais.
Para saber mais…
Abel Nicolau e José Faria 12BT1
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