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Rubrica
Falar Saúde
1 de Dezembro de 2011 |
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A verdadeira solidariedade começa onde não se
espera nada em troca
Saint Exupery
Falar Saúde Nº 23
Fazer o bem… faz bem!
Aproxima-se a época natalícia e, com ela,
multiplicam-se os gestos de solidariedade. A mesma que deveria acontecer
durante todo ano, especialmente quando se atravessa a crise económica em
que o nosso país se encontra.
Apesar da verdadeira solidariedade
não exigir nada em troca, como diz Saint Exupéry, o facto é que quando
somos solidários, acontecem reações bioquímicas, que nos permitem
atingir níveis consideráveis de felicidade. Quem o afirma são vários
peritos no assunto, desde médicos a psicólogos.
Haverá maior
retorno do que uma sensação de bem-estar sem limites?
Para vos
explicar melhor este mecanismo, encontrei na revista Visão de 24 de
novembro, um artigo que vai ao encontro desta temática e do qual
transcrevi o excerto que se segue.
“Fazer algo porque apetece e
satisfaz, desde um jantar gourmet a uma noite de amor, é o suficiente
para acionar os circuitos da recompensa no cérebro e libertar hormonas
“da felicidade” (dopamina, ocitocina). Isto, já se sabia. A novidade,
trazida pelas neurociências, é que este mecanismo também ocorre quando
se praticam atos solidários. Com esta descoberta, ficam em segundo plano
as correntes de investigação evolucionistas, que validavam o lado mais
sombrio – egoísta – da natureza humana, interpretando condutas
cooperantes como estratégia ao serviço do interesse próprio.
Do
ponto de vista biológico, sabe-se agora, há recompensas intrínsecas em
ajudar os outros. O segredo está nos neurónios-espelho, responsáveis
pelo sentimento de empatia. Augusta Gaspar, 44 anos e investigadora do
ISCTE, dedica-se ao estudo das emoções no departamento de psicologia
social. A docente esclarece o que está em jogo: “temos um sistema de
ressonância que nos permite experimentar e aprender com os outros. Estes
neurónios disparam quando observamos experiências alheias e as vivemos
como se fossem nossas”.
Testes de laboratório a várias pessoas com
técnicas de imagiologia permitiram ver que, durante a exibição de vídeos
com protagonistas em situações que envolviam dor, nojo e outras, certas
zonas do cérebro ficavam ativas: o córtex simulado e o “núcleos
acumines”, onde ocorre a libertação de opiáceos naturais (dopamina, a
hormona do prazer) e ocitocina, associada a sentimentos como amor e
afeto.
A capacidade de nos sintonizarmos com os outros (empatia,
compaixão) – e a predisposição para os ajudar (gestos solidários) –
parece intrínseca ao ser humano. Mas, mais do que isso, tem vantagens
biológicas para o próprio. Augusta explica porquê: quanto mais ativos
estiverem estes circuitos, mais conexões se estabelecem, aumentando a
produção destes químicos (nos centros de recompensa), podendo até
formar-se novos neurónios”. Em síntese, a generosidade autoalimenta-se e
compensa por si mesma, sem atender a ganhos secundários ou a contar com
uma eventual “troca de favores”. (…)”
Espero sinceramente ter
contribuído para que se sintam aliciados a “fazer o bem”. A mim,
soube-me muito bem partilhar convosco esta informação. Quem sabe se, da
próxima vez que forem solidários uns com os outros, tudo não faça muito
mais sentido.
Apesar de estarmos perto do final de 2011, o Ano
Europeu do Voluntariado, não deixem escapar a oportunidade de se
tornarem voluntários em instituições ou acontecimentos, nos quais possam
marcar a diferença. Aproveito para lembrar que o Dia Internacional da
Solidariedade se festeja a 20 de dezembro.
Façam o bem e…
sintam-se bem.
Prof. Isabel Cristina
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