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Rubrica
Falar Saúde
1 de Junho de 2012 |
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A música é a lei moral. Dá alma ao Universo, asas à imaginação, assim como alegria e encanto à vida e a tudo o resto..
Platão
Falar Saúde Nº 33
Música sim, ruído não
A
época de exames está à porta e com ela a ansiedade aumenta. Procura-se
colmatar lacunas, rever o que se estudou, ou até iniciar aquele trabalho
que deveria ter sido implementado ao longo de todo o ano letivo. Enfim,
seja qual for a situação, os alunos procuram o que acreditam ser o
melhor método de estudo para si, num contexto agradável, seja em casa,
na escola ou no café. O que parece que muitos não dispensam são os
auriculares com aquela música que os ajuda a manter o foco. Na maioria
dos casos, e porque não são egoístas, todas as pessoas à sua volta
também a conseguem ouvir. Mais tarde ou mais cedo, quem vai deixar de
ouvir é o aficionado da música em “altos berros”.
Esta situação é
muito preocupante uma vez que a exposição a ruído excessivo é a causa de
surdez crónica mais facilmente evitável, representando um terço da
surdez existente em países desenvolvidos e com especial incidência nos
jovens.
O que é a audição?
A audição é a capacidade que os
seres vivos possuem de perceber o som, através de vibrações, sendo um
dos 5 sentidos convencionados. O ouvido encontra-se dividido no ouvido
externo, médio e interno. As ondas mecânicas do som são direcionadas
para o ouvido externo, através do pavilhão auditivo, onde seguem pelo
canal auditivo externo até que atingem uma membrana, o tímpano,
fazendo-a vibrar. Esta vibração vai ser propagada através de movimentos
mecânicos pelo ouvido médio, por intermédio dos ossículos (martelo,
bigorna e estribo) que, por sua vez, vão embater na cóclea, uma
estrutura em forma de espiral, que contém os órgãos de Corti, órgãos
especializados na tradução de vibrações mecânicas em sinais elétricos,
prontos a serem enviados pelo nervo auditivo para o encéfalo onde serão
integrados.
A surdez e a hipoacusia (diminuição da capacidade
auditiva) podem ser causadas por diferentes fatores. Contudo, entre os
principais encontram-se:
-
Surdez congénita;
-
Otite crónica do ouvido
médio;
-
Presbiacusia (Perda de audição induzida pela idade);
-
Drogas
ototóxicas (Induzem lesões no ouvido);
-
Perda de audição induzida por
ruído.
Perda de audição induzida por ruído
A OMS estabeleceu
que o limite entre uma audição segura e uma com riscos é nos 90 dB.
Contudo, é de salientar que este valor encontra-se dependente de cada
indivíduo e do tempo de exposição ao ruído. Por exemplo, uma exposição a
80dB, 1h/dia, durante 5 dias/semana, causa a mesma quantidade de danos.
Neste valor, as ondas sonoras começam a danificar diretamente a cóclea,
ou indiretamente, dado que causam vasoconstrição, o que diminui a
irrigação sanguínea da estrutura, causando lesões.
É possível
distinguir 2 tipos de ruído: ocupacional e social. O primeiro é
caracterizado pelo ruído emitido pela profissão do indivíduo e sempre
foi reconhecido como uma das causas de surdez ou hipoacusia permanente,
pelo que em décadas recentes foi criada bastante legislação a nível
europeu, de modo a reduzir os impactos causados por este ruído. Por
outro lado, o segundo é muitas vezes subestimado, começando a gerar uma
certa preocupação a nível das autoridades de saúde, atendendo a grande
utilização de discotecas e leitores de música pelos jovens.
Uma
ida à discoteca sujeita os nossos ouvidos a níveis sonoros de 104-112
dB, enquanto que o uso de auriculares reproduz 80-115 dB, devido a ser
introduzido diretamente no canal auditivo externo. Apesar da crença
comum, a influência do tipo de música nas lesões causadas é de tal modo
pequena, que se considera insignificante.
Efeitos
A exposição
a ruído através de um auricular, na sua potência máxima de 120dB, num
curto período de tempo (1-2h) causa uma hipoacusia temporária de cerca
de 30dB. Uma exposição mais prolongada (variando de dias a anos) irá
causar, por ordem de progressão:
Apesar de alguns destes sintomas poderem ser temporários, a maioria irá
acompanhar o indivíduo para o resto da sua vida
Prevenção
Existem diversas formas de prevenir a surdez induzida pelo ruído. A
prevenção não implica que não possas sair e ir à discoteca, mas sim que
tenhas em conta não ficar perto das colunas e não ir com tanta
frequência, de modo a evitar uma exposição contínua e prolongada. Já
quando se ouve música com auriculares deve-se tentar ter sempre o volume
entre os 50-60%, de modo a não ultrapassar a barreira dos 80-90dB. Para
quem possui atividades de lazer como a caça, ou qualquer outra que
implique uma alta exposição a ruído, a OMS recomenda o uso de proteções
auditivas.
Apesar da boa audição ser muitas vezes tomada como
garantida, recomenda-se que cada um de nós tenha o cuidado de
salvaguardar a sua audição, caso contrário, um dia, mais cedo ou mais
tarde dependendo do grau de exposição, poderemos ser incapazes de ouvir
música ou de entender a mais simples das palavras.
Para saber
mais…
Prof. Isabel Cristina, Abel Nicolau e José Faria (12BT1)
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