FALAR SAÚDE Nº 33: Música sim, ruído não

Prof. Isabel Cristina, Abel Nicolau e José Faria (12BT1)
01/06/2012

A época de exames está à porta e com ela a ansiedade aumenta. Procura-se colmatar lacunas, rever o que se estudou, ou até iniciar aquele trabalho que deveria ter sido implementado ao longo de todo o ano letivo.

blueimp Gallery
Veja todas as imagens na GALERIA DE IMAGENS disponível no fim desta página.
Rubrica GOVCIC 02 de Março de 20
 

 

  Rubrica
Falar Saúde
1 de Junho de 2012

 

 

 

 

 


A música é a lei moral. Dá alma ao Universo, asas à imaginação, assim como alegria e encanto à vida e a tudo o resto..
Platão


Falar Saúde Nº 33
Música sim, ruído não

A época de exames está à porta e com ela a ansiedade aumenta. Procura-se colmatar lacunas, rever o que se estudou, ou até iniciar aquele trabalho que deveria ter sido implementado ao longo de todo o ano letivo. Enfim, seja qual for a situação, os alunos procuram o que acreditam ser o melhor método de estudo para si, num contexto agradável, seja em casa, na escola ou no café. O que parece que muitos não dispensam são os auriculares com aquela música que os ajuda a manter o foco. Na maioria dos casos, e porque não são egoístas, todas as pessoas à sua volta também a conseguem ouvir. Mais tarde ou mais cedo, quem vai deixar de ouvir é o aficionado da música em “altos berros”.

Esta situação é muito preocupante uma vez que a exposição a ruído excessivo é a causa de surdez crónica mais facilmente evitável, representando um terço da surdez existente em países desenvolvidos e com especial incidência nos jovens.


O que é a audição?

A audição é a capacidade que os seres vivos possuem de perceber o som, através de vibrações, sendo um dos 5 sentidos convencionados. O ouvido encontra-se dividido no ouvido externo, médio e interno. As ondas mecânicas do som são direcionadas para o ouvido externo, através do pavilhão auditivo, onde seguem pelo canal auditivo externo até que atingem uma membrana, o tímpano, fazendo-a vibrar. Esta vibração vai ser propagada através de movimentos mecânicos pelo ouvido médio, por intermédio dos ossículos (martelo, bigorna e estribo) que, por sua vez, vão embater na cóclea, uma estrutura em forma de espiral, que contém os órgãos de Corti, órgãos especializados na tradução de vibrações mecânicas em sinais elétricos, prontos a serem enviados pelo nervo auditivo para o encéfalo onde serão integrados.

A surdez e a hipoacusia (diminuição da capacidade auditiva) podem ser causadas por diferentes fatores. Contudo, entre os principais encontram-se:

  • Surdez congénita;

  • Otite crónica do ouvido médio;

  • Presbiacusia (Perda de audição induzida pela idade);

  • Drogas ototóxicas (Induzem lesões no ouvido);

  • Perda de audição induzida por ruído.


Perda de audição induzida por ruído

A OMS estabeleceu que o limite entre uma audição segura e uma com riscos é nos 90 dB. Contudo, é de salientar que este valor encontra-se dependente de cada indivíduo e do tempo de exposição ao ruído. Por exemplo, uma exposição a 80dB, 1h/dia, durante 5 dias/semana, causa a mesma quantidade de danos. Neste valor, as ondas sonoras começam a danificar diretamente a cóclea, ou indiretamente, dado que causam vasoconstrição, o que diminui a irrigação sanguínea da estrutura, causando lesões.

É possível distinguir 2 tipos de ruído: ocupacional e social. O primeiro é caracterizado pelo ruído emitido pela profissão do indivíduo e sempre foi reconhecido como uma das causas de surdez ou hipoacusia permanente, pelo que em décadas recentes foi criada bastante legislação a nível europeu, de modo a reduzir os impactos causados por este ruído. Por outro lado, o segundo é muitas vezes subestimado, começando a gerar uma certa preocupação a nível das autoridades de saúde, atendendo a grande utilização de discotecas e leitores de música pelos jovens.

Uma ida à discoteca sujeita os nossos ouvidos a níveis sonoros de 104-112 dB, enquanto que o uso de auriculares reproduz 80-115 dB, devido a ser introduzido diretamente no canal auditivo externo. Apesar da crença comum, a influência do tipo de música nas lesões causadas é de tal modo pequena, que se considera insignificante.


Efeitos

A exposição a ruído através de um auricular, na sua potência máxima de 120dB, num curto período de tempo (1-2h) causa uma hipoacusia temporária de cerca de 30dB. Uma exposição mais prolongada (variando de dias a anos) irá causar, por ordem de progressão:

  • Hipoacusia ligeira;

  • Tinito (zumbido);

  • Diminuição da compreensão da fala;

  • Hipoacusia aguda;

  • Problemas vasculares no ouvido;

  • Vertigens;

  • Surdez crónica.

Apesar de alguns destes sintomas poderem ser temporários, a maioria irá acompanhar o indivíduo para o resto da sua vida


Prevenção

Existem diversas formas de prevenir a surdez induzida pelo ruído. A prevenção não implica que não possas sair e ir à discoteca, mas sim que tenhas em conta não ficar perto das colunas e não ir com tanta frequência, de modo a evitar uma exposição contínua e prolongada. Já quando se ouve música com auriculares deve-se tentar ter sempre o volume entre os 50-60%, de modo a não ultrapassar a barreira dos 80-90dB. Para quem possui atividades de lazer como a caça, ou qualquer outra que implique uma alta exposição a ruído, a OMS recomenda o uso de proteções auditivas.

Apesar da boa audição ser muitas vezes tomada como garantida, recomenda-se que cada um de nós tenha o cuidado de salvaguardar a sua audição, caso contrário, um dia, mais cedo ou mais tarde dependendo do grau de exposição, poderemos ser incapazes de ouvir música ou de entender a mais simples das palavras.

Para saber mais…


Prof. Isabel Cristina, Abel Nicolau e José Faria (12BT1)

 

GALERIA DE IMAGENS