Se alguém gosta de se coçar, não nos agradecerá se curarmos a sua comichão.
Morris West
Falar Saúde Nº 36
O fim da picada
Com a chegada do Verão criam-se as
condições perfeitas para a proliferação dos mosquitos. Apesar de
Portugal não ser um país conhecido por epidemias de doenças associadas
às picadas de mosquitos, existem regiões que, pelas suas características
de calor, humidade, vegetação e águas paradas, permitem o
desenvolvimento de espécies capazes de as transmitir. Assim, no caso de
optarem por destinos de férias “cá dentro”, com propensão para a
presença de mosquitos, será importante obterem informações sobre os
mesmos, de modo a prevenirem o seu “ataque” bem como tratar as malditas
picadas.
Os mosquitos alimentam-se basicamente do néctar das
plantas, mas as fêmeas podem também alimentar-se de sangue de animais.
Os mosquitos não dependem de sangue para sobreviver, porém, o sangue é
necessário na produção e desenvolvimento dos seus ovos. A maioria dos
mosquitos é mais ativa nos períodos da manhã e no final da tarde, quando
há menos calor, sendo estes horários os mais prováveis para se receber
uma picada.
Os mosquitos são capazes de reconhecer odores e
apresentam predileção por alguns tipos de pessoas em relação a outras.
Geralmente são substâncias presentes no suor e na pele que atraem os
mosquitos. Uma substância já reconhecida é o dióxido de carbono. Não é
impossível que duas pessoas permaneçam num mesmo local povoado por
mosquitos e apenas uma delas sofra picadas, ou ainda, uma sofra inúmeras
picadas e a outra apenas uma ou duas. Não se sabe bem porquê, mas os
mosquitos têm predileção por homens, pessoas obesas, grávidas e pessoas
com sangue tipo O. O corpo quente e suado também parece atrair mais os
mosquitos.
Antes de sugar, os mosquitos injetam a sua própria
saliva, que apresenta propriedades anticoagulantes, impedindo a
coagulação do sangue que será ingerido. É esta saliva que costuma causar
as reações alérgicas típicas das picadas de mosquito. Na maioria dos
casos, a reação à picada é pequena e localizada, sendo os sintomas da
picada de mosquito apenas uma pequena elevação avermelhada na pele com
intenso prurido (comichão). Os sintomas da picada costumam surgir em 20
minutos e podem causar comichão até 2 dias. Quanto mais sensível a
pessoa é à saliva do mosquito, mais extensa e mais intensa costuma ser a
reação à picada. Ao longo da vida vamos ganhando resistência às picadas,
o que torna as reações menos intensas. É nas crianças que as picadas de
mosquito costumam causar mais sintomas.
Além das reações
alérgicas e da possível transmissão de doenças por algumas espécies de
mosquito, uma outra complicação passível da picada é a infeção
secundária causada pelo ato de coçar as lesões. Se o indivíduo coçar a
pele com muita força, pode causar lesões, abrindo portas de entrada para
as bactérias da pele em direção ao interior do organismo. Diabéticos,
por exemplo, são um grupo de risco para desenvolverem infeções de pele
secundárias a picadas de mosquitos.
Como evitar as picadas?
É
essencial reduzir a população de mosquitos à nossa volta. Deitar fora
qualquer tipo de água parada que possa servir como reservatório para os
ovos de mosquitos. Evitar deixar as janelas abertas no início da manhã e
no final da tarde. Se o calor for muito, usar redes para evitar a
entrada de mosquitos. Se a temperatura do ambiente permitir, evitar
andar com pouca roupa no final da tarde.
Os repelentes servem
para diminuir a atração do mosquito pela sua pele. Devemos dar
preferência aos que possuem DEET na sua fórmula. O DEET já é usado há
mais de 40 anos como repelente e ainda é o mais efetivo de todos. As
fórmulas com DEET 10% podem ser usadas em crianças acima de 2 anos. Os
repelentes podem ser aplicados na pele e na roupa. O DEET 10% confere
proteção por cerca de 2h enquanto o DEET 30% o faz por até 5h. Este
repelente não deve ser administrado mais do que 3x por dia e deve-se
evitar uso diário e prolongado do mesmo.
Uma opção para quem
prefere produtos naturais é o óleo de eucalipto e limão, que apresenta
eficácia semelhante ao DEET 10%.
Durante a década de 1960 um
trabalho mostrou que o consumo de vitamina B1 poderia produzir odores na
pele que manteriam as fêmeas do mosquito afastadas. Até hoje,
entretanto, não foi publicado mais nenhum outro trabalho científico que
confirmasse tal resultado, o que significa que não há evidências claras
de que a vitamina B1 seja efetiva contra as picadas de mosquitos
Produtos eletrónicos e por ultrassons vendidos como repelentes não
apresentam comprovação científica da sua eficácia. Apenas os aparelhos
de tomada que libertam inseticida (líquido ou pastilha) são eficazes em
ambientes fechados, mas devem ser evitados em quartos com bebés, devido
ao risco de intoxicação.
Como tratar as picadas?
As picadas de
mosquito, na grande maioria dos casos, não acarreta maiores
complicações, porém, pode ser muito incómoda, principalmente se forem
múltiplas. O mais importante é evitar o coçar frequentemente, pois as
unhas podem causar feridas na pele, facilitando a infeção secundária por
bactérias.
Se a comichão for muito intensa, deve colocar-se uma
compressa de gelo no local. Se não for suficiente, é possível usar
algumas substâncias tópicas que aliviam. Uma simples é a mistura de
bicarbonato de sódio com água, de forma a criar uma pasta. Algumas
alternativas incluem a solução de calamina ou o gel Fenistil®. Pomadas
com corticoides também podem ser usadas. Se as picadas forem múltiplas
ou houver estrófulo (inflamação e alergia da pele), o uso de
anti-histamínicos orais é uma solução.
Sitio consultado:
http://www.mdsaude.com/2011/07/picada-mosquito.html
Prof. Isabel Cristina
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