O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe.
Abel Salazar
Falar Saúde Nº 42
Yin & Yang
No passado dia 22 de novembro foi aprovada
uma proposta de lei sobre as terapêuticas não convencionais, acupuntura,
homeopatia, osteopatia, naturopatia, fitoterapia e quiropraxia, que
estabelece que estas só podem ser praticadas por quem tenha formação
superior e cédula profissional com registo público. Esta lei segue as
orientações da Organização Mundial de Saúde e já aguardava
regulamentação desde 2003.
A propósito desta temática e para nos prestar
alguns esclarecimentos úteis, a minha aluna Célia Freitas do 12ºBT2
entrevistou alguém bem conhecido de todos nós, o professor Ernesto
Sebastião, a quem agradecemos muito a disponibilidade. O que nem todos
sabem é que, para além da educação física, o interesse do professor
Ernesto pela acupuntura levou-o a formar-se na APA-DA-UMC (Associação
Portuguesa de Acupuntura e Disciplinas Associadas – Universidade
Medicina Chinesa Dr. Pedro Choy).
Prof. Isabel Cristina
O nosso corpo é visto como um delicado
equilíbrio de duas forças opostas e inseparáveis: o yin representado
pelos aspetos frios, lentos ou passivos da pessoa e o yang representado
pelos aspetos quentes, excitados ou ativos. Só se consegue a verdadeira
saúde se estas duas forças estiverem em equilíbrio. Se não for esse o
caso, dá-se um bloqueio na fluidez do Qi (pronunciado “chee”), que só
pode ser desbloqueado pelo uso da acupunctura.
Praticada na China e noutros países asiáticos
há milhares de anos, a acupunctura é uma das disciplinas da Medicina
Tradicional Chinesa.
Célia: O que é a acupuntura e qual a
sua técnica?
Ernesto Sebastião: Acu = ponte
e puntura = colocar agulhas em partes diferenciadas do nosso corpo.
É uma técnica milenar chinesa, que começou a
ser usada para tratar determinadas patologias sempre que as pessoas
ficavam doentes e consiste em estimular certas regiões anatómicas
através de pontos de energia, podendo ser eles: o dedo, uma esfera
metálica, o calor, a eletricidade, o magnetismo, o laser… sendo que a
técnica mais utilizada, mais conhecida e mais prática recorre às
agulhas, visto que são muito finas e a sua introdução na pele é feita
através de técnicas de puntura.
C: Quais os riscos e quais as vantagens
ou desvantagens desta técnica?
E.S.: Na acupuntura não
existem “riscos”. Ou faz bem ou não faz nada. Porém, para que a prática
da acupuntura tenha os efeitos desejados, a escolha do especialista é
imprescindível e deve ser feita com bastante cuidado.
A acupuntura devia ser feita por todos nós,
visto que só traz vantagens tanto a nível físico como emocional, pois é
o equilíbrio/harmonia de uma pessoa. A única desvantagem é a falta de
conhecimento das pessoas, pois não sabem o bem que ela nos faz.
C: A acupuntura causa dor? A que
profundidade são colocadas as agulhas?
E.S.: Esta é sem dúvida
a pergunta mais pertinente visto que, apesar de se utilizar agulhas,
estas têm mais ou menos a espessura de um fio de cabelo, cerca de 10
vezes mais fina que uma agulha de injeção.
Os pontos de acupuntura estão localizados na
superfície da pele e normalmente as agulhas são inseridas desde 0,5cm a
2,0cm de profundidade. A profundidade de inserção dependerá da natureza
do problema a ser tratado, do tamanho do paciente, da sua idade, além da
formação e estilo de trabalho do acupuntor.
Em alguns pontos do corpo, após serem
punturados, sente-se uma pequena impressão de ‘formigueiro’, mas que com
o decorrer do tratamento desaparece.
C: Quantas vezes ou durante quanto
tempo se deve fazer a acupuntura?
E.S.: O primeiro
tratamento deve obedecer a um modelo em que o paciente deve fazer 12
sessões, 1 por semana ao longo de 3 meses, no caso de uma patologia
crónica. Já se for um tratamento agudo/plenitude deve fazer-se 2/3
tratamentos para amenizar a dor.
C: Quais os melhores pontos para
aliviar a tensão acumulada?
E.S.: No caso da tensão/stress
a acupuntura é bastante eficaz pois consegue pôr os níveis de stress em
equilíbrio, permitindo que uma pessoa se fique a conhecer melhor e a
saber regular-se cada vez melhor.
C: O que o levou a fazer este curso?
E.S.: Foi o facto de a
acupuntura ser natural e milenar. Vejo, no Oriente, técnicas naturais
para o equilíbrio profundo e harmonioso do ser humano, que é uma
ferramenta importante para cada um de nós e para o nosso bem-estar.
Célia - Para concluir, quero deixar uma
sugestão:
Experimentem a acupuntura, pois ela é a
medicina do futuro e ajuda a tratar problemas, tanto emocionais
(depressões) como físicos (dores musculares), sem ser necessário
utilizar produtos químicos e artificiais.
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