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Rubrica
Falar Saúde
31 de janeiro de 2013 |
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O café deve estar quente como o inferno, ser negro como o diabo,
puro como um anjo e doce como o amor.
Charles-Maurice
Falar Saúde Nº 45
Conversas de café
“Vamos tomar um café?” Já se perguntaram
quantas vezes utilizamos esta expressão na nossa vida social? Eu
confesso que nunca me ocorreu esta estatística, mas considero este
convite irrecusável em qualquer circunstância. Um café serve de desculpa
para encontros e desencontros, para falar de tudo ou, simplesmente, não
falar. Mesmo na correria do dia-a-dia há que fazer uma pausa e tomar um
café, pois a nossa saúde sairá a ganhar. E se alguém nos fizer
companhia… “é ouro sobre azul”!
O António Lage do 12BT2, meu aluno e grande
comentador desta rubrica desde o seu 10º ano, aproveitou esta
oportunidade para vos mostrar o outro lado do café, aquele mais
científico.
Prof. Isabel Cristina
Uns dizem ser amargo, outros afirmam
ser saboroso. O café, nos dias de hoje, torna-se um bem essencial para
uma manhã rentável. Vários estudos científicos apontam para o facto de o
café ser algo benéfico para a saúde humana, tanto a nível cardíaco como
respiratório e neurológico.
O café é um estimulador do nosso córtex
cerebral, visto ser constituído essencialmente por cafeína. Através do
sangue, a cafeína chega ao Sistema Nervoso Central (SNC), da qual o
córtex faz parte, ligando-se a estruturas da célula que captam a
adenosina (composto energético). Embora este diminua o funcionamento da
célula, a cafeína tem um efeito oposto, estreitando os vasos sanguíneos
do cérebro, daí a sua presença em alguns medicamentos para as dores de
cabeça.
Outro modo de ação da cafeína é pelo bloqueio
de uma enzima, que tem como função gastar um composto energético, ou
seja, há um aumento da concentração desse composto dentro da célula.
Assim, os efeitos da adrenalina persistem por mais tempo e, com o
aumento da atividade do cérebro, o corpo irá agir como se estivesse numa
situação estranha, levando à libertação de adrenalina, que irá causar
comportamentos como a taquicardia, dilatação da pupila, aumento da
pressão arterial, abertura dos tubos respiratórios (daí alguns
antiasmáticos conterem cafeína), aumento do metabolismo e contração dos
músculos, menor quantidade de sangue a chegar ao estômago e aumento da
secreção da uma enzima que utiliza a gordura como fonte de energia. Este
último efeito promove uma resistência à fadiga.
Serão precisas mais pesquisas mas já se
especula que o café tenha algum peso na prevenção de doenças como o
Alzheimer, Parkinson, cancro no cólon ou problemas cardíacos,
respiratórios e enxaquecas.
Não obstante, nem tudo é um mar de rosas e isso
aplica-se, também a esta substância. O consumo desta pode causar o
aparecimento de novas doenças ou até mesmo agravar as já existentes. Em
doses muito elevadas (mais de 250mg – duas a três chávenas de café), a
cafeína irá promover a libertação de cálcio no interior das células o
que desencadeia pequenos tremores involuntários, aumento da pressão
arterial e da frequência cardíaca. Para além disto, um dos problemas do
café é, sem dúvida, a sua dependência, provocada pelo aumento da
concentração de dopamina (um agente de comunicação entre neurónios,
estando relacionada com o prazer) no sangue (assim como as anfetaminas,
a cocaína e a heroína), por diminuir a captação desta no SNC.
Obviamente, o efeito da cafeína é muito menor que o da heroína e de
outras drogas embora o mecanismo de ação seja o mesmo.
É importante reter, de toda esta conversa de
cafetaria, que o importante é moderar o consumo de café, para preservar
a sua sanidade e, desta forma, evitar problemas de saúde futuros.
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