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Rubrica
Falar Saúde
4 de março de 2013 |
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No início você toma uma bebida, depois a bebida toma uma bebida, depois a bebida toma-o a si.
Scott Fitzgerald
Falar Saúde Nº 47
Bebidas: energéticas ou isotónicas?
Quem nunca passou a noite inteira acordado para
estudar, para acabar um trabalho ou mesmo numa festa? Nestas situações
parece que o dia tem poucas horas, mas mesmo assim é necessário muita
energia para aguentar tanto tempo! O corpo também precisa de repouso.
Foi a pensar nisto e em outras alternativas ao café que foram criadas as
bebidas energéticas, de forma a recarregar as baterias das pessoas.
Hoje em dia, estas bebidas são compradas por
pessoas de diversas idades e usadas para variados fins, até mesmo por
atletas que desejam melhor desempenho.
As bebidas energéticas contêm cafeína, que é um
estimulante do sistema nervoso central (SNC). A cafeína presente nestas
bebidas encontra-se em elevada quantidade, sendo por isso o seu
principal ingrediente ativo, induz uma sensação de energia sem fim e
ausenta as sensações de cansaço. Esta falsa energia sentida não tem
correspondência com as calorias realmente disponíveis no corpo, sendo
este desequilíbrio perigoso, sobretudo em práticas desportivas de
elevada intensidade.
A cafeína é tolerada por pessoas saudáveis, se
o seu consumo for moderado, mas pode provocar nervosismo,
irritabilidade, ansiedade, insónia, disritmias, palpitações, desconforto
gástrico, náuseas, vómitos, dor abdominal, alteração do estado de
consciência, paralisia, alucinações, aumento da pressão intracraniana,
edema cerebral, convulsões e até a morte. Consumir uma bebida energética
mais quatro cafés, geralmente, leva-nos a ultrapassar a dose segura da
cafeína (400 mg diários). Doses de 1g/dia levam a sintomas agudos e o
consumo de 5-10g/dia pode ser fatal.
Outro componente destas bebidas é a taurina
(curiosamente é daqui que resulta o nome Red Bull, já que esta tem uma
cor avermelhada), que é um aminoácido natural no ser humano e em alguns
alimentos, mas sempre em pequenas quantidades, ao contrário do que
acontece nas bebidas energéticas onde apresenta valores excessivamente
elevados (uma lata de Red Bull tem tanta taurina como 500 taças de
vinho). Estes valores aumentam os efeitos dos estimulantes e a
frequência cardíaca.
Outros componentes são: glucoronalactona,
guaraná, hidratos de carbono, vitaminas, minerais, muitos açúcares,
efedrina e piruvato. Mas será vantajosa a ingestão destas bebidas?
Desde que o seu consumo seja ocasional e moderado, não haja abusos de
outras fontes de cafeína e não se faça misturas com álcool, não será
prejudicial para os adultos.
Ao contrário das vantagens, as desvantagens são
muitas. As bebidas energéticas tendem a mascarar os efeitos do álcool,
dando a sensação de segurança, por exemplo, a conduzir, mas esta mistura
pode mesmo levar à morte e, por isso, não se devem misturar. É preciso
ter cuidado também com alguns componentes destas bebidas como, por
exemplo, a efedrina, pois quando combinada com a cafeína pode causar
graves problemas cardíacos ou o piruvato que, em doses elevadas, leva a
problemas gastrointestinais. Estas bebidas estão associadas a um
considerável risco de desidratação e a outras complicações que podem ser
graves, não se conhecendo quaisquer benefícios terapêuticos.
Segundo Luciano Vacanti, um cardiologista
brasileiro, estas bebidas podem criar dependência do ponto de vista
físico e psicológico. “Isto também é uma constatação fácil de perceber
no consultório; atendo pessoas que relatam insegurança em fazer as
coisas sem as bebidas, que só se sentem bem após a sua ingestão”.
A cada ano surgem novas evidências que indicam
que o consumo exagerado deste produto pode resultar em problemas de
saúde, sobretudo do coração, por isso, quem tem problemas cardíacos e de
hipertensão deve evitar estas bebidas.
Em Portugal, a venda das bebidas energéticas é
livre, mas em alguns países esta venda já foi proibida de forma a evitar
que os adolescentes, e até mesmo pré-adolescentes, não comprem este
produto.
Vejamos agora as diferenças entre estas e as
bebidas isotónicas.
As bebidas isotónicas, ao contrário das
energéticas, não contêm cafeina nem taurina, sendo que os seus
ingredientes principais são dois: hidratos de carbono (fornecem energia
aos músculos) e sódio (mantém o equilíbrio de fluidos no organismo). A
concentração é essencial. Um isotónico deve ser composto 6 a 8% por
hidratos de carbono, pois nesse caso é absorvido mais rapidamente do que
a água. Também deve conter 50 mg de sódio por 100 ml de bebida, bem como
outros eletrólitos (tais como cloreto, potássio, cálcio e fósforo) em
quantidades reduzidas. Assim, as principais funções deste tipo de
bebidas são a reidratação, a reposição de eletrólitos e o fornecimento
de energia.
Este tipo de bebidas é importante sobretudo
para quem pratica exercício físico. A intensidade e a duração do esforço
físico são fatores decisivos na sua ingestão. Geralmente, a água é
suficiente em treinos curtos, já no caso de uma atividade física intensa
que dure mais de 60 minutos, é aconselhado um isotónico.
Por outro lado, o uso de uma bebida isotónica
só é justificado quando há perda de pelo menos 2% de massa corporal (por
transpiração) ao longo de todo o treino, o que pode ser calculado da
seguinte forma:
100 - (Massa corporal
depois do treino (Kg)×100 )
(Massa corporal antes do treino (Kg))
Esta fórmula também indica o volume de água (em
litros) a ser ingerido ao longo do treino.
Curiosamente, nem todas as bebidas desportivas
são isotónicas. Algumas podem ser:
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Hipotónicas: quando a sua percentagem em
glícidos ronda os 1 a 3%, o que facilita a absorção das mesmas pelo
organismo. Muito usadas por atletas que precisam de repor líquidos,
sem um reforço de hidratos de carbono. Jóqueis e ginastas usam este
tipo de bebida regularmente.
-
Hipertónicas: com mais de 10% de hidratos
de carbono, sobrecarregam o aparelho digestivo diminuindo a absorção
de fluidos. Por este motivo, o seu consumo durante o esforço físico
não é aconselhado. Recomendam-se para depois do exercício, pois
permitem um maior aporte de nutrientes.
Quanto às desvantagens das bebidas
isotónicas salientam-se as seguintes:
-
Perante um consumo regular, os elevados
níveis de acidez destas bebidas corroem o esmalte que reveste os
dentes desmineralizando-o de forma generalizada, alerta a Ordem
Portuguesa dos Médicos Dentistas.
-
O consumo sem indicação de um profissional,
a falta de exercício e a falsa ideia de que a bebida isotónica ajuda
a emagrecer, podem dificultar o processo de emagrecimento.
-
O aumento dos sais na corrente sanguínea
pode ser um fator desencadeador de sintomas de algumas doenças como
a hipertensão, a diabetes, doenças cardiovasculares e insuficiência
renal, refere Raul Santo de Oliveira, fisiologista desportivo.
Como podemos concluir, o consumo de bebidas
energéticas ou de bebidas isotónicas deve ser adequado a cada
circunstância e sempre sem exageros, uma vez que ambas apresentam
desvantagens, com destaque para as primeiras, e podem ainda criar
dependência. Em alternativa, o melhor será procurar alimentar-se bem,
dormir de acordo com suas necessidades e não abdicar do exercício físico
regular.
Mykola Stasyuk e Ronaldo Barbosa, 12BT2
Prof. Isabel Cristina (revisão cientifica).
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