"Eu tive de poupar dinheiro para pagar os meus piercings e as minhas
tatuagens. É um processo dramático, longo e lento para um piercing
cicatrizar e o corpo se ajustar a ele.“
Elaine Davidson
Falar Saúde Nº 56
Piercings
Segundo o Livro Guinness dos Recordes,
Elaine Davidson é a mulher com mais piercings (do inglês to pierce, que
significa furar) no corpo. A quantidade dos seus enfeites foi aumentando
ao longo dos anos e, em março de 2012, já se contabilizavam mais de 9000
em toda a sua extensão corporal, interna ou externamente.
Nasceu no Brasil, é casada com um homem sem
piercings e costumava ser enfermeira, hoje gere uma loja de
aromaterapia.
Para quem tiver curiosidade de saber qual
é o seu aspeto sugerimos a consulta do link
http://www.youtube.com/watch?v=5G74Kbi1oNs, desde que a sua
sensibilidade assim o permita.
A Elaine, dizem, não bebe nem consome drogas de
que natureza for. Então o que a terá levado a perfurar todo o seu corpo?
Moda, mania ou doença? Seja qual for a justificação está no seu direito.
Tudo teve início há mais de 5000 anos com as
primeiras tribos da raça humana. Estas começaram com a atribuição de
significados sagrados para o uso deste adorno, contudo na sociedade
moderna é apenas uma questão de excentricidade e criatividade e embora
muita gente tenha a ideia de que colocar um piercing é um processo fácil
e que qualquer pessoa o pode fazer, não é verdade.
Um mau profissional pode pôr em causa o seu
bem-estar e o do cliente. Devido a este tipo de conceitos houve um
crescimento no número de lojas com funcionários que não possuem a
formação essencial para executarem este género de trabalho,
comportamentos que são a causa do aumento dos riscos de infeção,
transmissão de doenças, sangramento prolongado, dor e inchaço, dentes
danificados e/ou ferimentos nas gengivas (mais associados a piercings na
zona da boca e língua) e de interferência com o normal funcionamento de
um órgão, uma vez que por si só esta já é considerada uma técnica
arriscada.
Antes, durante e após o
procedimento
Assim sendo, antes de qualquer tipo de
procedimento deve-se desinfetar previamente o local em questão do corpo
da pessoa e ter atenção à esterilização dos materiais que vão ser
utilizados e o método que vai ser posto em prática.
A cicatrização após aplicação de um piercing
começa com um processo de epitelização do tecido em volta do adereço –
através da formação de um novo tecido queratinizado. Ao mesmo tempo é
comum a produção de líquidos ou secreções de cor branca, transparente ou
um amarelo esbatido resultado da reação do sistema imunológico ao corpo
estranho. Por outro lado, é necessário ter em conta que cada tecido tem
um diferente tipo de processo cicatrizante, variando no tempo em que
este se processa.
Devemos ter em conta que os piercings podem,
ainda, ser constituídos por vários tipos de materiais. O ideal será usar
aqueles que são constituídos por titânio, por serem os menos reativos e,
assim, não serem tão suscetíveis de alergias ou inflamações e não o ouro
ou o aço cirúrgico, como normalmente se costuma dizer.
Alargadores
Os alargadores são outros dos adereços que
agora “estão na moda”. O seu uso tem como objetivo alargar o furo que
foi previamente feito (tal como o próprio nome nos sugere). Os lóbulos
das orelhas são o local mais frequente, sendo que, por vezes, pode levar
ao aparecimento de queloides (saliência espessa na pele devido à
proliferação anormal de células), tal como qualquer furo.
Existem maneiras de nos livrarmos
da marca deixada por um piercing ou alargador?
A resposta a esta pergunta é sim. Os piercings
não deixam uma marca tão profunda e tão irremediável no nosso corpo como
as tatuagens. Quando retiramos um adereço do nosso corpo a marca por ele
deixada por ser corrigida através da cicatrização natural do organismo
da pessoa ou através de cirurgia.
Um outro olhar sobre este assunto…
Na perspetiva da medicina alternativa, o uso de
piercings não é apoiado pelos seus fiéis, pois a nossa orelha é o centro
de comando do nosso corpo, refletindo o nosso estado fisiológico e
patológico, sendo que, cada ponto desta controla uma atividade do nosso
organismo. Como tal, se afetarmos um destes pontos vamos estar a
estimular de forma descontrolada um certo mecanismo ou a produzir o
efeito contrário, a inibir. Por exemplo, é muito comum furar-se o lóbulo
da orelha, o que pode causar problemas oculares ou paralisias faciais,
distúrbios no sono, vertigens, alterações de concentração ou emocionais.
Outro exemplo é o furo do antítrago (pequena saliência triangular da
orelha), que pode diminuir o apetite sexual ou ainda o piercing no
umbigo, que é um furo que se situa ao longo do meridiano do estômago, ou
seja, pode causar problemas neste órgão. São vários os fundamentos desta
Medicina e são já muitos os que se convertem aos seus ensinamentos.
Cabe, agora, a cada um de nós decidir o que é
melhor para si!
Nota adicional: Este
artigo foi desenvolvido em conjunto com a ex-aluna do curso de
Biotecnologia Marta Almeida, que ingressou este ano letivo, no ensino
superior, no curso de Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas Dr.
Abel Salazar.
Prof. Isabel Cristina
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