FALAR SAÚDE Nº 59: Nas urgências… só urgências!

Prof. Isabel Cristina
21/01/2014

As notícias televisivas deste fim de semana deram-nos conta, recorrentemente, da “afluência anormal de utentes” aos hospitais da região de Lisboa ...

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Rubrica GOVCIC 02 de Março de 20
 

 

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Falar Saúde
21 de janeiro de 2014

 

 

 

 

 


O discernimento consiste em saber até onde se pode ir.
Jean Cocteau


Falar Saúde Nº 59
Nas urgências… só urgências!


As notícias televisivas deste fim de semana deram-nos conta, recorrentemente, da “afluência anormal de utentes” aos hospitais da região de Lisboa e de que “algumas pessoas com pulseira amarela estiveram sete horas à espera para serem atendidas”. Parece que o cenário não foi tão negro nos hospitais do Porto e Algarve.

De imediato assolou-me o tão esperado “porquê?!”. Será que a crise demitiu todos os médicos e enfermeiros deste país? Será que se trata de mais um surto de gripe, de um tipo tão esquisito, que lá vamos nós para mais um plano de contingência? A resposta é bem mais simples e nada nova.

De facto, estamos num período gripal com direito a surtos e a Direção Geral de Saúde prevê uma "transmissão explosiva" de casos de gripe, ou seja, há o risco de um maior contágio nas próximas duas semanas, porque há duas estirpes de gripe em circulação, que podem atingir grande parte da população portuguesa e não apenas os mais velhos e as crianças.

Mas, por outro lado, a principal razão de tal entupimento das urgências prende-se com a falta de discernimento entre o que é uma urgência e o que não é. Cerca 50% da população que procura uma urgência quando não se justifica, não só espera longos períodos de tempo depois da triagem, como dispersa os profissionais de saúde no atendimento verdadeiramente urgente. Segundo Francisca Delerue, médica e diretora do serviço de urgência do Hospital Garcia de Orta, dores crónicas, gripes e constipações são algumas situações mais frequentes que “não justificam de todo” uma ida ao hospital.

Muito importante é também referir que, frequentemente, saímos das urgências com mais doenças (por exemplo, gripe) do que aquelas com que chegámos!


Então como proceder quando nos sentimos doentes?

Devemos procurar, em primeiro lugar, o nosso médico habitual, no Centro de Saúde ou particular, que nos encaminhará, se assim o entender, para o hospital, devidamente credenciados. Outra opção é ligar para a linha Saúde 24, onde um enfermeiro nos pode orientar e, em caso de necessidade, referenciar-nos também para o hospital, através de fax. Os doentes que já chegam referenciados ao hospital têm prioridade dentro da cor em que ficam.

Sendo assim, uma ida direta às urgências deve ser justificada, isto é, apenas se tivermos:

  •  Dor intensa no peito ou qualquer outra dor intensa e persistente;

  •  Perda temporária de visão e dor de cabeça;

  •  Perda de consciência depois de uma pancada na cabeça;

  •  Debilidade ou incapacidade repentinas de se mexer ou falar;

  •  Possibilidade de intoxicação, de sobredosagem de medicamentos ou estupefacientes;

  •  Lesões na cabeça e nos olhos;

  •  Envolvidos num acidente de viação com ferimentos ligeiros;

  •  Febre alta;

  • Ferimentos e hemorragias graves;

  •  Tosse ou vómitos com sangue;

  •  Possibilidade de fraturas;

  •  Convulsões;

  •  Numa situação de aborto espontâneo ou gestação com hemorragia vaginal;

  •  Em trabalho de parto.

Deixo-vos com os contactos fundamentais para emergências e aproveito para relembrar que, em época de gripe, devem cobrir o nariz e a boca durante a tosse e o espirro, de preferência com um lenço de papel de uso único, deitar ao lixo os lenços imediatamente depois de utilizados e, de seguida, lavar bem as mãos com água e sabonete líquido (em alternativa, usar um desinfetante à base de álcool). Cuidem-se.

Número Nacional de Emergência Médica: 112
Centro de Informação Antivenenos: 808 250 143
Saúde 24: 808 24 24 24

Prof. Isabel Cristina

 

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