Acidentes acontecem até nas melhores famílias.
Charles Dickens
Falar Saúde Nº 64
Primeiros Socorros: No CIC
Na sequência do artigo anterior resolvi
falar-vos de mais algumas situações acidentais, em que qualquer um de
nós pode atuar e minimizar as consequências nefastas para as vítimas.
Lembrei-me, em concreto, de casos ocorridos no colégio, comigo ou com
colegas meus, durante uma aula ou até mesmo durante uma visita de
estudo. Mais uma vez é importante referir que todos nós temos a
sensibilidade, mesmo que inconsciente, para distinguir situações
ligeiras de situações muito graves, o que nem sempre sabemos é como
atuar. Vamos ver então o que fazer em situações simples que dispensam
uma chamada desnecessária para o serviço de emergência médica.
Hemorragia nasal
Define-se hemorragia como o escoamento de
sangue para fora dos vasos sanguíneos. A perda de sangue pelo nariz ou
epistaxis, é uma hemorragia exteriorizada que ocorre espontaneamente ou
em consequência de uma pancada no nariz.
Neste caso devemos:
1º Colocar a vítima com a cabeça direita, no
alinhamento do corpo, não inclinada para a frente, para evitar o aumento
do fluxo de sangue à região do nariz, ou para trás, para prevenir a
aspiração de sangue para a via aérea;
2º Comprimir com os dedos polegar e indicador
em pinça, apertando as extremidades das narinas, durante cerca de 10
minutos.
3º Aplicar gelo no local, mas não diretamente
sobre a pele;
4º Se a hemorragia não parar rapidamente, ou se
recomeça, a pessoa deve ser encaminhada para o hospital, pois a perda de
sangue pode ser sinónimo de um outro problema no organismo.
Queimaduras simples
As queimaduras são lesões provocadas por
diferentes fatores: o calor, o sol, a fricção, a eletricidade, produtos
químicos, etc. Existem queimaduras de 1º, 2º e 3º graus, sendo que as
duas ultimas são feridas e o seu maior perigo é a infeção.
Aquelas que podemos tratar imediatamente são as
queimaduras simples, ou seja, a queimadura de 1º grau pouco extensa, por
exemplo a placa vermelha provocada por um excesso de exposição ao sol e
a minúscula queimadura de 2º grau, como a pequena bolha provocada por
uma queimadura de cigarro ou pela fricção do calçado.
Nestes casos devemos:
1º Arrefecer a queimadura o mais possível com
água (não muito fria) da torneira ou do chuveiro;
2º O arrefecimento deve durar pelo menos 5
minutos ou até a sensação de dor desaparecer;
3º Aplicar um produto que permita proteger e
regenerar a pele, rico em vitamina A, ou com ação antibiótica (Biafine,
Bepanten ou Halibut, por exemplo);
4º Aplicar um penso húmido (pano ou compressa)
por cima;
5º Não furar as bolhas;
6º No caso da queimadura solar, beber água em
abundância.
NOTA: No caso das queimaduras causadas por
produtos químicos (situação que pode ocorrer nos nossos laboratórios) a
única ação que devemos tomar, enquanto aguardamos por ajuda
especializada, será lavar a região afetada com água corrente, não muito
fria, durante pelo menos 15 minutos.
Desmaios
O desmaio, ou a sensação de perda de
consciência, pode ter várias causas, mas as mais comuns são a diminuição
da tensão arterial ou da glicemia (açúcar no sangue), esforço excessivo,
ambientes abafados, estar de pé durante muito tempo ou dor intensa.
Neste caso devemos:
1º Segurar a vítima, evitando que caia, sem
apoio, no chão;
2º Deitar a vítima no chão com a cabeça virada
para o lado e levantar-lhe as pernas a cerca de 30 ou 40 centímetros;
3º Aplicar uma compressa fria na testa,
molhando qualquer tecido limpo em água gelada, por alguns minutos;
4º Se a vítima não recuperar a consciência em
menos de 3 minutos, chamar uma ambulância;
5º Se a vitima recuperar, oferecer um copo de
água com uma colher de açúcar, uma bolacha ou pão, para ajudar a
contrariar a baixa de açúcar no sangue que pode ter levado ao desmaio;
6º Vigiar a vítima até que recupere
completamente;
Caso a vítima ainda não tenha desmaiado, mas
existam sintomas de que isso possa ocorrer, recomenda-se que a vítima se
sente e mantenha a cabeça entre os joelhos.
Nos casos de episódios repetidos de desmaio, o
indivíduo deve consultar um clínico geral para avaliar as causas e
indicar o médico especialista mais apropriado para fazer o tratamento.
Prof. Isabel Cristina
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