|
|
|
Rubrica
Falar Saúde
13 de maio de 2014 |
|
O álcool não leva as pessoas a fazerem melhor as coisas; ele faz com
que elas fiquem menos envergonhadas ao fazê-las mal.
William Osler
Falar Saúde Nº 65
Calorias vazias
A famosa “Queima das Fitas”, nome porque é
conhecida a semana académica em muitas das universidades do nosso país,
é uma festa estudantil do ensino superior e que acontece habitualmente
no mês de maio. Infelizmente, nem sempre é lembrada pelas melhores
razões, sendo que os excessos aparecem no topo da lista dos
acontecimentos menos bons. Um desses excessos está, sem dúvida, no
consumo de álcool.
Apesar de vulgarmente apelidarmos de “álcool” a
substância química que encontramos nas bebidas alcoólicas, ele é apenas
um dos álcoois conhecidos, o etanol. Este faz parte de uma família
numerosa, que inclui membros como o metanol, que é venenoso, ou o
etilenoglicol, usado como anticongelante. O etanol é o único da família
produzido para consumo humano desde o início da civilização.
São vários os efeitos que o álcool pode ter no
nosso organismo. O consumo moderado de álcool não é considerado
prejudicial, há mesmo estudos que sugerem que o álcool consumido em
pequenas quantidades tem efeitos positivos sobre o aparelho
cardiovascular. Já o consumo excessivo está claramente associado a
problemas que incluem, entre outros, a hipertensão, a demência
prematura, a falência do fígado e problemas de desempenho sexual. O
álcool é um bom exemplo de que “é a dose que faz o veneno”.
Hoje o destaque vai para o efeito do álcool no
aumento do peso. Espero que não se surpreendam, mas… o álcool engorda!
O álcool é uma fonte de calorias vazias, ou
seja, fornece muitas calorias, porém pouco ou nenhum nutriente essencial
à nossa saúde. Podemos mesmo chamar-lhe “junk food”. Por exemplo, uma
dose de vodka ou de whisky tem cerca de 100 calorias e uma lata de
cerveja (33 cl) tem 96 calorias. Ou seja, se estão a tentar perder
gordura, o melhor é pensar duas vezes antes de beber, sobretudo as
chamadas “bebidas brancas”.
Para além do valor calórico, o álcool também
diminui o nosso metabolismo, pois interrompe uma das etapas da
respiração celular, impedindo as gorduras de serem degradadas. Por
outras palavras, metabolismo lento, menor gasto de calorias, logo maior
acumulação de gordura.
Como se não bastasse o álcool desidrata o
organismo. Esta desidratação diminui em cerca de 20% a síntese proteica,
além de que atrapalha várias outras funções do organismo, pois todas as
reações ocorrem em meio aquoso.
Para que entendam melhor, vejam como se dá o
processamento do álcool no nosso corpo:
-
Após beber o primeiro copo, 25% desse
álcool vai direto para a corrente sanguínea, o resto fica no
intestino delgado.
-
A velocidade de absorção dessa
quantidade depende de alguns fatores, como a quantidade de comida no
estômago (com o estômago cheio, a velocidade de absorção do álcool é
menor), a quantidade de hidratos de carbono na bebida (espumantes,
que possuem muito açúcar, são absorvidos mais rapidamente) ou o seu
teor alcoólico (quanto mais álcool na bebida, mais rápida a
absorção).
-
Por fim, cerca de 98% do álcool é
processado no fígado, os outros 2% são eliminados pela urina, suor e
respiração.
Recordo que o género feminino tem aqui uma
desvantagem acrescida. As mulheres têm menos desidrogenase (enzima que
degrada o álcool) do que os homens e, por isso, metabolizam o álcool
mais lentamente. Elas também têm menos água no organismo (52%, contra
61% nos homens), o que significa que o corpo dos homens dilui mais o
álcool, mesmo se os dois tiverem o mesmo peso.
Apesar disto os homens não se ficam a rir:
quanto mais álcool no sangue, menos testosterona!
Prof. Isabel Cristina
|