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Rubrica
Falar Saúde
01 de junho de 2014 |
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Tomará alguém fogo no seio sem que as suas vestes se incendeiem?
Bíblia
Falar Saúde Nº 67
Segunda pele
Apesar do tempo incerto a que temos
assistido, mesmo depois da chegada do verão no dia 21 de junho, é
impossível resistir a uma ida à praia nos dias em que o sol nos convida
a sair de casa. O pior é as consequências desse encontro tão
estimulante: a exposição aos raios ultravioleta (UV).
Todos os anos, a cada verão que começa, somos
alertados para os cuidados a ter no sentido de nos protegermos dos
efeitos nefastos resultantes da exposição solar, mas nem sempre nos
lembramos de os pôr em prática e acabamos por ser um pouco negligentes.
Aplicar protetor solar tem sido uma das medidas
de proteção mais difundidas, mas é apenas uma das muitas que devem ser
adotadas em simultâneo. Usar roupa adequada é outra medida muito eficaz,
com a vantagem de não ser necessária a constante reaplicação, mas
infelizmente nem todas as pessoas têm essa noção.
Lembro que a exposição aos raios UV acontece
não só quando se apanha sol na praia, mas também sempre que se pratica
um desporto ao ar livre, durante a jardinagem ou, simplesmente, durante
um passeio. Nestes casos o vestuário é fundamental na proteção.
Os têxteis e a proteção solar
Os materiais têxteis assumem cada vez mais
funcionalidades que lhes vão conferindo novas aplicações, nos mais
variados domínios quase sempre com o objetivo último de melhorar o
conforto e a performance do ser humano em atividades ou ambientes
específicos. No caso do vestuário e das soluções “sombra”, como toldos
ou chapéu-de-sol, estes materiais são na grande maioria dos casos a
principal barreira, se não a única, entre a nossa pele e a radiação UV,
sendo que esta função protetora pode ser maximizada se tivermos em conta
a forma como determinadas características térmicas do material têxtil
influenciam o grau de proteção que o mesmo nos garante. Aspetos como a
composição, a cor, o tipo de estrutura e a contextura são determinantes
no grau de proteção alcançável.
No entanto nem todos os tecidos apresentam uma
boa capacidade para proteção solar e vários fatores interferem neste
resultado. De uma forma geral, o grau de proteção, que um tecido
proporciona frente aos efeitos adversos da luz solar, é comumente
descrito pela sigla FPU – Fator de Proteção Ultravioleta.
Os tecidos apresentam um grau variável de FPU,
uma vez que a exposição de um tecido ao sol pode resultar em:
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os raios solares são refletidos pelo
tecido, transmitidos (penetram no tecido);
-
os raios solares são absorvidos
(ficam retidos nas malhas do tecido).
Assim, os fatores que influenciam o grau de
proteção solar dos tecidos são:
-
Design: quanto maior for a parte
coberta de pele, maior a proteção. São exemplos as mangas longas,
golas altas, viseiras e chapéus de abas largas.
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Tipo: tecidos de fibras sintéticas,
como o poliéster e a poliamida, oferecem uma proteção (FPU 30) mais
elevada do que os tecidos de fibras de algodão.
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Trama: um tecido plano (camisa)
protege mais do que um tecido de malha (t-shirt), pois quanto mais
apertada for a malha, menor a quantidade de radiação que atravessa o
tecido.
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Cor: os tecidos escuros protegem mais
do que os tecidos claros, pois as cores claras transmitem a radiação
UV para a pele e refletem a radiação IV (infravermelhos). São, por
isso, mais frescas, mas conferem menor proteção contra os UV. Já as
cores escuras transmitem a radiação IV para a pele e refletem a
radiação UV. Conferem, por isso, maior proteção contra os UV apesar
de serem mais quentes.
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Humidade: um tecido seco protege mais
do que um tecido molhado.
Exemplo de uma escala crescente de proteção
Curiosidade…
Tecidos de alta tecnologia são fabricados com
dióxido de titânio e já fazem parte das ferramentas de proteção de
algumas pessoas. Todos eles fabricados com muita sofisticação e estilo,
oferecendo conforto e proteção solar, pois são confecionados com fios
sintéticos (poliamida).
Existem algumas roupas em que o FPU pode chegar
a 100, comparando-se a um excelente protetor solar. Mesmo após várias
lavagens, a substância não sai da roupa, pois um aditivo é inserido no
fio durante o processo de fabricação. As roupas também possuem uma ação
que evita a proliferação de bactérias, sem alterar o equilíbrio natural
da flora bacteriana da pele.
Prof. Isabel Cristina
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