|
|
|
Rubrica
Falar Saúde
02 de fevereiro de 2015 |
|
O meu corpo é um jardim, a minha vontade o seu jardineiro.
William Shakespeare
Falar Saúde Nº 76
Mania da magreza
Atualmente, as dietas de emagrecimento têm
muitos adeptos que, por vezes, se tornam verdadeiros obcecados. A
questão que se impõe é: até que ponto esta obsessão pode tornar-se
perigosa para a saúde e de que forma? Para esclarecer esta dúvida, nada
melhor de que um artigo da “Superinteressante Brasil”, que tive a
oportunidade de ler e do qual transcrevo alguns parágrafos.
“Qualquer pessoa consegue inventar uma dieta de
emagrecimento, capaz de se transformar em “best-seller” e engordar a
carteira com dinheiro. Que tal a dieta do chocolate, da lasanha ou das
três colheres de feijoada em cada refeição? Alfredo Halpern, professor
da Universidade de São Paulo, afirma «Na verdade, qualquer regime para
emagrecer, emagrece. Mas ninguém pode passar o resto da vida, única e
exclusivamente, a comer feijoada, por exemplo». Esse é o problema número
um de todas as chamadas dietas de moda, que fizeram ou ainda fazem
sucesso: elas não podem ser seguidas por tempo indefinido. A médio ou a
longo prazo, prejudicam o organismo, especialmente daqueles que, de
facto, não precisam perder peso. Magrinhos com mania da magreza é o que
não falta.” (…)
“As dietas de moda não têm fundamento
científico”, adverte Halpern. "Seguidas à risca, elas quase sempre levam
ao emagrecimento rápido, mas também podem causar uma anemia",
exemplifica. No fundo, todos sabem de cor qual seria o regime ideal:
comer um pouco de cada tipo de alimento (verduras, legumes, carnes,
frutas e cereais), em horários adequados para as refeições, sem abusar
de doces nem de fritos. Sucesso garantido. Mas as pessoas acabam por
apelar àquelas dietas que prometem fazê-las perder, numa semana, os
quilos conquistados em meses. "Se alguém faz uma dieta cheia de
restrições, há cerca de 90% de hipóteses de recuperar o peso perdido mal
volte a ter uma vida normal. Justamente, porque não aprendeu a dispor
com moderação de todo tipo de comida presente no quotidiano."
Quando as formas do corpo se alargam e encolhem
sucessivamente feito um acordeão, graças a diversos regimes fracassados,
a pessoa tende a não regressar ao seu antigo ponto de partida na
balança, ficando mais gorda após cada tentativa frustrada de ser magra.
Engordar significa rechear determinadas células, os adipócitos, com
moléculas gordurosas, que correm no sangue. Redondos, os adipócitos
lembram balões, capazes de aumentar dez vezes de volume, elasticidade só
comparável à das células da superfície da pele. Quando chegam ao limite
máximo de armazenamento de gordura, elas dividem-se ao meio, em vez de
rebentar.
Se o organismo é submetido a um regime severo
para emagrecer, estes reservatórios de gordura esvaziam-se, porém a sua
quantidade é mantida. Assim, é como se os adipócitos aguardassem o
primeiro deslize alimentar para ficarem inchados novamente. Quando as
moléculas de gordura entram na circulação sanguínea, uma enzima chamada
lipoproteína lipase (LPL) trata de arrastá-las para dentro dos
adipócitos famintos, só que, onde antes havia uma única dessas células,
passam a encontrar-se duas. Se o fenómeno do ioió da balança se repetir,
existirão quatro, oito, e assim por diante. Esta progressão é acusada
pela fita métrica, marcando uma cintura mais grossa a cada final mal
resolvido da dieta.
“(…) «Os maiores inimigos, nessas horas, são os
conceitos falsos», opina a nutricionista Mónica Beyruti. A maior fonte
de "falsos conceitos", de acordo com a definição da nutricionista, são
os famosos alimentos dietéticos. Em geral, são produtos em que o açúcar
foi substituído pelos não calóricos ou adoçantes. "Só por não conterem
açúcar não significa que não engordem", esclarece Mónica. Ao compararmos
uma barra de chocolate normal e outra, do mesmíssimo tamanho, de
chocolate dietético, nota-se que os ingredientes gordurosos aproximam os
dois produtos, em termos de calorias, o que os faz engordar quase tanto
o mesmo.
As calorias são unidades de energia que
determinada comida gera no organismo. Na economia do corpo humano, o
peso permanece inalterado quando a quantidade de energia gasta, seja num
piscar de olhos à elaboração de um pensamento, empata com a quantidade
de energia obtida nas refeições. Se o consumo de energia é maior do que
a sua aquisição, o corpo emagrece. Por outro lado, a pessoa engorda se
ingere mais calorias do que o seu organismo queima para funcionar.
Parece uma matemática simples, mas o organismo de diferentes pessoas
consome combustível de forma diferente. (…)
Apenas cinco em cada cem gordinhos ou mesmo
peso pesados, feito os obesos, têm alguma disfunção nas glândulas que
controlam o que entra e sai de energia do corpo, como a tiroide
encarregada de governar o metabolismo. Por exemplo, as mulheres, na
menopausa, têm maior tendência a engordar porque a produção das hormonas
tiroidianas fica mais lenta. (…)”
Prof. Isabel Cristina
|