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Dispersão
Título: “Dispersão”
Autor: Mário de Sá-Carneiro
Editora: Presença Modo/género literário:
Lírico
A obra poética de Mário de Sá Carneiro,
intitulada “Dispersão”, apresenta-se como um diário, onde o poeta
vai reportando os sentimentos antagónicos e, maioritariamente,
disfóricos que o sobressaltam, momentos antes da sua morte.
Mostra-se, assim, pertinente referir as
duas realidades antagónicas criadas pelo “eu”. A primeira remete-nos
para um mundo idealizado, de sonhos e fantasias (“A minh' alma
nostálgica de além” – página 7) onde o sujeito poético se sente
confortável, lutando incessantemente por atingi-lo (“Alastro, venço,
chego e ultrapasso; / Sou labirinto, sou licorne e acanto.” – página
9).
Em oposição a este mundo místico, existe o
real e o concreto, que assombram o “eu” com sentimentos negativos,
como a melancolia, a solidão e tristeza (“Mas a vitória fulva
esvai-se logo... / E cinzas, cinzas só, em vez de fogo... / - Oh de
existo que não existo em mim?” – página 13), provocando nele o
desejo de morrer a fim de atingir a paz de que necessita (“Parti.
Mas logo regressei à dor, / Pois tudo me ruiu…” – página 44).
Para concluir, considero esta obra um dos
“tesouros” da Literatura Portuguesa, uma vez que o “eu” procurou, na
sua poesia, combater a solidão a partir de um relato intimista,
sentimental e bastante confessional, vendo no leitor um amigo.
Sugestão de leitura da aluna Brígida
Malheiro, do 11.º C
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