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Rubrica
Falar Saúde
19 de março de 2015 |
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Conheça o inimigo e a si mesmo e você obterá a vitória sem qualquer
perigo; conheça o terreno e as condições da natureza, e você será sempre
vitorioso.
Sun Tzu
Falar Saúde Nº 78
Colo inimigo
Todos os dias, vejo alunos sentados, nos
corredores do Colégio, com os computadores portáteis no colo. Não sei se
sabem do perigo que correm ou se, simplesmente, não têm a noção das
consequências que daí podem advir a longo prazo. De facto, o seu futuro
pode estar comprometido ao nível da fertilidade devido ao calor vindo do
equipamento, especialmente nos rapazes.
Esta questão foi levantada já há alguns anos,
mas só em 2010 foi realizado o primeiro estudo que o comprova
cientificamente. O estudo foi publicado na revista “Fertility and
Sterility” e contou com uma amostra de 29 jovens do sexo masculino.
Estes jovens tinham os portáteis apoiados nos joelhos e, na
investigação, foram utilizados termómetros para medir a temperatura dos
escrotos dos jovens.
Verificou-se que, após 10-15 minutos, a
temperatura do escroto estava acima do considerado seguro. E mesmo que
os jovens estivessem com um suporte sob o portátil, havia um rápido
sobreaquecimento, do qual os jovens não se apercebiam. É importante
salientar que, para que o processo de formação de espermatozoides
aconteça normalmente nos testículos, eles devem estar um grau abaixo da
temperatura do corpo. Se receberem muito calor, a produção de gâmetas
masculinos é comprometida.
Segundo o urologista da Universidade de Nova
Iorque e coordenador do estudo, Yelim Sheynkin, os portáteis devem
sempre ser usados em cima de uma mesa. Sheynkin refere ainda que
“milhões e milhões de homens usam portáteis hoje em dia, especialmente
na faixa etária mais propensa à reprodução”. Quando se apoia o portátil
no colo, a posição do utilizador é imóvel, isto é, fica com as pernas
imóveis e fechadas. Desta forma, quando se está uma hora nesta posição,
a temperatura dos testículos sobe 2,5 graus centígrados, segundo os
investigadores do estudo.
Um outro estudo realizado no Centro de Medicina
Reprodutiva na Argentina, em 2011, reforçou esta ideia, desta vez com o
foco nas radiações eletromagnéticas emitidas pelos portáteis. Em
concreto, foram recolhidas amostras de sémen de 29 homens saudáveis, com
idade média de 34 anos. A qualidade do esperma, medida pela
concentração, morfologia e mobilidade dos espermatozoides, foi
examinada.
Os espermatozoides viáveis foram selecionados
de acordo com a velocidade do seu movimento e divididos em dois grupos:
um dos grupos foi exposto durante quatro horas à radiação
eletromagnética de um computador portátil ligado à internet; e o outro
grupo ficou em condições idênticas, mas sem exposição ao portátil.
O estudo demonstrou que os espermatozoides
sujeitos à radiação do computador portátil perderam qualidades,
comparativamente aos espermatozoides do grupo que não foi sujeito às
radiações emitidas por este aparelho. Concluiu-se que um portátil
colocado perto dos genitais de um homem afeta negativamente a sua
fertilidade, sobretudo quando esse portátil está ligado à internet por
tecnologia “wireless”, já que a radiação que emite é bastante superior.
Fica o alerta!
Prof. Isabel Cristina
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