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Rubrica
Falar Saúde
13 de abril de 2015 |
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Ao sair de certas bocas, a própria verdade pode ter mau cheiro.
Jean Rostand
Falar Saúde Nº 79
Halitose
A halitose, ou mau hálito, é uma condição
anormal do hálito que se altera de forma desagradável. A palavra
halitose tem origem no latim: halitu que significa “ar expirado” e osi
que significa “alteração”. É, portanto, o cheiro desagradável expirado
pelos pulmões, boca e narinas.
Origem
A halitose não é uma doença, mas pode ser um
sintoma de certas doenças que afetam todo o organismo como um problema
no fígado, uma diabetes mal controlada ou uma doença dos pulmões.
Normalmente, o mau hálito é provocado por certos alimentos ou
substâncias que se tenham ingerido ou inalado, por uma doença dentária
ou das gengivas, ou pela fermentação de partículas de alimentos na boca.
A população portuguesa, entre 50 a 60%, sofre de mau hálito e mais de
75% dos casos têm origem oral.
Situação curiosa é a da halitose psicogénica,
isto é, a sensação de se ter mau hálito quando na realidade não se tem.
Este problema pode ocorrer em pessoas que têm tendência para exagerar as
sensações normais do corpo. Por vezes, a halitose psicogénica é
provocada por uma perturbação mental grave, como a esquizofrenia. Uma
pessoa com ideias obsessivas pode ter a sensação exagerada de se sentir
suja. Uma pessoa paranoica pode ter o delírio de que os seus órgãos
estão a apodrecer. Tanto uma como outra podem crer que têm mau hálito.
Tratamento
Antes de ser realizado um tratamento, é
essencial obter-se um diagnóstico etiológico (que determine a
origem/causa). A realização de tratamentos empíricos baseados em
suposições, sem fundamentação objetiva e criteriosa, é ineficaz. Numa
consulta de diagnóstico são recolhidos todos os dados do paciente, o
estado atual e os antecedentes médicos relacionados com todos os fatores
predisponentes e desencadeantes de halitose. Depois, são realizados
exames que podem incluir o estudo computorizado do hálito, o estudo da
saliva e função das glândulas salivares, e provas microbiológicas e
enzimáticas a partir de colheitas de placa bacteriana e de saliva.
Nos casos em que o mau hálito tem origem na
cavidade oral, as causas orgânicas podem ser corrigidas ou eliminadas.
Por exemplo, as pessoas podem deixar de comer alho ou melhorar a sua
higiene dentária. Escovagem correta de dentes e língua, utilização de
fio dental e colutórios (elixires para bochechar) adequados são
fundamentais no tratamento. Outro remédio é a ingestão de carvão
ativado, que absorve os cheiros.
No caso da halitose psicogénica, as pessoas
podem sentir-se aliviadas se um médico lhes garantir que não têm mau
hálito. Se o problema se mantiver, estas pessoas podem tranquilizar-se
consultando um psicoterapeuta.
Seja qual for a origem deste desconforto, numa
sociedade atual em que se atribui uma importância crescente à imagem
pessoal e às relações interpessoais, a halitose pode conduzir à
diminuição da autoestima e ser, inclusivamente, um fator perturbador das
atividades sociais, devendo, por esta razão, ser combatida.
Prof. Isabel Cristina
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