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Rubrica
Falar Saúde
03 de dezembro de 2015 |
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Ó Senhor Deus, lavo as mãos para mostrar que estou inocente. Com os
que Te adoram, ando em volta do Teu altar cantando um hino de gratidão e
falando das Tuas obras maravilhosas.
Salmo 26:7
Falar Saúde Nº 85
Ar ou papel?
Há muito que as toalhas de pano deixaram de
fazer parte da secagem das mãos em sítios públicos. Estas, a determinada
altura, foram “acusadas” de pouco higiénicas e potenciais fontes de
contaminação de microrganismos. Entretanto, surgiram os toalhetes de
papel e, mais tarde, os secadores elétricos. Mas será que estes, cada um
à sua maneira, vieram resolver os problemas da contaminação?
Para responder a esta questão, o professor Mark
Wilcox, da Faculdade de Medicina de Leeds, no Reino Unido, liderou uma
equipa de investigação que comparou a propensão de três métodos de
secagem das mãos conhecidos (jato de ar, secadores de ar quente e
toalhetes de papel descartáveis) na contaminação do ambiente, dos
utilizadores diretos e daqueles que se encontram no local/ wc.
Recorde-se a importância da lavagem das mãos no
controlo microbiológico, seja em que circunstância for, e que a sua
eficiência se deve à lavagem correta das mesmas. No entanto, secar as
mãos, depois de as lavar, é igualmente fundamental, pois existe uma
maior probabilidade de transmissão de microrganismos a partir da pele
molhada do que da pele seca.
O professor Wilcox e os seus colaboradores
procederam então à contaminação das mãos dos indivíduos envolvidos no
estudo com bactérias do género “Lactobacillus”, de forma a simular mãos
mal lavadas, que, seguidamente, foram submetidas à secagem num dos três
métodos referidos. Recolheram-se 120 amostras de ar, desde o método de
secagem até cerca de 1m de distância do mesmo. Foram também realizados
testes separados, durante os quais as mãos foram revestidas com tinta
para visualizar a dispersão de gotículas.
A contagem bacteriana no ar, perto dos
secadores de jato de ar, foi cerca de 4,5 vezes maior do que em torno do
secador de ar quente e 27 vezes maior quando comparada com o uso de
toalhetes de papel. O teste visual das manchas de tinta demonstrou que o
secador de jato de ar causou maior dispersão. Verificou-se também que as
bactérias permanecem no ar, depois do tempo de secagem de 15 segundos,
26% mais do que nos demais métodos. Constatou-se ainda que secar as mãos
com papel reduz, por fricção, o número médio de bactérias nos dedos, até
76%, e nas palmas, até 77%.
Perante estes resultados, as conclusões da
equipa foram as seguintes:
-
os secadores,
de jato de ar e de ar quente, têm maior potencial de contaminação do
que o papel;
-
os secadores de jato de ar são ótimos
secadores das mãos, devido à alta velocidade do ar, mas,
infelizmente, isso significa que as gotas de água, com
microrganismos, serão dispersas a distâncias mais longas, sendo que
alguns permanecem mais tempo em suspensão no ar;
-
os toalhetes de papel são a melhor solução,
porém isso não elimina a existência de boas práticas como a gestão
do lixo e uma boa eficiência na limpeza do dispensador;
-
seja qual for o método, os resultados
podem ser diferentes tendo em conta a contaminação inicial, ou seja,
o modo como as mãos foram lavadas.
Para aqueles que se preocupam também com o
ambiente, fica aqui a conclusão de um outro estudo que comparou os
secadores elétricos com toalhetes de papel, tendo em conta os cálculos
de gastos de energia na sua utilização: as toalhas de papel são mais
económicas do que os secadores elétricos, desde que o consumo não
ultrapasse as cinco unidades por secagem.
Não se esqueçam que o mais importante é, de
facto, lavar bem as mãos sempre que necessário, antes das refeições ou
depois de uma visita ao wc, e não permanecer com elas molhadas.
E.L. Best a, P. Parnell a, M.H. Wilcox-
Microbiological comparison of hand-drying methods: the potential for
contamination of the environment, user, and bystander. Journal of
Hospital Infection 88, 2014.
Prof. Isabel Cristina
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