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            |  | Rubrica Falar Saúde
 04 de abril de 2016
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		Se alguém gosta de coçar-se, não nos agradecerá se curarmos a sua 
		comichão.
 M.West
 
		
		Falar Saúde Nº 89
 Pediculose
 À primeira vista, poderíamos pensar que 
		“pediculose” se refere a alguma doença ou malformação dos pés, mas não. 
		A pediculose é a infestação da pele, cabelos e pelos do corpo causada 
		por… piolhos.
 São três as espécies de piolhos que parasitam 
		humanos: “Pediculosis humanus capitis” (couro cabeludo), “Pediculus 
		humanus corporis” (corpo) e “Phthirus pubis” (região púbica e, 
		ocasionalmente, as sobrancelhas e as pestanas). O “Pediculus humanus 
		capitis” é responsável pelo tipo de pediculose mais frequente.  Os piolhos da cabeça são insetos que se 
		caracterizam pelas suas reduzidas dimensões, entre 1 a 4 mm de 
		comprimento, e pela sua necessidade de parasitarem a pele humana para 
		sobreviverem: picam a pele e alimentam-se do sangue que chupam, 
		depositando os seus ovos nas raízes dos cabelos. Quando estes insetos 
		picam a pele, introduzem, juntamente com a sua saliva, uma substância 
		irritante que origina um intenso prurido (comichão) e, caso estejam 
		infetados por outros microrganismos, podem transmitir determinadas 
		doenças infeciosas, como, por exemplo, o tifo. Vive em média 30 dias, a 
		fêmea põe cerca de 10 ovos por dia, as lêndeas, que eclodem entre o 6.º 
		e o 10.º dia, e o piolho jovem torna-se adulto em 9 a 12 dias, 
		adquirindo a capacidade de se reproduzir.  Os piolhos não voam nem saltam, pelo que tem de 
		existir contacto direto para que ocorra contágio. No entanto, movem-se 
		muito rapidamente entre o cabelo e fogem com facilidade quando se aponta 
		alguma luz ou quando nos penteamos, sobretudo com o cabelo seco. Por 
		conseguinte, a melhor maneira de descobrir os piolhos é pentear 
		exaustivamente o cabelo molhado com um pente especial (com pouca 
		distância entre os dentes), uma boa luz e um fundo branco (uma toalha 
		sobre os ombros ou sobre o lavatório). O piolho adulto fêmea tem o 
		tamanho de um grão de sésamo e é de cor negra ou castanha avermelhada. 
		Os ovos localizam-se sobretudo atrás das orelhas ou na zona posterior da 
		cabeça, na nuca. Os “vivos” (com embrião) têm uma cor cinzenta 
		gelatinosa e encontram-se próximos do couro cabeludo. Os “vazios” 
		(lêndeas) são de cor branca e ficam mais afastados da raiz do cabelo. O 
		cabelo cresce cerca de 0,4 mm/dia e o ovo demora aproximadamente 8-10 
		dias a esvaziar (deixar sair o piolho jovem) e situa-se perto da raiz. 
		Portanto, qualquer ovo situado a mais de 1 cm do couro cabeludo está, 
		quase de certeza, vazio.  A pediculose é, infelizmente, um fenómeno que 
		tem vindo a aumentar, em particular nas escolas e quando a temperatura 
		aumenta. Alguns especialistas apontam como causa os mitos associados a 
		esta situação, nomeadamente que a presença de piolhos é sinónimo de 
		falta de higiene, o que não é verdade. Os piolhos da cabeça gostam de 
		cabeças e pronto! E não querem saber se estão limpas ou sujas (embora, 
		curiosamente, existam estudos que apontam para uma maior suscetibilidade 
		das “cabeças limpas”). É por vergonha que muitos pais não avisam as 
		escolas da descoberta de piolhos nas cabeças dos filhos e cada dia que 
		passa, sem combater o contágio, é mais um passo em frente rumo ao 
		descontrolo da infestação. A infestação por piolhos é a doença mais 
		frequente na infância a seguir à constipação, sendo inclusive mais 
		frequente do que as restantes infeções da infância juntas. Os alvos 
		preferenciais são sobretudo as raparigas entre os 5 e os 11 anos de 
		idade, devido ao contacto interpessoal mais próximo na comunidade 
		escolar. Apesar do piolho não ser um reconhecido vetor 
		de doença, a sua infestação origina um grande desconforto físico e pode 
		predispor, pelo prurido e consequente escoriação, a sobreinfeção 
		bacteriana das áreas envolvidas. Adicionalmente condiciona desconforto 
		psicológico, dada a conotação negativa inerente ao problema e social, 
		resultante do potencial absentismo escolar e laboral. Prevenção
 
			
			Aconselhar as crianças a não partilhar 
			objetos tais como pentes, escovas, ganchos, chapéus e peluches, pois 
			os piolhos podem viver por mais de dois dias nesses objetos;
			Utilizar touca de banho nas piscinas, pois 
			os piolhos são resistentes à água;
			Não esperar pela comichão! Esta pode 
			aparecer até duas semanas após o contágio. Por isso, torna-se 
			importante inspecionar a cabeça das crianças com alguma regularidade 
			e estar atento sobretudo às zonas mais húmidas e quentes, tais como 
			a nuca e atrás das orelhas. Tratamento
 
			
			Aplicar um produto antiparasitário 
			apropriado. As formulações que permitem a aplicação sobre o cabelo 
			seco proporcionam uma maior concentração do tratamento nas zonas 
			infetadas e evitam que a criança fique no banho durante o período do 
			tratamento;
			É também aconselhável aplicar o 
			antiparasitário nos restantes membros da família;
			Lavar a 60 °C escovas, pentes e todas as 
			peças de roupa que estejam em contacto direto com a cabeça, tais 
			como bonés, toalhas de banho, etc. Se o material não suportar esta 
			temperatura, deve ser fechado num saco de plástico hermético durante 
			2 semanas (tempo que um ciclo completo dos possíveis piolhos ou dos 
			respetivos ovos demora a completar até morrerem);
			Aspirar a casa e o carro, deitando fora o 
			saco do aspirador;
			Avisar a escola para alertar outros pais. Prof.ª Isabel Cristina
 
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