Ação de Formação para os Orientadores do SER+
Educar para a Interioridade

“O Projeto SER + é a pedra angular da nossa proposta de formação integral. Queremos acompanhar os nossos alunos a crescer e a desenvolver- se como pessoas, a assumir a vida com a intensidade e a entrega que ela exige. Queremos acompanhar e animar os alunos a liderarem a própria vida, a serem autónomos e proativos; que saibam escutar o seu interior e ler o mundo que os rodeia e, a partir daí, elaborar uma narrativa significativa da sua existência: um projeto de vida com sentido!”

Para nos ajudar a levar por diante esta missão, esteve connosco Elena Andrés Suarez, uma especialista espanhola em educação para interioridade, nos dias 18 e 19 de julho. Durante estes dois dias, todos os orientadores do Projeto SER + tiveram a oportunidade de aprofundarem, numa ação de formação, alguns conceitos e dinâmicas sobre a Interioridade, não só a vertente teórica, mas também fazendo algumas experiências da dimensão interior única presente em cada ser humano.

Num primeiro momento, relembrámos que o ser humano tem duas dimensões antropológicas: a sua interioridade (o “eu essencial”) e a sua exterioridade (o “eu existencial”). A necessidade de uma educação para interioridade surge na medida em que precisamos de ter uma exterioridade cada vez mais rica, mas saudável - uma é reflexo da outra.

O último quarto do século XX até ao momento presente caracteriza-se por uma fase de mutação histórica, sinónimo de que alguma coisa nova está a surgir; ganha força uma sociedade cientifico-técnica com pouca abertura para o mistério, uma sociedade que fundamenta a sua qualidade de vida no “ter”, uma sociedade ocidental cada vez mais marcada pelo sistema neoliberal, pelo capitalismo. Será que não é possível viver de outro modo de forma a inverter esta tendência? A alternativa é chamar o “SER” ao centro, sermos capazes de despertar nos alunos a capacidade de se escutarem, de escutarem o seu “eu profundo”, de se compreenderem e de compreenderem o mundo.

Conseguir que os jovens eduquem a sua interioridade é ajudá-los a estabelecer uma conexão equilibrada entre o “Eu” existencial e o “Eu” essencial, ajudá-los a escutar o “Eu” essencial, escutar os outros, escutar o mundo e conseguir construir um “Eu” existencial equilibrado que se possa traduzir em ações concretas no seu quotidiano assim como em decisões conscientes, responsáveis e éticas.

A verdadeira interioridade faz-nos seres humanos mais respeitosos e respeitadores, mais otimistas perante as vicissitudes da vida, mais amáveis e mais solidários, capazes de escutar o sofrimento da humanidade, procurando soluções e descobrindo o verdadeiro sentido da vida.
Num segundo momento, todos os orientadores SER + tiveram a oportunidade de realizarem alguns exercícios práticos de educação para a interioridade.

Por fim, a Elena Andrés Suarez deixou-nos uma pequena súmula do que foram estes dois dias, algumas “pistas”/objetivos para uma educação para a interioridade: a união das dimensões antropológicas do ser humano (o corpo, a mente e o coração devem caminhar unidos na mesma direção); a construção da unidade com os outros nas relações interpessoais e com o mundo (ético, político e ecológico); e a abertura à transcendência.

Para que este caminho seja bem sucedido, é necessário promovermos experiências e dinâmicas de forma a continuarmos a educar os nossos jovens a desenvolverem-se como pessoas na sua totalidade, pois, por entre as diferentes disciplinas que constituem o currículo dos alunos, existe um “rio imenso em cada um deles” – a sua interioridade.

Antes de encerrarmos esta ação de formação, o Superior Provincial da Congregação dos Missionários Claretianos do Imaculado Coração de Maria, Pe. Carlos Candeias, agradeceu a presença da Elena Andrés Suarez por esta partilha de conhecimentos e experiências, agradecendo também a todos os orientadores do projeto SER + que, durante estes dois dias, se disponibilizaram para se enriquecerem como seres humanos e como educadores, estando, desta forma, mais bem preparados para poderem levar por diante esta missão de educadores claretianos numa “escola de pessoas com projetos de vida com sentido”.

CIC