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Rubrica
Falar Saúde
12 de dezembro de 2016 |
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O amor é uma flor delicada, mas é preciso ter coragem
de ir colhê-la à beira de um precipício.
Stendhal
Falar Saúde Nº 101
Milagre da vida.
Porque é Natal, e porque faz parte do programa, visitámos, eu e os meus alunos de Biologia do 12.º ano, Kayla Silva, Juliana Fernandes, Diogo Duarte e Ricardo Silva, no passado dia 16 de novembro, o Centro de Procriação Medicamente Assistida (CPMA) da Maternidade Júlio Dinis, no Porto.
Este centro foi inaugurado no início de 2010 e é uma estrutura que integra laboratórios de embriologia, andrologia e criobiologia, podendo realizar todas as técnicas, como a inseminação artificial, fertilização "in vitro", criopreservação de gâmetas e embriões, entre outras, que visam obter uma gestação, substituindo ou facilitando uma etapa deficiente no processo reprodutivo.
Fomos recebidos, maravilhosamente, pelas Doutoras Márcia Barreiro e Carla Leal, a primeira é médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia e a segunda, Bióloga e Embriologista. Numa conversa, quase informal, fomos viajando entre os aspetos técnicos e os aspetos éticos e humanos, à qual se seguiu uma visita pelos laboratórios. Nestes, pudemos ver o armazenamento de gâmetas, por criopreservação, e as condições para se “fazer bebés” fora do corpo humano. Simplesmente… deslumbrante!
Estávamos já de saída quando nos apercebemos dos preparativos para o Dia Mundial da Prematuridade, que se celebra a 17 de novembro, desde 2009, em mais de 100 países. Ora, era impossível ignorar tal acontecimento porque as duas meninas nasceram prematuras e, como não há duas sem três, a minha filha também. Tratámos logo de eternizar o momento com a fotografia da praxe e com a partilha de memórias, as minhas e as que elas ouviram da boca das mães.
Um obstáculo diferente, mas, na mesma, um obstáculo para quem sonha com um bebé nos braços…
A prematuridade é um processo que afeta o desenvolvimento do bebé nascido antes de se terem completado 37 semanas de gestação. Se procurarmos no dicionário, veremos que a palavra “prematuro” tem origem no termo latino “praematurus”, de “prae” (antes) + “maturus” (maduro).
Em geral, desconhece-se a razão pela qual um bebé nasce prematuramente. No entanto, o risco de um parto prematuro é maior quando o cuidado pré-natal é inadequado, a nutrição é deficiente ou uma doença, ou infeção, não são tratadas durante a gravidez.
Em Portugal, 8 em cada 100 bebés nascem com menos de 37 semanas de gestação e 1% dos recém-nascidos tem menos de 1500 gramas. Os prematuros representam um terço da mortalidade infantil no nosso país.
O bebé prematuro nasce com uma "imaturidade" dos seus órgãos e sistemas (respiração, controlo da temperatura, digestão, metabolismo, etc.), o que o torna mais vulnerável às doenças e mais sensível aos agentes externos (luz, ruido, etc.), razões pelas quais estes bebés merecem uma atenção especial e adequada às suas necessidades.
Aproveito aqui para agradecer a todos os profissionais das Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais que eliminam barreiras e medos de modo a permitir que os pais possam rapidamente estabelecer com os filhos uma relação afetiva forte, tal é a desorientação nesses momentos.
E um obrigado, muito especial, à Dra. Olinda Rodrigues, médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade, que nos ajudou a organizar esta tarde tão enriquecedora.
Porque Natal é sinónimo de nascimento e de amor, nem sempre fáceis de conquistar, fica aqui a partilha dos “The famous five” (“Os cinco”, na versão portuguesa), de uma viagem de algum mistério e muita aventura, com os votos de que façam dos vossos medos a coragem para colher a flor à beira do precipício.
Feliz Natal!
Prof. Isabel Cristina
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