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Rubrica
Falar Saúde
03 de janeiro de 2017 |
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A verdade é como a malagueta: ela arde.
Provérbio Guineense
Falar Saúde Nº 102
Picante? Atreve-te!
A época natalícia é sinónima de exageros alimentares. E que bem que eles sabem…
O problema é quando deixamos de caber na roupa!
Existem variadíssimas sugestões de como regularizar e/ou desintoxicar o organismo, após os exageros, desde dietas mais ou menos complexas a um simples “beber muita água e andar a pé”, mas o melhor é consultar um nutricionista de modo a definir a melhor estratégia para cada um. Seja como for, independentemente da dieta selecionada, a perda de peso pode estar associada à ingestão de malaguetas o que, para quem aprecia o paladar deste fruto, é como juntar o útil ao agradável.
As malaguetas são frutos da família do tomate e da batata, oriundas das regiões tropicais da América e são usadas como um vegetal na confeção de molhos ou de pratos salgados. Existem centenas de tipos diferentes de malaguetas que se diferenciam pela cor, formato e nível de picante. A quantidade de picante presente nas malaguetas pode ser avaliada usando a escala de Scoville, que mede o grau/nível de ardência e pungência das pimentas. Esta escala situa a tradicional malagueta portuguesa mais ou menos a meio, um pouco depois encontramos o tabasco e, mais para o fim da lista, está a malagueta indiana “Bhut Jolokia” ou “ghost pepper”. A malagueta é muito utilizada em Angola, Cabo Verde, Brasil, Moçambique e Portugal, sendo também conhecida pelos nomes de gindungo, maguita-tuá-tuá, ndongo, nedungo e piri-piri.
O picante característico das malaguetas deve-se à presença de um composto químico chamado capseína e há estudos que comprovam que a ingestão de malaguetas está associada à perda de peso, porque a capseína tem a capacidade de regular o metabolismo, fazendo com que se verifique um aumento no gasto energético e uma consequente redução da gordura corporal. Apenas 6 gramas de pimenta podem queimar até 45 calorias.
Segundo outros estudos, a capseína também tem a capacidade para estimular o sistema nervoso, o que faz com que se verifique uma libertação das hormonas noradrenalina e adrenalina, provocando uma crescente redução de calorias, proteínas e gorduras na refeição seguinte. Não obstante estes factos, e apesar de a capseína ter apresentado resultados satisfatórios no combate à obesidade em ratos, são necessárias mais pesquisas para confirmarem estes resultados, e para definirem qual é a quantidade necessária para este componente atuar livremente, e responsavelmente, na saúde das pessoas.
A capseína parece estar igualmente associada à redução da inflamação e das dores relacionadas com artrite reumatoide e fibromialgia, bem como a um efeito anticancerígeno.
Para além da capseína, as malaguetas contêm também índices elevados de vitamina C, ácido fólico, betacaroteno (vitamina A), tocoferol (vitamina E), magnésio, ferro e aminoácidos, daí que sejam consideradas importantes no funcionamento do sistema imunitário, porque as suas características têm capacidade para estimular a circulação sanguínea e irrigar os órgãos.
Curiosidades:
- As malaguetas são conhecidas pelas suas características afrodisíacas, sendo muitas vezes chamadas de tempero do amor.
- A sensação de ardor desencadeada pelo picante é responsável por libertar substâncias analgésicas, como as endorfinas, fazendo com que a pessoa se sinta bem.
- As sementes são as principais responsáveis pelo ardor. Caso queira menos picante na culinária, opte por utilizar apenas a casca.
- Para acalmar a sensação de boca a arder, beba leite ou algum dos seus derivados. A caseína, substância presente no leite, elimina a capseína dos recetores nervosos localizados na boca.
- Segundo o livro do Guinness, de acordo com testes de 2013, a pimenta mais quente do mundo chama-se “Carolina Reaper”, sendo aconselhável colher com luvas e preparar com máscara protetora.
Com muito picante… Bom ano 2017 para todos!
Prof. Isabel Cristina
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