FALAR SAÚDE Nº 103: Doença silenciosa

Prof.ª Isabel Cristina
17/01/2017

Doença silenciosa, a doença de Crohn pode levar meses ou anos até manifestar os primeiros sintomas, o que a torna difícil de detetar e de diagnosticar...

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Falar Saúde
17 de janeiro de 2017

 

 

 

 

 


A cura está ligada ao tempo e às vezes também às circunstâncias.
Hipócrates


Falar Saúde Nº 103
Doença silenciosa


Doença silenciosa, a doença de Crohn pode levar meses ou anos até manifestar os primeiros sintomas, o que a torna difícil de detetar e de diagnosticar. Quando os sintomas se instalam, os doentes descrevem um universo de dores com um sofrimento que parece interminável. Não existe ainda uma cura, mas os tratamentos atuais parecem aliviar e controlar os sintomas.

Seguem-se algumas perguntas, e respetivas respostas, sobre esta doença e que podemos encontrar na página da internet da PROCTOS (Centro de Coloproctologia de Coimbra), um centro especializado no diagnóstico e tratamento médico-cirúrgico das doenças do cólon, reto e ânus.


O que é a doença de Crohn?

A doença de Crohn é um processo inflamatório crónico envolvendo principalmente o trato intestinal. Embora possa atingir qualquer parte do tubo digestivo, da boca ao ânus, afeta mais frequentemente a última parte do intestino delgado (íleo) e/ou o intestino grosso (cólon, reto e ânus). A doença de Crohn é uma situação crónica que pode reaparecer por várias vezes durante a vida. Alguns doentes têm longos períodos de remissão, algumas vezes por anos, permanecendo livres de sintomas. Não existe processo de prever quando a remissão pode ocorrer ou quando os sintomas irão reaparecer.


Quais os sintomas da doença de Crohn?

Devido ao facto da doença de Crohn poder afetar qualquer parte do intestino, os sintomas podem variar muito de doente para doente. Os sintomas mais comuns incluem a dor ou cólica abdominal, diarreia, febre, emagrecimento e distensão abdominal. Nem todos os doentes apresentam estes sintomas, podendo alguns mesmo nunca os manifestar. Outra sintomatologia pode incluir dor ou escorrência anal, lesões cutâneas, abcessos anorretais, fissuras e dor articular (artrite).


Quem é afetado?

Sendo certo que qualquer grupo etário pode ser atingido, a doença afeta principalmente adultos jovens entre os 16 e os 40 anos de idade. Afeta homens e mulheres em igual proporção, parecendo ser mais comum em algumas famílias. Cerca de 20% de pacientes com Crohn têm um familiar, mais frequentemente um irmão ou irmã, algumas vezes um Pai/Mãe ou filho, com alguma forma de doença inflamatória do intestino. Em Portugal, nos últimos anos, tem-se assistido a uma incidência crescente da doença. A doença de Crohn e uma patologia similar chamada colite ulcerosa são, habitualmente, agrupadas como doença inflamatória do intestino.


O que causa a doença de Crohn?

A etiologia exata é desconhecida. Hoje em dia, pensa-se ser devida a uma causa imunológica e/ou bacteriana. A doença de Crohn não é contagiosa, tendo uma ligeira tendência genética (hereditária).


Como é tratada a doença de Crohn?

O tratamento inicial é quase sempre médico. Não existe «cura» para a doença de Crohn, mas a terapêutica médica com o recurso a um ou mais medicamentos proporciona uma forma de a tratar, aliviando os seus sintomas. Em situações mais avançadas ou complicadas, a cirurgia pode ser recomendada. Quando ocorrem complicações como perfuração ou obstrução intestinal, hemorragia significativa, a cirurgia urgente pode algumas vezes ser necessária. Outras indicações menos urgentes para a cirurgia incluem a formação de abcessos, fístulas, atingimento anorretal severo ou persistência da doença apesar de tratamento médico corretamente efetuado. Nem todos os doentes com estas ou outras complicações necessitarão de ser operados, devendo a decisão ser tomada conjuntamente pelo seu gastroenterologista e cirurgião colorretal.


Deverá a cirurgia se evitada a todo o custo?

Apesar de ser verdade que a terapêutica médica constitui a 1.ª linha de tratamento, é importante ter presente que a cirurgia pode eventualmente vir a ser necessária em cerca de ¾ dos doentes. Muitos pacientes podem sofrer desnecessariamente devido a um receio errado de que a intervenção cirúrgica é perigosa ou conduzirá inevitavelmente a complicações. Embora a cirurgia não seja «curativa», muitos doentes nunca precisarão de voltar a ser operados. Hoje em dia, a cirurgia baseia-se numa opção conservadora, através de uma ressecção limitada ou plastia do segmento intestinal doente, preservando-se o máximo de intestino possível. A cirurgia proporciona frequentemente um efetivo alívio a longo-prazo da sintomatologia, muitas vezes eliminando ou reduzindo a necessidade de manter a terapêutica medicamentosa.


Prof. Isabel Cristina

 

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