Uma forma estranha de Amar

12.º AJ, via científica
14/02/2017

As pessoas têm maneiras distintas de encarar e tomar uma posição face à violência nas relações amorosas. A barbaridade pode estar mesmo à frente dos nossos olhos e, mesmo assim, evitamos vê-la, negamo-la, consideramo-la inexistente e irrelevante.

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O Internato

Uma forma estranha de Amar
“O amor é cego, e os namorados nunca veem as tolices que praticam.” William Shakespeare


As pessoas têm maneiras distintas de encarar e tomar uma posição face à violência nas relações amorosas. A barbaridade pode estar mesmo à frente dos nossos olhos e, mesmo assim, evitamos vê-la, negamo-la, consideramo-la inexistente e irrelevante.

A violência no namoro advém de muitas causas, que, no futuro, produzem inúmeras consequências, atingindo as vítimas, às vezes de uma forma subtil, potenciando a réplica dos episódios.

A verdadeira questão que se coloca é: o que leva as pessoas a agredirem aqueles que escolheram para amar? As respostas, se as houver, serão individuais.

Contudo, estudos científicos apontam para a interpretação de crenças e atitudes face ao fenómeno das relações pessoais, para a defesa contra abusos sofridos na infância, perturbações psicológicas e consumo de drogas ou álcool.

Como tudo na vida, as consequências da violência, neste particular contexto de fragilidade emocional, traduzem-se em marcas físicas e psicológicas de que se destacam as dores de cabeça, perda ou ganho excessivo de apetite e peso, nódoas negras no corpo e/ou no rosto, nervosismo, tristeza, ansiedade, sentimentos de culpa, baixa autoestima, depressão, isolamento, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis, baixo rendimento ou abandono escolar, medo, confusão mental e, numa fase avançada, suicídio. Acresce ainda, na violência no namoro, contrassenso linguístico, que a vítima revela tendência para perdoar, inebriada pela paixão ou pelo medo, perpetuando, desta forma, os ciclos de atrocidade.

O estudo nacional da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) sobre a prevalência da violência do namoro “envolveu 4667 jovens com idades entre os 13 e os 29 anos, dos quais 25,4% relataram ter sido vítimas de, pelo menos, um ato abusivo no último ano e 30,6% admitiu ter sido agressor. Em termos de vitimização, os comportamentos emocionalmente abusivos lideram (19,5%), seguindo-se os fisicamente abusivos (13,4%) e a violência física severa (7,6%).”

A legitimação da violência é mais visível “entre os participantes mais novos, com menor formação, e rapazes, que são educados para serem mais fortes, emocionalmente pouco expressivos, competitivos e dominadores face às suas parceiras”.

Percebe-se que, não obstante as campanhas de sensibilização, a violência no namoro é um problema social grave, para o qual é necessário redobrar atenção. Existe ainda muito “tabu” em torno deste problema, tornando- se fundamental romper o muro de invisibilidade e quebrar o silêncio. A violência no namoro é um ato de crueldade pontual ou contínuo e descreve um conjunto de comportamentos e/ou atitudes violentas cometido por um dos parceiros (ou por ambos), tendo como objetivo controlar, dominar ou ter poder sobre o outro. Pode ser física, psicológica e sexual, com origem em ciúmes ou na vontade irresistível de humilhar ou devido a ciúmes excessivos ou até mesmo humilhar a pessoa com que se namora.

Uma escola que investe em jovens com projetos de vida com sentido, dispõe-se a participar numa cultura de prevenção que promova relacionamentos saudáveis, e ajude os jovens a repudiar comportamentos violentos.

Denunciar, ajudar, repudiar, rima com amar, apoiar, sonhar…

Feliz dia dos namorados

A APAV, através da Linha de Apoio à Vítima (116 006, chamada gratuita) e da rede nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima, está disponível para apoiar.



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