FALAR SAÚDE Nº 106: Atenção, dorminhocos!

Prof.ª Isabel Cristina
06/03/2017

Sendo um lugar-comum, penso que todos sabem da importância do descanso através de um sono retemperante. A privação do sono pode, realmente, trazer consequências negativas para a nossa saúde, mas deixemos este tema para um próximo artigo.

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Falar Saúde
06 de março de 2017

 

 

 

 

 


Dormir é um modo interino de morrer.
Machado de Assis


Falar Saúde Nº 106
Atenção, dorminhocos!

Sendo um lugar-comum, penso que todos sabem da importância do descanso através de um sono retemperante. A privação do sono pode, realmente, trazer consequências negativas para a nossa saúde, mas deixemos este tema para um próximo artigo.

O que talvez nem todos saibam é que dormir demais também não é saudável. De facto, um estudo, recentemente publicado na revista científica “Neurology”, revelou que os indivíduos que dormiam 9 ou mais horas, regularmente, apresentavam o dobro da possibilidade de desenvolverem Alzheimer no espaço de 10 anos, em comparação com aqueles que dormiam normalmente menos de 9 horas por noite.

Liderado por Sudha Seshadri, docente de neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Boston, EUA, o estudo, que foi de larga escala, analisou dados de um outro estudo denominado “Framingham Heart Study” (FHS). O FHS tinha como objetivo identificar riscos de doença cardiovascular. Teve início em 1948, contou com a participação de 5209 mulheres e homens com idades compreendidas entre os 30 e 62 anos e residentes na localidade de Framingham.

Os investigadores deste estudo questionaram um número elevado de participantes no FHS sobre o número de horas que dormiam normalmente por noite. Esses participantes foram seguidos clinicamente durante 10 anos para verificar quem desenvolveu a doença de Alzheimer e outras formas de demência.

O grau académico parece também influenciar a proteção contra o risco de demência. ”Os participantes sem diploma da escola secundária, que dormiam mais de 9 horas por noite, apresentavam um risco seis vezes maior de desenvolverem demência no espaço de 10 anos, em comparação com participantes que dormiam menos”, adiantou Sudha Seshadri.

Recordo que a Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, sendo que “demência” é o termo utilizado para descrever os sintomas de um grupo alargado de doenças que causam um declínio progressivo no funcionamento da pessoa. É um termo abrangente que descreve a perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio, competências sociais e alterações das reações emocionais normais. Apesar de a maioria das pessoas com demência ser idosa, é importante salientar que nem todas as pessoas idosas desenvolvem demência e que esta não faz parte do processo de envelhecimento natural. A demência pode surgir em qualquer pessoa, mas é mais frequente a partir dos 65 anos. Em algumas situações, pode ocorrer em pessoas com idades compreendidas entre os 40 e os 60 anos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a demência atinge atualmente 47,5 milhões de pessoas, e novos 7,7 milhões de casos surgem anualmente. Estima-se que o mal de Alzheimer cause de 60% a 70% dos casos de demência.


Prof. Isabel Cristina

 

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