No âmbito da tão falada educação para a cidadania, que esta escola, com mais de 100 anos, sempre incentivou sem nunca precisar de blocos definidos, é preciso lembrar aos nossos jovens que a democracia dá trabalho e que é preciso o contributo de todos para que se feche a porta aos nacionalismos exacerbados, mascarados de populismo, como se do interesse do povo se tratasse, capazes de fazer repetir o que não pode ser esquecido – o discurso e prática do ódio que, calçado de pantufas, voltou a fazer sentido.
Ajudar a construir projetos de vida com sentido implica permitir maior conhecimento da História e dos valores e princípios fundamentais conquistados, insistindo na ideia de que qualquer sociedade democrática pode, rapidamente, deixar de o ser.
«Aprendam mais sobre a história dos conflitos mundiais ocorridos no último século para que não se deixem enganar com os mesmos erros, entendendo como é que o populismo se espalha. É importante que os jovens saibam como nasce um populismo. Penso em Hitler no século passado, que havia prometido o desenvolvimento da Alemanha. Sabemos como começam os populismos: semeando o ódio. Não se pode viver semeando ódio.
Hoje existe a Terceira Guerra Mundial em pedaços. Olhem para os locais dos conflitos: falta de humanidade, agressão, ódio entre culturas e tribos, também uma deformação da religião, este é o caminho do suicídio, semear ódio. É um preparar a Terceira Guerra Mundial que está em andamento aos pedaços e acredito não exagerar nisto.»
Papa Francisco, 23 outubro de 2018
Ao comemorarmos os cem anos do Armistício, tivemos oportunidade de partilhar com os nossos alunos que, não obstante a prosperidade europeia, a ordem mundial é cada vez mais caótica, os valores universais estão em processo de autodestruição.
«Os demónios do passado podem regressar, prontos a cumprir as melhores obras de caos e mortes. As novas ideologias manipulam as religiões, e defendem um obscurantismo contagioso. A História ameaça- nos, por vezes, de retomar o curso trágico e de comprometer as nossas heranças de paz que julgávamos definitivas. Adicionemos esperanças em vez de combater medos.»
Emmanuel Macron, Presidente da República Francesa,11 de novembro 2018
É desconcertante, mas necessário, falar sobre os retrocessos na consciencialização sobre os Direitos Humanos, sobretudo na Europa onde a questão deveria assumir-se já como “um não assunto”.
«O discurso de ódio já está presente em Portugal, já há laivos de populismo, que está a ver se consegue ganhar tração e fazer caminho. Já está cá e é preciso que as pessoas estejam muito atentas para não se deixarem enganar. As pessoas já têm consciência de que os Direitos Humanos são assuntos de todos, todos os dias, mas há interesses que procuram manipular a opinião pública e conseguem fazê-lo muito rapidamente através das redes sociais. Isso é preocupante. Há interesses, não condizentes com os Direitos Humanos, a quem interessa demonizar os Direitos Humanos e quem os defende para conseguir avançar as suas ideias.»
Pedro Neto, Diretor da Amnistia Internacional Portugal, 17 de novembro de 2018
As Nações Unidas comemoram, ao longo deste ano, os 70 anos da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro de 1948), efeméride a que se associam, em Portugal, as comemorações dos 40 anos da adesão à Convenção Europeia dos Direitos Humanos (9 de novembro de 1978) e da ratificação (15 junho de 1978) dos pactos internacionais de direitos civis e políticos e de direitos económicos, sociais e culturais, que lhe dão força jurídica.
É mais um momento importante, ao qual o Colégio Internato dos Carvalhos se associa, procurando mobilizar a escola para a sempre pertinência de olhar o futuro sem esquecer as memórias do passado que nos trouxeram até hoje.
“Auschwitz sempre!” é um projeto de estudo que será desenvolvido ao longo do ano letivo e que será partilhado com a Comunidade Educativa. Partilhados serão também os registos efetuados na deslocação à Polónia dos alunos do 12.º ano da via científica de AJD, acompanhados dos professores CIC que se queiram associar.
Também aqui somos Missionários Claretianos, do nosso tempo e ao nosso jeito.
“Auschwitz sempre!”, relembrar para não esquecer.
Os alunos da via científica do 12.º AJD e a Prof.ª Maria José Queirós