"A ideia de Nação é um dos anestésicos mais potentes inventados pelo homem. Sob a sua influência, o povo inteiro pode levar a cabo o seu programa sistemático de egoísmo virulento sem ter a menor consciência da sua perversão moral." (Rabindranath Tagore, 2017)
Porque os Direitos Humanos são um assunto de todos e por todos, e porque os alunos e os professores podem, de facto, mudar o mundo, percorramos algumas áreas de estudo da nossa escola, procurando perceber de que modo contribuíram, à época, para a perpetuação do ideal nazi.
Marketing:
Em 1933, Hitler estabeleceu o Ministério do “Reich” para Esclarecimento Popular e Propaganda, liderado por Joseph Goebbels que veio a ser determinante na (de)formação do pensamento da época.
Os 11 princípios do ministro da propaganda nazi, Joseph Goebbels, eram:
1. «Princípio da simplificação e do inimigo único:
Simplifique não diversifique, escolha um inimigo por vez. Ignore o que os outros fazem; concentre-se num até acabar com ele.
2. Princípio do contágio:
Divulgue a capacidade de contágio que este inimigo tem. Colocar um antes perfeito e mostrar como o presente e o futuro estão sendo contaminados por este inimigo.
3. Princípio da transposição:
Transladar todos os males sociais a este inimigo.
4. Princípio da exageração e desfiguração:
Exagerar as más notícias até desfigurá-las transformando um delito em mil delitos criando assim um clima de profunda insegurança e temor. “O que nos acontecerá?”
5. Princípio da vulgarização:
Transforma tudo numa coisa torpe e de má índole. As ações do inimigo são vulgares, ordinárias, fáceis de descobrir.
6. Princípio da orquestração:
Fazer ressoar os boatos até se transformarem em notícias, replicadas pela “imprensa oficial”.
7. Princípio da renovação:
Bombardear com novas notícias (sobre o inimigo escolhido) para que o recetor não tenha tempo de racionar.
8. Princípio do verossímil:
Discutir a informação com diversas interpretações de especialistas, mas todas contra do inimigo escolhido.
9. Princípio do silêncio:
Ocultar toda a informação que não seja conveniente.
10. Princípio da transferência:
Potencializar um fato presente com um fato passado.
11. Princípio de unanimidade:
Procurar convergência em assuntos de interesse geral, apoderando-se do sentimento produzido por estes e colocá-los contra o inimigo escolhido.
As Artes:
O objetivo do governo era garantir que a mensagem nazi fosse transmitida com sucesso através da arte, da música, do teatro, de filmes, livros, estações de rádio, materiais escolares e imprensa. Todos estes meios proporcionavam ao cidadão comum a evasão da rotina diária, transportando-o para um mundo de sonho e irrealidade. Os jornais alemães, principalmente o “Der Stürmer”, “O Tufão”, publicavam caricaturas antissemitas para descrever os judeus.
O cinema, em particular, teve um papel importante na disseminação das ideias do antissemitismo racial. Os filmes nazis retratavam os judeus como seres "sub-humanos" que se infiltraram na sociedade ariana.
Ciências Económicas:
Em nome do lucro, grandes corporações alemãs, europeias e até americanas patrocinaram o nazismo.
Enquanto nos EUA a Coca-Cola forjava a imagem de ícone americano e parceira inseparável dos jovens, a sua subsidiária alemã usava mão de obra escrava, especialmente nos últimos anos da guerra;
A Nestlé foi outra empresa que lucrou com contratos alemães utilizando milhares de escravos nas suas linhas de produção.

Na corporação Dr. Oetker, o diretor-executivo, Richard Kaselowsky, filiou-se ao Partido Nazi e doou grandes quantias a Heinrich Himmler, líder da SS. Rudolf- August Oetker, seu enteado e sucessor, manteve a proximidade. Em 1941, chegou a alistar-se como voluntário da “Waffen-SS”, responsável pela vigilância dos campos de concentração.
Ciências e Tecnologias:

A invenção do “Zielgerät” 1229, um complemento para o rifle “Sturmgewehr” 44, permitia aos soldados conseguirem observar os seus inimigos em locais escuros.

O “Messerschmitt” Me 262 – representava a nova era da aviação telecomandada.

“Silbervogel”, Pássaro Prateado, era um avião que poderia chegar a alturas muito superiores às de outros aviões.

“Vergeltungswaffe” foi o primeiro míssil guiado à distância a ser utilizado num combate militar real, assim era possível não arriscar a vida de soldados.

Durante a guerra, a indústria expandiu as suas fábricas para todos os países ocupados. Como grande parte das empresas da época, a Krupp usou mão de obra forçada, com prisioneiros de guerra e de campos de concentração, e também civis dos locais ocupados. É possível que o número de escravos tenha chegado a 100 mil.

Operava num subcampo em Auschwitz e noutro em Ravensbrück, de onde retirou centenas de milhares de operários. Produzia telefones, telégrafos e rádios para a comunicação militar durante a guerra, componentes elétricos para motores de aviões, equipamentos para geração de energia, estradas de ferro e munições. A empresa foi, ainda, acusada de ter construído as câmaras de gás nas quais morreram milhões de judeus, mas isso nunca foi comprovado
Hitler via na indústria automobilística um parceiro-chave. Ao estimular a criação de um carro do povo (ou “Volkswagen”, em alemão), ganhou uma arma política formidável e um símbolo da prosperidade económica do governo.

A BMW, por exemplo, usou cerca de 30 mil trabalhadores forçados nas suas fábricas durante a guerra.

A Daimler-Benz, dona da Mercedes-Benz, também produziu camiões e motores de avião. Por volta de 1941, toda a sua produção era voltada para fins militares. Em 1944, cerca de metade dos 63610 trabalhadores eram prisioneiros ou civis de países invadidos obrigados a trabalhar.

Figura central da racista “American Liberty League”, Sloan, presidente da GM, cooperou em todos os aspetos com os nazis, dando dinheiro para atividades do partido e demitindo todos os seus funcionários judeus. Das fábricas da Opel saíram motores de avião para a “Luftwaffe”, detonadores de minas terrestres e torpedos. O volume de vendas para o Exército era 40% maior do que para civis
Ciências Informáticas:

A tecnologia da IBM teve um papel fulcral no holocausto da Segunda Guerra Mundial e o seu contributo foi fundamental, a todos os níveis, no processo desencadeado por Hitler contra os judeus:
> na sua identificação;
> na determinação das suas posses para efeitos de confiscação;
> na sua concentração nos “ghettos”;
> na gestão da sua força de trabalho;
> na escolha dos brutais tratamentos a aplicar-lhes nos campos;
> e no seu encaminhamento final, por comboio, para as câmaras de gás e os fornos crematórios.
Milhares de máquinas foram instaladas em território alemão e nos países europeus dominados pelos alemães, e, em particular, nos principais campos de concentração, onde controlavam e geriam cada aspeto da vida e da morte dos prisioneiros.
Prof.ª Maria José Queirós
e os Alunos do 12.º AJ (via científica)