No passado dia 15 de fevereiro, os alunos do 11.º ano da turma de Línguas e Relações Empresariais deslocaram-se à cidade do Porto com o objetivo de aprofundar os seus conhecimentos de História e contextualizar-se em relação ao que estão a aprender nas aulas. Mas voltaram à escola com muito mais do que isso…
A visita começou pela Biblioteca Pública Municipal do Porto, onde não só se disponibiliza informação ao público como também se escreve e regista História. O edifício foi inicialmente um convento franciscano, tendo sido transformado numa biblioteca por D. Pedro IV.
Neste lugar, foi possível aprender um pouco mais sobre o processo de arquivo. Sabiam que a biblioteca ainda preserva catálogos elaborados à mão? Alguns deles com mais de 300 anos! Aos alunos chegou mesmo a ser garantido acesso às salas do acervo; momento verdadeiramente surreal quando nos encontrámos rodeados por quilómetros e quilómetros de livros e periódicos, alguns deles centenários.
Não obstante a sua tradição centenária, a Biblioteca dispõe de um sistema moderno de pesquisa e catalogação que os alunos também puderam explorar. Para além disso, ainda lhes foram mostradas as cabines onde voluntários já gravaram as versões áudio de mais de 7 mil obras.
Depois de uma visita tão fascinante e completa, seria de pensar que nada estaria à altura, mas o Museu Nacional Soares dos Reis seguramente o esteve! Foi outro mergulho na História, desta vez não através de documentos, mas de objetos do quotidiano, quadros e esculturas.
A contextualização foi uma prioridade nesta parte do itinerário. O próprio edifício onde se situa o museu é um hino à História de Portugal, tendo-se lá instalado personagens como D. Pedro IV, o duque de Wellington, o general Beresford, D. Luís e D. Maria Pia.
A coleção do Museu, apesar de não ser constituída por peças originais da casa – dos tempos em que era a residência da família Moraes e Castro –, é um verdadeiro testamento ao Portugal do século XIX. Entre as peças vistas, estão turíbulos, portadores de incenso em forma de naus, guarda-joias de tartaruga, instrumentos musicais com mais de 200 anos e uma série de quadros que retratam a vida da época, percorrendo as várias classes sociais e compreendendo a transição do Romantismo para o Realismo. Estão expostas também esculturas do próprio António Soares dos Reis.
À tarde, depois de um almoço nos jardins do Palácio de Cristal, os alunos tiveram a oportunidade de visitar o percurso cultural “Entre Quintas”, que é constituído pelo Museu Romântico, pelo caminho Entre Quintas e pela Casa Tait.
O Museu Romântico foi uma verdadeira viagem no tempo! A casa, revestida por réplicas da mobília original, foi utilizada pelo rei Carlos Alberto da Sardenha nos seus últimos meses de vida e contém, nos dias de hoje, o que se diz ser o seu melhor retrato. A coleção de vestuário do século XIX e de peças de mobiliário de várias épocas históricas surge como testemunho da alta sociedade romântica, e o detalhe com que os cenógrafos replicaram o estado da residência fez jus à descrição de “máquina do tempo”.
No exterior, a verdadeira maravilha é a flora, alguma dela não como réplica, mas como testemunho vivo do Porto do século XIX. O rigor arquitetónico dos jardins do Palácio de Cristal é prova da atenção que se dava na altura ao planeamento dos jardins, mas o que verdadeiramente espanta são as árvores que lá estão desde a sua construção.
Os alunos aventuraram-se pelo caminho “Entre Quintas”, que, como o nome indica, foi, em tempos, o percurso que ligava as muitas quintas da margem do Douro. Este caminho é tão isolado que quase não se acredita que, a menos de um quilómetro, o trânsito para.
O percurso termina com os jardins da casa Tait, em tempos habitada por um comerciante de vinhos do Porto, William Tait. É nestes jardins que se encontram as cameleiras centenárias e um majestoso “liriodendron tulipífera”, classificado como “de interesse público” desde 1950.
A visita deixou os alunos cansados, mas felizes, e um pouco mais enriquecidos do que quando acordaram nessa manhã.
Matilde Silva (texto) e Ana Barbosa e Marisa Carvalho (fotografias), do 11.º LR