Visita de estudo à Polónia

Luís, Ana Rita, Beatriz, Noémia e Catarina, do 12.º Ano AJD
18/03/2019

Foi numa aula de Direito, cujo tema recaía sobre a comemoração dos 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos e das atrocidades sucedidas no Holocausto, e nos holocaustos da atualidade que insistem em recordar-nos que a história se repete, que surgiu a ideia de se organizar uma viagem à Polónia, com o intuito de visitar o campo de concentração em Auschwitz.

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Partimos para a Polónia com numerosas bases que nos ajudaram a consolidar aquilo que já tínhamos estudado e preparado antes.


Aprovada a proposta pela Direção Pedagógica, decidiram-se os locais a ser visitados, nomeadamente a Catedral de Wawel, a Basílica Santa Maria, a Fábrica de Schlinder, os Campos de Concentração, as Minas de Sal, a Farmácia da Águia e, por fim, o Bairro dos Judeus. Esta viagem foi muito desejada por todos. Foi planeada, de forma ponderada, por cada um de nós, para que tudo corresse plenamente bem, o que, como seria de esperar, aconteceu.


Visitámos vários locais em apenas três dias. Cada lugar foi especial para nós, de formas diferentes, logicamente. Tínhamos expectativas muito altas. Conhecer sítios novos e alargar o nosso conhecimento era o nosso principal objetivo e esse, temos a certeza, foi conseguido. Com a chegada a um país diferente, procuramos experimentar coisas novas. Os pratos típicos não superaram as expectativas. O ambiente vivido nas ruas era ativo e movimentado, as pessoas ficavam nas ruas até tarde, frequentavam inúmeros “pubs” e conversavam entre si - era o nosso Porto, em formato pequeno. Os polacos revelaram-se pessoas bastantes frias e pouco sociáveis, muito desconfiados das ações e comportamentos dos outros, profundamente diferentes dos portugueses.


Começámos a visita à Basílica de Santa Maria, onde pudemos observar uma majestosa igreja de estilo gótico que constitui um dos monumentos mais importantes e conhecidos de Cracóvia. A Basílica de Santa Maria fica num dos cantos da grande praça do mercado de Cracóvia, a Rynek Glowny, onde a cada hora um toque de trompa é executado na torre mais alta. A melodia, interrompida repentinamente, em memória ao homem cuja garganta foi atravessada por uma flecha tártara ao tentar avisar a cidade sobre a iminente invasão, demonstra a memória e a conexão que esta cidade tem para com o seu povo, e realça a beleza deste país.


Logo de seguida, visitámos a Catedral de Wawel, localizada na Colina de Wawel, que se tornou o centro do poder eclesiástico e monárquico da Polónia, uma vez que constitui o lugar de coroação tradicional dos monarcas polacos. Dentro da Catedral, repleta de pontos interessantes, observámos um interior escuro renascentista, transmitindo um ambiente de reflexão e de fé, sendo um dos edifícios sagrados mais importantes. Efetivamente, este espaço irradia uma brisa de energia e de pureza que não encontramos noutros edifícios históricos. Em Cracóvia, não se questionam as lendas, sobretudo a do famoso dragão morto por um sapateiro Krak que se tornou rei, ou as famosas minas Wieliczka, dote do rei à sua filha princesa húngara casadoira com um príncipe polaco.


Quanto às minas de sal, visitadas no terceiro dia de viagem, as opiniões foram, sem dúvida, distintas. Cerca de um milhão de turistas visitam, por ano, este marcante local, revelando, assim, que acreditam ser um momento inesquecível e surpreendente, com particular destaque para a Capela de St. Kinga, uma sala impressionante de 54 metros de cumprimento, que conta com uma bela decoração feita, simplesmente, com sal.


De facto, foi na rota turística que descobrimos a interessante história da mina, que permite, aos turistas, o passeio através de 3,5 quilómetros de galerias, ao longo das quais vimos 22 câmaras com lagos subterrâneos, antigas ferramentas e máquinas e diferentes esculturas e baixos-relevos feitos por mineiros com blocos de sal. Foi nas minas que observámos o trabalho árduo e duradouro realizado desde o século XIII até aos dias de hoje, sendo que Wieliczka faz parte das minas de sal mais antigas do mundo, exploradas sem interrupção.


A conhecida “catedral subterrânea de sal da Polónia” conta com uma profundidade de 327 metros e um comprimento de mais de 300 quilómetros de galerias, ao longo das quais há câmaras e capelas com sublimes figuras esculpidas que ilustram a história da mineração do sal, nem todas visitáveis.


Certamente, a água encontrava-se em abundância neste espaço, e todos experimentámos o teor de sal da mesma.


Ao longo da visita, havia algumas apresentações realizadas a partir de efeitos visuais e auditivos, com a «ajuda» de estátuas e construções feitas pelos mineiros.


Claro que, para quem sofre de problemas como a claustrofobia e o medo das alturas, efetivamente, este não será um local predileto. Tivemos de descer cerca de 800 degraus ao longo da visita, para conseguir chegar ao destino, sendo que os espaços, excetuando os mais abertos, eram constituídos por corredores trancados por pesadas portas.


As minas de sal foram, evidentemente, uma surpresa com um “feedback” subjetivo, não só para os alunos, como também para os professores.


De tarde, estava programada a visita à Fábrica de Schindler e à Farmácia da Águia. Quando chegámos à Fábrica, era notória a extensa fila que se prolongava pela bilheteira e pela entrada do museu. Este facto só poderia refletir a qualidade do que iríamos ver. À medida que entrávamos e a explorávamos, sem guia, conseguimos perceber a divisão da exposição em três momentos diferentes da História: antes da guerra, durante a guerra, depois da guerra. O pormenor, rigor e a criatividade eram constantes. Fazia-nos sentir que estávamos a viver o que se passou em “direto”.


De seguida, fomos em direção à Farmácia da Águia. Ao entrar, compreendemos que era um espaço bem conservado, muito genuíno de alguém que preferiu ficar no gueto reservado para os judeus antes da deportação para os campos. Percebe-se a história dos seus protagonistas: um farmacêutico alemão que arriscou a sua vida para ajudar, com medicamentos, alimentos, troca de mensagens, os que se encontravam aprisionados no gueto judeu, juntamente com as suas ajudantes. Foi uma visita breve, mas muito recomendável. Em frente, um espaço livre, Podgórze, praça dos heróis do gueto que chegou a albergar 18 mil judeus antes de serem enviados para os campos, julgavam, de trabalho. No local, estão simbolicamente colocadas cadeiras dedicadas, por Polanski, aos heróis do gueto, que simbolizavam bens que lhes haviam sido saqueados.


Regressámos de alma cheia de uma visita inesquecível, com momentos também inesquecíveis, mas sobre Auschwitz cada um de nós produziu uma reflexão pessoal que publicaremos à parte.



Luís, Ana Rita, Beatriz, Noémia e Catarina, do 12.º Ano AJD (via cientifica)

 

 

 

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