O livro de capa mole, parcialmente vazia e branca e lançada em mil novecentos e noventa e sete, estimula a nossa atenção aos detalhes ao conter um relevo sobre a indicação do seu editor, Edições João Sá da Costa. As suas cento e vinte e oito páginas, escritas de mil novecentos e cinquenta e seis a mil novecentos e noventa, tratam-se de uma antologia contendo poemas de “Movimento Perpétuo”, “Teatro do Mundo”, “Máquina de Fogo”, “Linhas de Força”, “Poemas Póstumos” e “Novos Poemas Póstumos.”
Acima de tudo, o que mais apreciamos nos poemas do literato foi o seu multifacetismo poético, pleno de um universo pulsante de tensões próprias do ser-se humano. Por conseguinte, a versatilidade também está bastante presente neste exemplar, como, por exemplo, na referência na dispersão no conhecimento (“Poema do fecho éclair”, página 63), no social (“Calçada de Carriche”, página 34), no pessoal (“Mãezinha”, página 69), no amoroso (“Os amantes liquefeitos”, página 79) e na ciência (“Poema do coração”, página 58). Muitos dos versos escritos, face à realidade que o visionário vivenciava na sociedade da altura, permanecem intactos, tal como em “Poema do Homem Só” ao dizer “dão-se os nervos, dá-se a vida. Dá-se o sangue gota a gota, (…) Dá-se tudo e nada fica.” (página 27) em que retrata a falta de reciprocidade nas relações interpessoais.
Em suma, todo o dinamismo do intelectual torna a leitura obrigatória para quem crê que o poema é um “organismo vivo”, uma vez que ler António Gedeão é aprender a dar importância aos pormenores, ver e não somente olhar, é aprender a viver.
Título: “Poemas escolhidos”
Autor: António Gedeão
Editora: Edições João Sá da Costa
Modo/género literário: Poesia
Sugestão de leitura das alunas Mariana Alves e Joana Azevedo, do 10.º H2