Os homenageados foram Dmitry Muratov e Maria Ressa, distinguidos em representação de todos os que empreenderam ações para a promoção da liberdade de expressão, sobretudo em regimes autoritários. O Comité distinguiu- os pelos seus "esforços na defesa da liberdade de expressão, que é uma condição necessária para a democracia e a paz duradoura e por os considerar representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas" Dmitry Muratov, jornalista russo, nasceu a 30 de outubro de 1961. Foi o fundador e é o atual diretor do jornal independente “Novaia Gazera”. Dedicou o prémio aos seus sete colegas de redação assassinados pelo regime. Distinguido com o Prémio Nobel da Paz em pleno clima de repressão contra os opositores políticos, entregará uma parte do prémio aos 'media' independentes e às organizações não governamentais que criticam o Kremlin.
A segunda galardoada é Maria Ressa, uma jornalista filipina norte-americana, nascida a 2 de outubro de 1963. Começou a carreira como repórter investigativa no Sudeste Asiático pela rede televisiva “CNN” e foi cofundadora do “website” “Rappler”, uma plataforma digital de jornalismo de investigação que tem denunciado a violência associada à campanha antidroga lançada pelo regime do Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte. Grupos de “media” filipinos e ativistas dos Direitos Humanos saudaram a atribuição do Nobel da Paz a Maria Ressa considerando-o um "triunfo" num país apontado como um dos mais perigosos do mundo para os jornalistas.
A organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras (RSF) tem vindo a afirmar que a pandemia da doença COVID-19 veio exacerbar as ameaças à liberdade de imprensa em todo o mundo, particularmente em regimes autoritários como a China e o Irão que aproveitaram as restrições impostas para combater a pandemia reprimindo, ainda mais, os meios de comunicação social. Contudo, é também preocupação da União Europeia que “os jornalistas de todo o mundo devem ser mais bem protegidos para que possam cumprir o seu papel de guardiões da democracia", conforme afirmou o ministro de Negócios Estrangeiros holandês, Stef Blok, a propósito do plano Europeu de Ação contra a Desinformação, criado para “proteger a sociedade contra pessoas singulares ou coletiva, `de jure` ou de facto, que produzam, reproduzam e difundam narrativas falsas".
Mas... o que são as “fake news”? A desinformação e a manipulação de conteúdo fazem parte da normalidade numa sociedade descuidada e ingénua, que atenta a imagens chamativas e títulos extravagantes, sobretudo devido ao papel das redes sociais e da “internet” na sua generalidade. O lado emocional do ser humano, por vezes, limita a capacidade de ser crítico, participativo, consciente no exercício da cidadania, favorecendo o aparecimento, às vezes disfarçado, do populismo autoritário mesmo nas democracias aparentemente consolidadas.
No sentido de promover o combate às “fake news” e viver com a certeza de que estamos, de facto, a convergir com a verdade dos factos, é importante dar voz ao jornalismo sério, de investigação, que deve ser protegido nos seus conteúdos e nas suas fontes.
A organização não-governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras remete-nos para a dimensão do problema e justifica, para quem não entendeu de imediato, a importância da atribuição do prémio Nobel da Paz. Com efeito, em 2021, foram cometidos 400 crimes contra jornalistas ou fontes próximas de jornalistas, sendo que destes 24 foram assassinados.
A atribuição deste prémio Nobel da Paz é um convite para a assinatura da petição inframencionada e pode constituir-se motivação para os alunos que pretendem ingressar na carreira jornalística, lembrando-lhes a importância da sua função, mesmo em regimes democráticos, onde, por força das circunstâncias, a liberdade de expressão pode ser posta à prova.
Sejamos, então, audazes, ainda que num teclado protegido, porque a diferença começa, sempre, em cada um de nós, e assine a petição seguinte: <https://www.amnistia.pt/peticao/bielorrussia-liberdade-roman-protasevich-sofia-sapega/>.
AJ ESCLARECE
12.º AJD (Via Científica)