Para esta mesa-redonda, foi convidada, também, a Dr.ª Paula Franco, Bastonária da OCC, que, infelizmente, não pôde estar presente. O debate foi moderado pelo Dr. João Luís de Sousa, Diretor-Adjunto do Grupo Editorial Vida Económica.
Foram abordados, entre outros, os seguintes assuntos: os novos desafios da profissão de contabilista, as alterações previstas das normas que enquadram as ordens profissionais, o cumprimento das obrigações declarativas das empresas e a prevenção de infrações e litígios com a Autoridade Tributária.
Aqui fica um breve resumo de algumas das conclusões, a saber: a profissão de contabilista teve, especialmente, desde 2008, uma evolução bastante rápida; o cumprimento de obrigações declarativas fiscais, laborais e diversas ou outras legais tornou-se demasiado exigente e complexo, obrigando, frequentemente, ao envio da mesma informação para entidades diferentes; o futuro passará, necessariamente, pela eliminação de redundâncias e pela racionalização de todos os procedimentos, tornando-os mais justos, simples e transparentes; a desmaterialização não foi acompanhada da simplificação. Pelo que se impôs uma enorme sobrecarga de trabalho, desviando o contabilista da sua principal função de transmissor de informação económica e financeira para auxílio da atividade de gestão; os contabilistas são considerados os agentes “multifunções” das organizações e, trabalhando em micro e pequenas empresas, suportam as mesmas obrigações que os das grandes empresas, sem possuírem os mesmos meios; sendo o seu papel muito mais do que o de responsável do processo contabilístico, mas não deve ser um mero servidor das entidades públicas, antes, deve centrar-se em servir as empresas, avaliando bem o passado para melhorar e perspetivar o futuro, acompanhando os empresários e gestores na produção, nas vendas e na internacionalização dos negócios.
Assim sendo, é muito importante trazer às escolas o mundo real das empresas, pois estas são imprescindíveis na criação de riqueza para o país e na promoção do bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos. Aliás, a colaboração entre as associações patronais e os contabilistas é complementar e uma importante mais-valia para a sua vida profissional, pelo que não devem/podem ser considerados os mensageiros de más notícias. Por muitas empresas, são considerados o “nadador-salvador, a tábua de salvação”, o conselheiro, mas, por todas, um recurso imprescindível para a atividade empresarial. No entanto, deve ser mais respeitado e mais valorizado pelas empresas e pelos empresários.
Para combater o excesso de trabalho declarativo, será necessário investir em tecnologia, conhecimentos, competência, novos processos e na correspondente reforma legislativa. Igualmente, o funcionamento dos Colégios da Especialidade na OCC deverá ser melhorado para ir ao encontro das necessidades das diversas áreas, nomeadamente da Administração Pública e do setor não lucrativo. O controlo de qualidade de uma Ordem Profissional deverá garantir a existência de boas práticas. Além disso, as Ordens Profissionais são um excelente instrumento de garantia de qualidade profissional, de cumprimento de normas éticas e deontológicas, de formação contínua e de adequada orientação técnica.
O sistema fiscal está preparado, sobretudo, para punir os cumpridores, quando deveria estar construído para ir ao encontro das necessidades dos cumpridores.
A cooperação com outras atividades é fundamental e vale a pena nesta área do saber.
Efetivamente, os contabilistas processam as remunerações, mas aplicam, também, legislação laboral. Este processamento é sempre orientado pelo empresário. Deste modo, deseja-se empresas competitivas e a crescer e contribuir para uma economia ao serviço do bem comum.
Nas médias e grandes empresas, os contabilistas já são verdadeiros apoiantes da administração, de estratégia, no controlo de gestão, tendo um papel verdadeiramente fundamental. Os empresários, solicitados pela banca e pelos financiamentos, já se preocupam com que a Contabilidade reflita a verdadeira situação da empresa, pelo que têm vindo a valorizar o papel do contabilista.
Contudo, o sistema fiscal deve ser simples e transparente para evitar litigâncias inúteis.
Vale a pena assistir a esta conversa em:
< https://m.facebook.com/vidaeconomica.pt/videos/o-papel-dos-contabilistas-nas-organiza%C3%A7%C3%B5es/727540548203114 >.
Para finalizar, deixa-se um agradecimento a todos os participantes.
Prof.ª Maria José Vidal