É uma obra onde o narrador se intitula como Lopes, um jovem rapaz com uma vida desgraçada pela frente depois de ter entrado para o seminário, “Nada nascera para mim.” (página 137).
Este livro funciona como um diário, no qual o narrador desabafa detalhadamente maior parte da sua vida. Começa, então, por nos situar no comboio, “Tomei o comboio na estação da Castanheira” (página 11), que o levara da sua aldeia até ao seminário, onde iria estudar e aprender, para um dia ser padre.
Dando mais atenção ao seminário, Lopes reforça bem o quanto está descontente e cansado, sempre a pensar em desistir, “Contei-lhe do que sofria, do espanto da minha solidão, das saudades grandes da aldeia.” (página 33), esse sentimento atormenta-o pelas noites fora e, com o passar do tempo, vai-nos apresentando os vários colegas seminaristas, dando mais destaque a Gama e a Gaudêncio, pois é com ambos que Lopes vai conversar sobre a sua tristeza que, por acaso, também é a deles, “Havias tu outrora, havia o Gama e o conforto de ambos para minha cobardia.” (página 181).
Sendo o protagonista um desgraçado, vai acabar por perder os seus dois melhores amigos, Gama foi expulso do seminário, “O Gama…expulsaram-nodo seminário”, e Gaudêncio morreu de doença, “Já está diante do Senhor. - confirmou o padre Pita”, perde também a sua família de infância, pois esta, após o narrador se tornar seminarista, começou a tratá-lo de forma diferente e, consequentemente perde o rumo da sua vida, “Por isso, nesta hora nua em que escrevo, perdido no rumor da cidade…” (página 187). Assim, concluindo a sua obra, deixou o futuro dos seus dias em aberto, porém, frisando que deixou o seminário, “Saí do seminário”, o local que o atormentara anos de vida.
Achei uma história belíssima, atendendo às minhas expectativas e cativando-me sempre a ler. Felizmente, não tive problemas durante a leitura, os capítulos são razoavelmente pequenos, a escrita é simples e direta e os acontecimentos seguem uma ordem cronológica.
Concluo esta apreciação crítica com a minha recomendação de leitura e com a minha avaliação extremamente positiva.
Título: “Manhã submersa”
Autor: Vergílio Ferreira
Editora: Quetzal
Modo/género literário: Narrativo/Romance
Sugestão de leitura da aluna Beatriz Oliveira.