AJ ESCLARECE
Violência no namoro não é só estupidez, também é crime!

AJD Direito e Ser+
11/02/2022

A violência nas relações íntimas não é um fenómeno exclusivo das relações entre adultos. Estudos nacionais e internacionais revelaram que este, também, é um problema presente nos relacionamentos entre os mais jovens. Um estudo realizado em Portugal com cerca de 4500 jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 29 anos constatou que 1 em cada 4 jovens relataram já́ ter sido vítimas de algum tipo de conduta abusiva pelo(a) namorado(a).

blueimp Gallery
Veja todas as imagens na GALERIA DE IMAGENS disponível no fim desta página.

 

Os dados da UMAR mostram que 58% de jovens, até ao 12.º ano de escolaridade, reportaram já ter sofrido pelo menos uma forma de violência e 67% de jovens consideraram como natural algum dos comportamentos de violência.


Os dados da associação Plano i - cujo estudo incide sobre a população universitária - mostram que 53,8% de jovens já sofreram pelo menos um ato de violência no namoro, o que demonstra que continua a haver tolerância social perante o fenómeno, sendo, por isso, necessário dar visibilidade ao trabalho de informação e esclarecimento sobre este fenómeno social que, assumindo caraterísticas geracionais, começa na adolescência.


Existem variadas formas de violência que podem incluir:

  • a verbal (insultar, difamar, humilhar, gritar);
  • a psicológica (partir ou danificar objetos com a intenção de causar medo);
  • a relacional (controlar o que o outro faz nos tempos livres e ao longo do dia; proibir o contacto com familiares e amigos);
  • a física (empurrões; pontapés; bofetadas) e a sexual (forçar a prática de relações sexuais ou de carícias forçadas).


Ainda que, quando questionados, a maioria dos jovens afirme reprovar o recurso à violência, muitos aceitam-na e toleram o uso desta contra si, por parte do/a namorado/a. Com efeito, existem estratégias subtis, que importa desmascarar, de exercer poder e controlo sobre a outra pessoa, que podem ser totalmente impercetíveis. Por vezes, exprimem-se sob a forma de preocupação com o relacionamento e com o bem-estar do(a) parceiro(a) e podem ser confundidas com manifestações de amor (o facto de não reconhecerem o comportamento do(a) namorado(a) como abusivo ou de o desculparem e entenderem); outras vezes, estão relacionadas com o medo da devassa da privacidade (o receio de serem culpabilizado(a)s pela relação abusiva; para não perderem o estatuto entre os pares ou por não quererem ficar sozinhos) ou ainda com a falta de conhecimento acerca dos recursos disponíveis para a denúncia e acompanhamento destas situações.


De acordo com o Observatório da Violência no Namoro, a maioria dos adolescentes não procura auxílio e, quando o fazem, recorrem à ajuda de amigos e familiares, em detrimento de profissionais.


Se te consegues lembrar de alguma vez que o/a teu/tua namorado/a te tenha tentado controlar, fazer sentir mal contigo própria/o, isolado do resto do mundo ou te magoou física ou sexualmente, então essa é uma relação da qual deves sair, rapidamente.


É importante reconheceres os sinais de alerta perguntando-te se o/a teu/tua namorado/a:

  • Fica zangado/a quando não desistes dos teus planos/interesses/atividades para estar com ele/a ou fazer o que ele/a quer;
  • Critica a forma como te vestes;
  • Te diz que nunca serás capaz de encontrar outra pessoa que queira namorar contigo;
  • Quer saber tudo o que estás a fazer, a toda a hora, por exemplo, envia constantemente mensagens ou telefona a querer saber onde estás, com quem estás, o que estás a fazer;
  • Quer que passes todo o seu tempo com ele/a;
  • Tenta controlar os diferentes aspetos da tua vida (como te vestes, com quem falas, o que dizes, controla o teu telefone, “email” ou redes sociais sem permissão…);
  • Te impede de ver os teus amigos ou de falar com outros rapazes/raparigas;
  • Dá sempre a volta à situação fazendo parecer que a culpa das ações dele/a é tua;
  • Já te levantou a mão numa situação em que estava zangado/a ou te ameaçou bater;
  • Te pressiona para levar a tua relação sexual para outro nível, para o qual não te sentes preparado/a.


A violência no namoro é crime e está tipificada no artigo 152.º, n.º 1 al) e b) do Código Penal Português, no âmbito do crime da violência doméstica, e comtempla a perpetração de violência entre casais de sexo diferente ou do mesmo sexo, com quem a vítima mantém ou tenha mantido uma relação de namoro ainda que sem coabitação.


A violência no namoro é um crime público, devendo ser denunciado por quem o presencia, independentemente da queixa apresentada pela vítima, dependendo apenas da notícia às autoridades (para apresentar queixa do crime deve dirigir-se a uma esquadra da Polícia de Segurança Pública, posto da Guarda Nacional Republicana).


Parece-nos oportuno lembrar que a responsabilidade penal se adquire aos 16 anos, podendo o agressor, a partir dessa idade, ser julgado como um adulto.


As Autoridades Policiais, as Escolas, os Centros de Saúde e/ou Hospitais, estruturas de apoio, nas quais a APAV se inclui, são entidades que podem apoiar e informar as vítimas, os seus familiares e os seus amigos. Em caso de emergência, as vítimas deverão de contactar o 112 – número nacional de socorro.

 

No namoro, só bate o coração!
Feliz Dia dos Namorados


AJD Direito e Ser+

 

Referências bibliográficas

Mafalda Ferreira, A. L. (2019). GUIÃO PARA A PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA NO NAMORO EM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO. Lisboa: Associação Plano i.
Sofia Neves, S. J. (2021). Estudo Nacional sobre a Violência no Namoro no Ensino Superior: Crenças e Práticas –2017/2021. Lisboa: Associação Plano i.
https://www.apavparajovens.pt
https://www.cig.gov.pt

 


AJ ESCLARECE
12.º AJD (Via Científica)

 

 

GALERIA DE IMAGENS