Falar Saúde n.º 114
E depois da lesão?

Prof.ª Isabel Cristina
07/03/2023

Um cotovelo partido foi o grande responsável pela ausência de “Falar Saúde” durante o mês de fevereiro. Deste modo, achei que, se não é possível fazer o tempo andar para trás e evitar que tal acontecesse, porque não escrever sobre a recuperação da lesão?

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“A experiência humana não seria tão rica e gratificante
se não existissem obstáculos a superar.”
Helen Keller.

 

Foi então que me dei conta da quantidade de alunos nossos que, anualmente, sofrem lesões, das mais variadas, e não é só nas aulas de educação física, ao contrário do que se possa pensar. São entorses, fraturas, luxações... tantos termos técnicos, todos eles com significados muito específicos e que importa esclarecer, em cada individuo e em cada situação.

 

As lesões músculo-esqueléticas traumáticas, ou de início súbito, são, infelizmente, frequentes e com efeitos devastadores em determinadas situações. Dizem respeito a fraturas ósseas ou a danos nas articulações, estas últimas em consequência de roturas ou estiramentos de ligamentos, tendões e/ou músculos. Sem a pretensão de uma aula de anatomia humana, talvez seja útil esclarecer alguns conceitos que facilitam a compreensão destas lesões.

 

O nosso esqueleto é formado por muitos ossos, que se articulam uns com os outros, enquanto os nossos músculos são órgãos que representam cerca de 40% a 50% do total da nossa massa corporal e são os responsáveis pela locomoção e movimentação de diversas partes do nosso corpo. Como se faz a interligação destes dois? Os tendões ligam os músculos aos ossos, e são responsáveis pelos movimentos articulares, e os ligamentos ligam os ossos entre si, e são responsáveis pela estabilidade articular.

 

As consequências decorrentes das lesões músculo-esqueléticas, variáveis de acordo com a dimensão e consequência da lesão, são o sofrimento, o constrangimento psicológico, a ausência de participação desportiva, laboral ou social, e poderão deixar marcas de curta ou de longa duração. Daí a importância de uma rápida intervenção, de forma a potenciar um bom prognóstico e uma boa reabilitação.

 

O objetivo primeiro da terapêutica é aliviar a dor e reduzir a incapacidade, com imobilização e a administração de fármacos, mas é fundamental procurar ajuda médica que pode determinar a gravidade da lesão e a necessidade, ou não, de recurso a exames complementares de diagnóstico. Nem sempre a cirurgia é necessária e, na maioria dos casos, o processo de cicatrização dura de 4 semanas a 6 meses. Nos casos de entorses ligeiras, o repouso, a aplicação de gelo durante 20-30 minutos, 3x por dia, o uso de uma ligadura e a elevação do tornozelo acima do nível do coração durante os primeiros dois dias são medidas muito úteis.

 

Quanto à reabilitação, deixo aqui algumas estratégias que podem, segundo vários estudos independentes, facilitar e acelerar o processo de recuperação deste tipo de lesões, minimizando as sequelas no futuro:

  • recorrer a um programa de exercícios adequados, permitindo a recuperação de força e flexibilidade. Nos casos mais graves, a fisioterapia é fundamental;

  • gerir a dor com medicamentos, como o paracetamol (ex:. “Ben-u-ron”), que facilitam também o descanso noturno, período durante o qual a regeneração muscular é estimulada. Alguns estudos referem que os anti-inflamatórios, como o ibuprofeno (ex.: “Brufen”), devem ser evitados, porque atrasam o processo de reparação, além de que o seu consumo pode causar danos ao estômago e aos rins;

  • apostar numa alimentação equilibrada, mais rica em proteínas, os “tijolos” na recuperação dos tecidos, e um pouco mais pobre em glícidos, pois, apesar da diminuição da atividade física após uma lesão, o corpo continua a gastar energia durante a regeneração;

  • relaxar, meditar, contactar com a natureza... estar lesionado causa ansiedade e quanto maior for o nível de stress a que o organismo está sujeito, maior a libertação de hormonas que prejudicam a cicatrização dos tecidos.

 

Votos de boa recuperação!

 


Prof.ª Isabel Cristina


 

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