Posto isto, “Dom Bibas”, o bobo da corte, decide, numa noite, realizar uma sátira contra Fernando Peres, o conde da Trava e amante da rainha D. Teresa. Uma vez que possuía total liberdade de circular pelo castelo e de se envolver nas festas da corte, pensou que não existiria nenhum problema em fazê-lo. Contudo, o conde da Trava fica ofendido com a sátira e castiga o Bobo dando-lhe uns açoites.
Como seria de esperar, o bobo sente-se humilhado e bastante insatisfeito com a punição que lhe foi atribuída, logo decide vingar-se do conde, para que, dessa forma, ele percebesse que o bobo apenas estava a cumprir a sua função de animar a corte e, devido a isso, o conde não podia, simplesmente, tratá-lo daquela forma.
De seguida, o bobo dá início à sua vingança e, visto que tinha conhecimento de uma passagem secreta no interior do castelo, decide usar essa informação a seu favor, interferindo na Batalha de São Mamede (oposição do exército de D. Afonso Henriques ao exército da sua mãe, D. Teresa, pelo trono de Portugal), ao revelar a sua existência a D. Afonso Henriques. Essa passagem tinha origem no interior do castelo de Guimarães, onde se encontrava a rainha e os respetivos aliados, e ia dar ao lado de fora, onde se encontrava D. Afonso Henriques e os seus cavaleiros. Graças, sobretudo, ao conselho do bobo, e a muito esforço por parte de D. Afonso Henriques e dos respetivos cavaleiros, o mesmo conseguiu vencer a batalha e, por conseguinte, D. Teresa viu-se obrigada a fugir com o Conde da Trava, para o Castelo de Lanhoso. Contudo, a mesma só viveu durante mais dois anos e, após esse acontecimento, por ter perdido a sua amada, Fernando Peres regressou a Galiza, ao solar de Trava, que herdara do seu pai. Após este desfecho, podemos, sem dúvida, afirmar que o bobo sentiu o sabor da vingança para com o conde.
Esta leitura fascinou-me bastante, pois, por a história não ser cem por cento verídica, contendo factos reais como a vitória de D. Afonso Henriques na Batalha de S. Mamede, e cenas inventadas, como quando “D. Bibas” revelou a existência da passagem secreta a D. Afonso Henriques, o autor demonstra um bom uso da sua imaginação, o que me cativou bastante ao longo de todo o enredo.
Finalmente, acredito que este livro é uma boa aposta de leitura, pois, além da narrativa ser bastante interessante, ao misturar a realidade com a sua imaginação, o autor capta a atenção dos leitores, fazendo-os gostar bastante do livro e da respetiva leitura.
Título: “O Bobo”
Autor: Alexandre Herculano Carvalho de Araújo
Editora: Biblioteca Ulisseia de Autores Portugueses
Modo/género literário: Narrativo / Romance Histórico
Sugestão de leitura da aluna Ana Familiar, do 10.º H2