Falar Saúde n.º 125
Valorizar a voz dos professores

Prof.ª Isabel Cristina
05/10/2024

Das várias efemérides que se comemoram a 5 de outubro, é cada vez mais urgente refletir sobre uma em particular: o Dia Mundial dos Professores!

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“Os professores são a força mais influente e poderosa para a equidade, acesso e qualidade na educação”
Irina Bokova, Diretora-geral da UNESCO.

 

O Dia Mundial dos Professores foi instituído pela UNESCO, em 1994, no dia do aniversário da adoção da “Recomendação da OIT/UNESCO de 1966 relativa ao Estatuto dos Professores”, que estabelece referências sobre os direitos e responsabilidades dos professores e padrões para a sua preparação inicial e formação continuada, recrutamento, emprego e condições de ensino e aprendizagem. A “Recomendação sobre a Situação do Pessoal Docente do Ensino Superior” foi adotada em 1997 para complementar a Recomendação de 1966, abrangendo os docentes do ensino superior. O Dia Mundial dos Professores é organizado em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o UNICEF e a “Education International” (EI).


Em 2024, o tema das celebrações é “Valorizar a voz dos professores”, dada a importância de ouvir e valorizar as vozes dos professores no contexto educacional, isto é, não é apenas urgente reconhecer os desafios enfrentados por estes profissionais, mas também é necessário considerar o seu conhecimento e a sua experiência como fundamentais para a melhoria da educação.


Para que a voz dos professores se possa ouvir e atingir um dos “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” (ODS), Educação de Qualidade, o qual reconhece que os professores são a chave para alcançar a Agenda da Educação 2030, é premente também reconhecer e apoiar a saúde mental dos professores, pois um professor saudável é uma pessoa mais motivada, criativa, inovadora, capaz de criar ambientes e relações mais positivos, com os alunos e com os colegas, facilitando o ensino e a aprendizagem e a qualidade da educação em geral.


Estudos da “National Education Association”, de 2022, revelam que 73% dos professores sofrem de ansiedade crítica (“Stress”), 28% têm sintomas depressivos e 59% relatam esgotamento (“Burnout”: fadiga física, fadiga cognitiva e/ou exaustão emocional). Estes sintomas levam, frequentemente, a distúrbios do sono e à “síndroma do impostor”, que se desenvolve quando a depressão leva os professores a um ciclo de autocritica e insegurança, que os faz duvidar da sua capacidade para exercer a profissão. Os estragos na saúde mental dos professores foram agravados com a pandemia da COVID-19, em que 59% dos professores e 48% dos diretores de escola apresentaram esgotamento mental, numa taxa superior à de outros profissionais, nomeadamente os da área da saúde, conforme indicado na pesquisa da “Education Week”.


No sentido de minimizar os problemas de saúde mental dos professores, existem várias medidas que podem ser adotadas pelas escolas:

 

  • implementar políticas que priorizem a saúde mental nas escolas, incluindo programas de bem-estar e avaliação do clima escolar;

  • promover a formação na área da gestão de “stress”, das competências socioemocionais e das estratégias de ensino;

  • disponibilizar serviços de aconselhamento e apoio psicológico;

  • fomentar a colaboração entre colegas através de grupos de apoio e trabalho em equipa;

  • rever e ajustar as exigências administrativas e académicas permitindo que os professores se concentrem no ensino;

  • sempre que possível, oferecer horários flexíveis e a possibilidade de trabalho remoto;

  • reconhecer e valorizar o trabalho dos professores, através de incentivos e reconhecimento real.

 


Além das medidas institucionais, cada professor pode, e deve, praticar o autocuidado, nomeadamente:

 

  • 1.º - Aprender a dizer não e a estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal para evitar o esgotamento. Por exemplo, evitar levar trabalho para casa;

  • 2.º - Compartilhar experiências e desafios com colegas, pois não só proporciona conforto e compreensão, mas também estimula a troca de ideias e soluções práticas para os desafios;

  • 3.º - Reservar espaço na agenda para valorizar e celebrar as conquistas, por menores que sejam. Isto reforça uma visão otimista e eleva a motivação, o que é essencial para manter o equilíbrio emocional, especialmente em períodos desafiadores;

  • 4.º - Reservar momentos do dia para mapear e anotar as emoções num diário ou praticar meditação. Estas ações melhoram o autoconhecimento e promovem o equilíbrio emocional;

  • 5.º - Canalizar a energia para coisas que estão ao alcance e aceitar as que não estão, o que ajuda a reduzir o “stress” e a aumentar a eficiência;

  • 6.º - Fazer pequenas pausas para descansar e renovar a energia. Atividades simples, como uma caminhada rápida ou um momento de silêncio, podem ser eficazes para aliviar o “stress” e revitalizar a mente;

  • 7.º - Manter a organização no ambiente de trabalho que, não só diminui o “stress”, mas aumenta igualmente o foco e a produtividade;

  • 8.º - Abraçar a vulnerabilidade e procurar apoio (família, amigos, colegas, psicólogo…) em momentos de sobrecarga, o que fortalece o bem-estar pessoal e enriquece as interações com os outros. A honestidade emocional e a compaixão por nós próprios faz-nos investir mais no autocuidado e na manutenção do bem-estar.


Assim, o Dia Mundial do Professor é um dia para celebrar a forma como os professores estão a transformar a educação e para refletir sobre o apoio de que precisam, para desenvolver plenamente o seu talento e a sua vocação, e para repensar o caminho a seguir na profissão.


Feliz Dia do Professor, com muita saúde!

 


Prof.ª Isabel Cristina

 

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