O mote da viagem de visita de estudo que encerrou as celebrações dos 50 anos de Democracia centrou-se no olhar crítico sobre a censura do Estado Novo protagonizada pela PIDE bem como na importância das memórias em Arquivo que preservam as verdades do passado dando um novo rumo ao presente.
No Museu do Aljube - Resistência e Liberdade, instalado na antiga Cadeia do Aljube, foi solicitado aos alunos que interiorizassem a ideia de que não se tratava de um museu como tantos outros, mas antes um lugar de memória, repositório de histórias, emoções e experiências que transcendem o tempo. Era importante despertar empatia por aqueles que foram presos e torturados naquele sítio para que, ao percorrermos os espaços, fôssemos transportados para momentos passados, revivendo eventos, sentimentos e memórias coletivas que moldaram o curso da história e da cultura do Estado Novo. Brilhantemente guiados, tivemos a oportunidade de ver documentos censurados, jornais proibidos, as celas de detenção e a descrição das torturas infligidas aos presos políticos. Percebemos, também, a vida na clandestinidade, descrita em cenários que retratam o clima de medo e suspeição de todos para todos e ainda aspetos da luta anticolonial que induziu os militares ao derrube do regime por golpe militar, em 1974. Por fim, refletimos sobre os temas sobre os quais não se discutia: Não discutimos TRABALHO; Não discutimos AUTORIDADE; Não discutimos PÁTRIA; Não discutimos FAMILIA - assim ordenava António de Oliveira Salazar.
O Arquivo Nacional Torre do Tombo, nome que adveio do facto dos principais documentos do Reino, tal como o Livro do Tombo, se guardarem na torre albarrã do Castelo de S. Jorge, foi inaugurado em 1992, segundo o projeto do arquiteto Arsénio Cordeiro. Desenhado com o formato de um “H” de história, é, alem de peça arquitetónica, o cofre que alberga um significativo acervo documental que preserva, em cerca de 100 km de extensão de prateleiras, todas situadas nos pisos superiores que garantem as melhores condições de armazenamento. O documento mais antigo é datado do ano 882. Aí, tivemos oportunidade de conhecer os espaços de pesquisa, suportes e tintas utilizadas pelos antepassados e alguns documentos muito antigos, nomeadamente um relativo à freguesia de Pedroso amavelmente selecionado por ocasião da nossa visita.
O questionamento e o espírito crítico fazem parte da essência do nosso curso, pelo que, para esta visita, estava destinada a valorização das liberdades, direitos e garantias, um exercício diário e cada vez mais ameaçado mesmo nas democracias consolidadas como a nossa.
Aliás, lê-se à saída do Museu do Aljube - Resistência e Liberdade que,
“Sem memória, não há futuro, preservar a Memória Histórica é um ato de cidadania, rasgando o silêncio em que todo o povo foi mergulhado e resgatando essa memória para ensinamento dos mais novos.” E o propósito foi cumprido!
11.º e 12.º AJD