“Não mata, mas mói.”
(provérbio popular)
OEnquanto uma alergia a um dado alimento resulta numa forte resposta imunitária, a intolerância alimentar não envolve mecanismos do sistema imunitário e manifesta-se maioritariamente em dificuldades digestivas. Assim, enquanto as alergias exigem cuidados rigorosos para evitar qualquer exposição, a intolerância pode ser gerida com o consumo controlado ou evitando alimentos problemáticos.
Neste artigo, vamos falar um pouco de intolerâncias alimentares que cada vez mais afetam os nossos alunos, podendo impactar a sua qualidade de vida, embora não ponham em causa a sua sobrevivência. As intolerâncias variam muito em prevalência (número total de casos de uma doença numa população, num determinado período de tempo) de acordo com fatores genéticos, regionais e hábitos alimentares, sendo cerca de 20 a 35% a nível mundial e 25% em Portugal, apesar de nem sempre se conseguir identificar o alimento em questão.
Esta hipersensibilidade é provocada pela inexistência da enzima necessária para digerir determinado alimento, o que causa perturbações gastrointestinais, gases, náuseas ou diarreias, inchaço, dor abdominal e, em alguns casos, fadiga e dor de cabeça. A gravidade dos sintomas está muitas vezes relacionada com a quantidade do alimento consumido.
São cinco os principais Tipos de Intolerâncias Alimentares:
- Intolerância à Lactose - causada pela deficiência ou ausência da enzima lactase, que é necessária para digerir a lactose (açúcar do leite). Sem lactase suficiente, a lactose fermenta no intestino, causando gases, inchaço e diarreia. É uma das intolerâncias mais comuns, especialmente em populações onde o consumo de produtos lácteos é historicamente baixo;
- Intolerância ao Glúten - inclui a doença celíaca e a sensibilidade ao glúten não celíaca. A doença celíaca é uma condição autoimune onde a ingestão de glúten (proteína do trigo, cevada e centeio) causa danos ao intestino delgado. Já a sensibilidade ao glúten não celíaca não envolve uma resposta autoimune, mas ainda causa desconforto gastrointestinal e outros sintomas;
- Intolerância a Aditivos Alimentares - algumas pessoas reagem a conservantes, corantes, e outros aditivos, como o glutamato monossódico (MSG), sulfitos (usados em vinhos e frutos secos) e nitritos (em carnes processadas). Estas intolerâncias variam de leves a intensas e podem causar sintomas como enxaqueca, erupções cutâneas e, em casos mais graves, dificuldades respiratórias;
- Intolerância à Frutose - a frutose, encontrada em frutas, vegetais, mel e adoçantes como o xarope de milho, pode causar problemas em pessoas que têm dificuldades para absorvê-la adequadamente no intestino. Isto resulta em sintomas como diarreia, inchaço e dor abdominal;
- Intolerância às Proteínas Vegetais (ex.: Soja e Leguminosas) - algumas pessoas apresentam intolerância a proteínas presentes na soja e em outras leguminosas, o que pode causar problemas digestivos e desconforto abdominal.
Uma vez que as manifestações clínicas são variadas, o diagnóstico torna--se difícil e demorado. Quanto ao tratamento, geralmente envolve a redução ou eliminação dos alimentos problemáticos. Além disso, o acompanhamento por um nutricionista é recomendado para assegurar uma alimentação equilibrada e evitar deficiências nutricionais.
No nosso Colégio, cerca de 1,7% dos alunos padece de uma ou mais intolerâncias alimentares, nomeadamente à lactose e ao glúten, o que reforça a importância de sermos sensíveis a esta condição.
Com o Natal à porta, é fundamental referir que as refeições podem ser igualmente saborosas, quando confecionadas com farinhas sem glúten e/ou bebida vegetal, numa perspetiva de uma gastronomia inclusiva e com mais saúde.
Boas festas!
Prof.ª Isabel Cristina