“A natureza não se apressa,
no entanto, tudo se concretiza”
(Lao Tzu)
Então, Kombucha é uma bebida fermentada, levemente gaseificada, feita a partir de chá com açúcar (geralmente chá preto ou chá verde) que passa por um processo de fermentação, com a ajuda de uma cultura de bactérias e leveduras designada SCOBY (Symbiotic Culture of Bacteria and Yeast), abreviatura inglesa para “Cultura Simbiótica de Bactérias e Leveduras”. Tem um sabor ligeiramente ácido e adocicado, podendo ter sabores adicionais de frutas, ervas ou especiarias, e a sua cor varia conforme o tipo de chá e os ingredientes adicionados.
A origem da Kombucha encontra-se rodeada de mistério, mas acredita-se que tenha surgido há mais de 2000 anos na Ásia. Existem registos que apontam para a China antiga, durante a Dinastia Han (cerca de 200 a.C.), onde a bebida era conhecida como “Elixir da Imortalidade”, devido aos seus potenciais benefícios para a saúde. Entretanto, diz-se que um médico coreano chamado Kombu levou a bebida para o Japão, no séc. V, para tratar problemas digestivos do imperador e o nome "kombucha" seria uma combinação de "Kombu" (o nome do médico) e "cha" (chá em japonês). No século XIX, popularizou-se em regiões da Rússia e do Leste Europeu, onde era chamada de "Chá de Cogumelo" por causa da aparência do SCOBY. Atualmente, é consumida em todo o mundo, como uma bebida natural, associada a um estilo de vida saudável, em parte graças às redes sociais que desempenharam um papel importante na popularização desta bebida, uma vez que as embalagens são atraentes e o “design” é “instagramável”, o que impulsiona a curiosidade.
O seu processo de produção não é complicado, mas exige cuidado, tempo e paciência, pois, sendo um processo natural, ensina-nos a respeitar o tempo certo para tudo, como diria Lao Tzu. No caso da Kombucha caseira, esta deve ser preparada, ainda, com mais cuidado para evitar contaminação.
Devem estar a perguntar-se: “Por que razão estamos a falar de Kombucha nesta rubrica?” Porque, embora muitas das informações que temos se baseiem em experiências pessoais dos consumidores e em estudos preliminares, algumas pesquisas científicas já sugerem efeitos positivos da Kombucha na nossa saúde. Assim, são diversos os benefícios que lhe são atribuídos, nomeadamente, ao nível da(o):
Saúde Digestiva
A Kombucha é rica em probióticos (bactérias benéficas) resultantes do processo de fermentação. Apesar dos níveis de probióticos variarem em função do tempo de fermentação e do tipo de chá utilizado, estes microrganismos podem ajudar a:
- equilibrar a flora intestinal (microbiota);
- melhorar a digestão e aliviar problemas como obstipação (“intestino preso”) ou inchaço;
- fortalecer a barreira intestinal, o que pode reduzir a inflamação no intestino.
Sistema Imunológico
A presença de antioxidantes, ácidos orgânicos (como ácido acético) e probióticos pode ajudar a:
- fortalecer a imunidade, combatendo microrganismos nocivos;
- reduzir a inflamação e o stress oxidativo, que estão associados a várias doenças crónicas;
- melhorar a absorção de nutrientes essenciais para o corpo.
Saúde Mental
Há uma forte ligação entre o intestino e o cérebro (eixo intestino-cérebro). Assim, consumir alimentos fermentados como a Kombucha pode:
- ajudar a reduzir a ansiedade e o stress;
- melhorar o humor, já que as bactérias saudáveis no intestino estão relacionadas com a produção de neurotransmissores, como a serotonina.
Saúde Cardiovascular
Alguns estudos em animais sugerem que a Kombucha pode ajudar a:
- reduzir os níveis de colesterol LDL (“mau”) e aumentar o HDL (“bom”);
- melhorar a pressão arterial devido à presença de antioxidantes.
Açúcar no Sangue
A Kombucha feita a partir de chá verde pode ajudar a:
- regular os níveis de glicose, auxiliando na prevenção de picos de açúcar no sangue;
- melhorar a sensibilidade à insulina, o que pode beneficiar pessoas com risco de diabetes tipo 2.
Desintoxicação Natural
A Kombucha contém ácidos orgânicos (como o ácido glucurónico) que podem ajudar a:
- auxiliar o fígado na eliminação de toxinas;
- auxiliar na limpeza do organismo, facilitando a eliminação de substâncias nocivas.
Apesar de todos estes benefícios, é importante consumir esta bebida com moderação, pois o seu excesso pode causar desconforto digestivo, devido aos ácidos e probióticos, sendo que as grávidas e os imunodeprimidos devem consultar um médico antes de consumir Kombucha.
Por fim, e não menos importante, a Kombucha também se encaixa no conceito de “clean label”, projeto que valoriza produtos com rótulos simples, transparentes e ingredientes reconhecíveis. Cada vez mais, as pessoas querem saber exatamente o que estão a consumir, e a Kombucha oferece essa autenticidade. E com o aumento da preocupação ambiental, a Kombucha destaca-se, igualmente, por ser frequentemente produzida em pequenas quantidades (artesanal), usar processos fermentativos naturais, que têm menor impacto ambiental, e ser vendida em embalagens reutilizáveis, como garrafas de vidro.
Em resumo, a Kombucha combina benefícios reais à saúde com tendências culturais e de consumo consciente.
Prof.ª Isabel Cristina