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Finis Patriæ
12/05/2008
Um Livro por Semana
“É negra a terra, é negra a noite, é negro o luar./Na escuridão, ouvi! Há sombras a falar”.
Assim começa esta obra do poeta português Guerra Junqueiro, autor de outras obras como Oração ao Pão ou A Velhice do Padre Eterno. Ao longo dos catorze poemas reunidos neste livro, o poeta critica mordazmente alguns aspectos da sociedade da altura, como o sugerem alguns subtítulos interessantes: “Falam os monumentos arrasados” ou “Falam pocilgas de operários”.
Após uma leitura exaustiva, podemos ver como este poeta consegue traduzir para o papel tudo o que de errado se passava na época, ideia patente, por exemplo, nestes versos: “Crianças rotas, sem abrigo.../A enxerga é pobre e a roupa é leve.../Quarto sem luz, mesa sem trigo.../Quem é que bate ao meu postigo?/- A Neve!”.
O último poema desta obra, “À Inglaterra”, é talvez o único que se refere a uma outra realidade - a da sociedade inglesa do século XIX, “A honra para ti é inútil bugiganga./O teu pudor é como um Matabel sem tanga,/Monstruoso ladrão, bárbaro traficante;/Compras a alma ao negro a genebra e missanga,/Vendendo-lhe a tua bíblia a queixais de elefante”.
Interessante e real. Deste modo se pode caracterizar esta colecção de poemas de Guerra Junqueiro. Reunindo poemas fortes, com linguagem ousada, e inspiração em cenários de vida reais, é uma das obras que qualquer um pode ler e apreciar.
Título: Finis Patriæ Autor: Guerra Junqueiro Editora: Lello & Irmão – Editores Modo/Género literário: Lírico/Poesia
Sugestão de Luís Soeiro, n.º 9600, 10.º H1