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Ensaio sobre a
Cegueira
O livro começa com um motorista, que, subitamente, fica cego
enquanto está parado num sinal vermelho. Com uma pequena diferença:
ele não mergulha numa total escuridão, mas, sim, numa cegueira
leitosa, completamente branca. A partir daí, a cegueira vai
contaminando outras pessoas como num ciclo, começando por ele e
seguindo através das pessoas com quem manteve contacto, desde o seu
médico, passando pela sua mulher, os pacientes, até que se torna uma
epidemia misteriosa.
Todos os
cegos são confinados a um manicómio, sob as ordens governamentais e
dos que ainda conservavam a sua visão. Diante desse cenário, quem
via tornava-se uma autoridade, estabelecendo de que forma os cegos
se deveriam comportar. Apesar da "epidemia" chegar a um grau tão
extenso, acabando por atingir toda a população do local, a mulher do
médico é a única pessoa que ainda consegue ver e assim registar todo
o horror e provação que os cegos enfrentam.
Observando
o comportamento deles e o modo como se relacionam uns com os outros,
ela chega a concluir que as pessoas se tornam realmente quem são a
partir do momento em que não podem julgar a partir do que vêem.
A obra
remete-nos, então, para a fantasia do autor que nos dá uma imagem
aterradora e comovente de tempos sombrios. Cada leitor viverá uma
experiência imaginativa única.
Num ponto
em que se cruzam literatura e sabedoria, Saramago obriga-nos a
parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afecto
– essas são as tarefas do escritor e de cada leitor diante da
pressão dos tempos e do que se perdeu: “uma coisa que não tem nome,
essa coisa é o que somos”.
Título:
Ensaio sobre a Cegueira
Autor: José Saramago
Editora: Círculo de Editores
Modo/Género literário: Narrativo/Romance
Sugestão de Joana Genésio, n.º 7029,
11.º LRJ1
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