Top 10

Departamento de Línguas Românicas (Secundário)
31/03/2009

No âmbito do dia do Livro Português, o Departamento de Línguas Românicas do Ensino Secundário promove a divulgação de dez livros de autores portugueses de reconhecido mérito literário, no sentido de sensibilizar toda a Comunidade Educativa para a relevância da leitura, nomeadamente em língua materna: «Aprender a ler para ler a aprender»!

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No âmbito do dia do Livro Portug
 
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No âmbito do dia do Livro Português, o Departamento de Línguas Românicas do Ensino Secundário promove a divulgação de dez livros de autores portugueses de reconhecido mérito literário, no sentido de sensibilizar toda a Comunidade Educativa para a relevância da leitura, nomeadamente em língua materna: «Aprender a ler para ler a aprender»!

 

Título: O Sétimo Selo
Autor: José Rodrigues dos Santos
Editora: Gradiva
Modo / Género literário: Narrativo / Romance


Tomás de Noronha é um criptanalista e professor universitário contratado pela Interpol para decifrar um enigma que está por detrás do assassinato de um cientista na Antárctida. Esse mistério está relacionado com um texto bíblico, o Apocalipse. Desta forma, a história torna-se ainda mais interessante porque cria no leitor uma grande expectativa, relativamente ao significado deste enigma.

Na minha opinião, este livro é fascinante. O autor não se limita a contar uma história. Ele informa e transmite conhecimentos através do diálogo entre personagens. A complexidade e a pormenorização, inerentes a este livro, fazem com que o leitor fique “preso” até à última página.

Nesta obra, podemos ver que o autor é bastante humano e sensível a factos actuais. Neste caso, José Rodrigues dos Santos alerta os leitores para as ameaças que estão a colocar em causa a sobrevivência humana: a dependência mundial do petróleo e o aquecimento global. Ele constrói uma história em torno dos interesses dos cientistas, dos políticos, dos exploradores de petróleo e da própria população. Daí ter achado original a associação do Apocalipse com a situação da actualidade.

Neste romance, José Rodrigues dos Santos prova que é possível informar e entreter ao mesmo tempo.

Por todos estes motivos, adorei ler O Sétimo Selo e aconselho todas as pessoas a lerem este livro. É importante ter consciência da situação mundial actual do petróleo e das consequências do aumento exponencial da queima dos combustíveis fósseis. Assim sendo, nada melhor do que ler esta obra para adquirir esses conhecimentos de uma forma lúdica, interessante e descontraída.

Sugestão de Liliana Lopes, n.º 9249, 12.º BT2

 

Título: Ensaio sobre a Cegueira
Autor: José de Sousa Saramago
Editora: Círculo de Leitores
Modo / Género literário: Narrativo / Romance

O livro começa com um motorista que, subitamente, fica cego enquanto está parado num sinal vermelho. Todavia, com uma pequena diferença: ele não mergulha numa total escuridão, mas sim numa cegueira leitosa, completamente branca. A partir daí, a cegueira vai contaminando outras pessoas como que num ciclo, começando por ele e seguindo através das pessoas com quem manteve contacto, desde o seu médico, passando pela sua mulher, os pacientes, até que se torna uma epidemia misteriosa.

Todos os cegos são confinados a um manicómio, sob as ordens governamentais e dos que ainda conservavam a sua visão. Diante desse cenário, quem via tornava-se uma autoridade, estabelecendo de que forma os cegos se deveriam comportar.

Apesar da "epidemia" chegar a um grau tão extenso, acabando por atingir toda a população do local, a mulher do médico é a única pessoa que ainda consegue ver e assim registar todo o horror e provação que os cegos enfrentam.

Observe-se a escrita exímia e espírito crítico sem igual de que Saramago é dotado, reportando-nos, exactamente, para uma realidade paralela e obscura, em que as pessoas se tornam realmente quem são, quando não podem julgar a partir do que vêem.

Concluindo, toda obra remete-nos para a fantasia do autor que nos dá uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios. Sem dúvida, um exemplo literário!

Sugestão de Joana Genésio, n.º 7029, 11.º LRJ1

 

Título: A Costa dos Murmúrios
Autor: Lídia Jorge
Modo / Género literário: Narrativo / Romance

A mais famosa obra de Lídia Jorge, A Costa dos Murmúrios, é produto apaixonado do tempo vivido pela autora no coração rico, e a fervilhar de vida, de Moçambique.

Baseada nas memórias e recordações da própria, é feito um retrato real desta ex-colónia portuguesa, imersa numa época de guerra, da qual, num palco de solo árido e amarelo, emerge a trágica história do amor de Eva Lopo e Luís Alex.

A trama inicia-se com o conto feliz do casamento de Eva e Luís, relatado na terceira pessoa. Todavia, rapidamente, o romance é tomado pela voz melodiosa da noiva, que evoca as duas últimas décadas da história de ambos. De forma pura e dolorosa, Eva recorda as amargas transformações no rumo forte e esperançoso da sua vida, e, particularmente, no seu marido, que, vertiginosamente, se torna num repressor sanguinário ao serviço do projecto imperial salazarista.

Com efeito, é a vida de Luís, ao espelhar um regime incapaz e sustentado pela força, que conduz estas duas personagens ao seu lamentável e desolador destino.

Tomando, incontrolavelmente, as mãos do leitor da primeira à última página, este romance é, na minha opinião, excepcional e revelador de uma autora espectacular capaz de prender a alma do leitor ao “amor” de um bom livro.

Sugestão de José Pedro Cidade, n.º 7597, do 12.º BT2
 

Título: Gente Feliz com Lágrimas
Autor: João de Melo
Editora: Booket
Modo/Género Literário: Narrativo/Romance

Gente Feliz com Lágrimas é um romance de encontros e desencontros, intrigas, conflitos, confissões no seio de uma família já de si desgastada pela tortura de viver numa ilha açoriana, longe de tudo, acentuada pelas dificuldades económicas em que viviam, em pleno regime salazarista.

Nuno Miguel, Maria Amélia e Luís Miguel são os três narradores mais importantes. Três irmãos que relatam (já na idade adulta) episódios quando crianças.

O livro comove tanto pela crueldade, intolerância, carência, incompreensão e infelicidade das suas histórias, como pela inocência destes jovens, que cresceram isentos de afectos, construindo, desde cedo, uma revolta assustadora em relação à vida.

Descendentes de um homem, aparentemente frio, rude e cruel, são três da quantidade infinita de irmãos, marcados pelo trabalho infantil, a pobreza, a tristeza de não serem como as outras crianças, tornando-se adultos depressa de mais, com uma infância que lhes é desconhecida.

A fuga para o Continente, para conventos, é vista por Nuno e Amélia como uma libertação das garras furtivas do pai. Mas aí são várias as dificuldades e vêem-se, de novo, num emaranhado de caminhos sinuosos.

O que é o conceito de felicidade para esta família? Como será possível uma vida feliz sem lágrimas? É isso que os convido a descobrir ao lerem este livro, reencarnando umas das personagens, obtendo, assim, uma passagem directa para os Açores do tempo dos nossos avós.

Sugestão de Ana Rita Martins de Sousa, nº 9583, 11.º LRJ1
 

Título: Manhã Submersa
Autor: Vergílio Ferreira
Editora: Bertrand Editora
Modo / Género literário: Narrativo / Romance

Na minha opinião, Manhã Submersa é um romance um pouco triste e cruel. Retrata a vida de um conjunto de seminaristas oriundos de famílias pobres que se encontram num beco sem saída, entre uma suposta perspectiva de vida boa, porém, cheia de limitações, em contraste com uma suposta liberdade em más condições de vida.

Descreve, mais pormenorizadamente, a existência de um seminarista, António Borrralho, que sofre a obrigação de uma vocação que não sente, encurralado pela mãe que sonha com uma velhice mais confortável em virtude da carreira eclesiástica do filho, e por uma tutora que o escraviza na religião mesmo em períodos de férias.

São perceptíveis os estados que ocorrem na adolescência, as tentações da carne a que tem que fugir a todo o custo, as provocações desleais e degradantes de várias pessoas, entre as quais os seus antigos amigos, e que a pouco e pouco levam António a fortalecer uma decisão de ruptura que o colocará de volta ao seu destino desgraçado, mas liberto, preferindo a crueldade da realidade ao fingimento do meio homem sem vida. Perante as dúvidas dos amigos e as suas próprias, no descobrir da existência como homem e dos prazeres que a vida oferece, um acto repentino, irreflectido e irreversível, fruto do ódio, acaba por colocá-lo no caminho certo do seu destino.

Considero que é uma obra que dificilmente será afectada pela erosão do tempo devido à perfeição da escrita, à força dos temas que desenvolve, à universalidade dos sentimentos e às emoções das personagens.

Sugestão de Carla Cardoso, n.º 9289, do 12.º BT2
 

Título: A Selva
Autor: Ferreira de Castro
Editora: Livraria Civilização
Modo/Género Literário: Narrativo/Romance

Este romance de Ferreira de Castro, A Selva, é um dos mais famosos do escritor, tendo, desde cedo, obtido fama e projecção a nível mundial.
Com efeito, esta obra retrata um período da vida de Alberto, jovem monárquico português, exilado em Belém do Pará, em 1912, e futuro estudante universitário de Direito. Aí, vai trabalhar, por intermédio de um tio, para um seringal, onde passa a conhecer a miséria e a solidão.

Por conseguinte, considero este livro uma obra-prima da literatura portuguesa, pois, baseando-se a obra em vivências experienciadas pelo próprio escritor, que já tinha passado pelas mesmas circunstâncias, retrata, de uma forma brilhante, a realidade, desconhecida por muitos, do trabalho de escravo.

De salientar que se encontra, ao longo de todo o livro, o paradoxo entre a felicidade e a tristeza, a comunhão e a solidão. Logo, tendo Ferreira de Castro vivenciado todos estes sentimentos, é natural que esteja retratada a mentalidade do ser humano em situações extremas.

Em suma, este livro descreve, de uma forma brilhante, a essência do ser humano, assim como problemáticas muito actuais.

Sugestão de Paulo Alves, n.º 9606, 11.º LRJ1
 

 

Título: Amor de Perdição
Autor: Camilo Castelo Branco
Editora: Biblioteca Essencial
Modo / Género literário: Narrativo / Romance

Nesta obra, está presente o amor de um jovem casal, Teresa e Simão. Esta relação não conseguiu vencer o facto de as suas famílias serem inimigas, o que fez com que os dois jovens não pudessem ficar juntos. Ao saber do amor de ambos e depois de várias tentativas falhadas de casar a filha com o primo Baltasar, o pai da jovem, Tadeu de Albuquerque, mandou-a para um convento. Lá, Teresa morria de tristeza por estar tão longe do seu grande amor, apesar de comunicar com ele através de cartas.

Entretanto, Simão estava em casa de um ferreiro que o acolhera por estar ferido. Este homem tinha uma filha, Mariana, que, além de muito bonita, era muito carinhosa. Foi ela que, com muito cuidado, tratou do jovem, acabando por se apaixonar por ele. Contudo, sempre foi discreta ao ponto de o ajudar a aproximar-se de Teresa, não impossibilitando que Simão se apercebesse dos sentimentos que a jovem nutria por ele. Por estes motivos e por ser tão meiga, Simão ficava, de certa forma, triste porque não lhe podia retribuir da mesma forma, pois estava muito apaixonado por Teresa.

Numa das tentativas de salvar a amada, Simão acabou por disparar sobre Baltasar, o que fez com que fosse condenado à forca, da qual conseguiu escapar. Assim, foi enviado para o exílio na Índia e na partida dá-se o desfecho trágico da obra.

Com a leitura deste livro, deixamo-nos cativar pelos amores platónicos da adolescência, que são conhecidos como perigosos e únicos.

Sugestão de Marta Rocha, n.º 9112, do 12.º BT1
 

Título: As Pupilas do senhor Reitor
Autor: Júlio Dinis
Editora: Livraria Figueirinhas
Modo / Género literário: Narrativo / Romance

A agradável história de As Pupilas do Senhor Reitor tem lugar em pleno século XIX e é marcada por toda uma frescura rural que envolve o leitor do início ao fim da leitura. Margarida, sensível e taciturna, e Clara, alegre e confiante, são as duas jovens irmãs órfãs de quem o reitor da freguesia está encarregue.

A história desenrola-se em torno de Daniel, o filho mais novo do rico lavrador José das Dornas, que, tendo sido encaminhado nos estudos eclesiásticos, acaba por desistir quando o reitor da freguesia descobre que o pequeno possuía na aldeia a “sua conversada”, a pequena Margarida. Temendo pelo seu futuro, José decide, então, enviá-lo para estudar no Porto e tornar-se médico.

Anos mais tarde, Pedro, o irmão de Daniel, conhece Clara e apaixona-se por esta. Eis que Daniel regressa à aldeia para o casamento do irmão. Margarida, agora professora, conserva ainda o seu amor pelo jovem. Este, contudo, embarcando no espírito urbano, torna-se um namorador impulsivo e, ao conhecer Clara, apaixona-se por ela. Ela tenta, porém, terminar com o assédio e concede-lhe uma última visita no seu jardim. No entanto, são surpreendidos por Pedro, mas Margarida salvo-os tomando o lugar da irmã.

Daniel, impressionado com a coragem da jovem, recorda-se finalmente do seu amor de infância e procura reconquistá-la. Margarida acaba, assim, por aceitar o pedido de casamento de Daniel.

É uma obra escrita com simplicidade e realismo, recheada de situações imprevistas e de grande intensidade dramática.

Sugestão de Sílvia Lopes, n.º 9214, do 12.º BT2
 

Título: As Intermitências da Morte
Autor: José Saramago
Editora: Caminho
Modo / Género literário: Narrativo / Romance

"No dia seguinte ninguém morreu."

Assim começa esta história, que é, ao mesmo tempo, uma reflexão do autor sobre um futuro sem morte e as suas consequências.
Tudo começa no dia 1 de Janeiro, num país fictício, onde ninguém morre e mesmo quem se encontrava em estado terminal passa a ver o seu fim adiado. O que à primeira vista parece ser um paraíso, depressa se revela macabro e tenebroso.

Fiel ao seu estilo sarcástico e irónico, Saramago vai, além das reflexões filosóficas, desenvolvendo uma dura crítica à sociedade moderna, preconizada pelas reacções da Igreja, do Governo, dos lares, das agências funerárias, da “máphia”, etc.

Todavia, passados meses a viver nesta situação, a morte assume o seu fidedigno regresso, enviando uma carta para a televisão, onde se desculpa pela sua ausência sob o pretexto de dar a conhecer aos terrenos aquilo que é a vida eterna. A morte chega mesmo a implementar um novo sistema em que, para cada pessoa, seria enviada uma carta oito dias antes da sua morte, de maneira a que esta tivesse tempo de, digamos, organizar a sua vida, para que pudesse morrer descansada.

Contudo, quando este sistema das cartas começa a ser implementado, há uma que teima em não ser entregue e que é sempre devolvida. Perante tal fenómeno, a morte começa a investigar a vida do músico a quem era suposto a carta ter sido entregue.

Já no fim da história, vamos encontrar uma narrativa clássica, assistindo-se a um romance entre a morte, que adopta uma forma humana, e o violoncelista.

Assente na escrita exímia e singular de José de Sousa Saramago, o livro acaba como começou.

"No dia seguinte ninguém morreu"

Sugestão de Joana Genésio, n.º 7029, do 11.º LRJ1
 

 

Título: As Máscaras do Destino
Autor: Florbela Espanca
Editora: Livraria Bertrand
Modo/Género literário: Narrativo/Romance

Florbela Espanca, poetisa de excessos, grande figura feminina das primeiras décadas da literatura portuguesa do século XX, destacou-se, sobretudo, pela sua obra poética. Exemplo disso é o poema célebre “Ser poeta é ser mais alto, é ser maior”.

Mas, para fugir à rotina, escreveu em prosa “As Máscaras do Destino”, uma obra totalmente dedicada ao seu irmão Apeles - “A meu irmão, ao meu querido Morto”.

De facto, a tristeza e dor provocada pela sua perda suscitaram em Florbela a vontade de escrever, de forma funesta e autêntica, esta grande homenagem/dedicatória, conferindo ao livro uma grande densidade psicológica.

O livro está dividido em oito contos, todos eles com um tema em comum – a Morte. A saber: “O Aviador”, “A Morta” “Os Mortos não Voltam”, “O Resto é Perfume”, “A Paixão de Manuel Garcia”, “O Inventor”, “As Orações de Soror Maria da Pureza” e “O Sobrenatural”.

No início, tudo parece simples e objectivo, mas, quando a morte ousa aparecer, acontece uma grande reviravolta. Finais trágicos ou felizes?

Somos todos vítimas do mesmo destino, há quem deseje a felicidade e a plenitude, mas não a conquiste... É algo que só alguns alcançam no absoluto, no infinito.

Sugestão de Catarina Santos, n.º 7011, do 11.º LRJ1

 

 

 

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