TOP 10

Departamento Curricular de Línguas Românicas
23/04/2010

O Departamento Curricular de Línguas Românicas do Núcleo do Ensino Secundário assinala o Dia Mundial do Livro mediante cartaz e o “Top 10” dos livros (mais) lidos pelos discentes

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Dia 23 de Abril celebra-se o Dia Mundial do Livro, o que seria mais do que um pretexto, pertinente, oportuno e, até, urgente, para se equacionar a importância essencial do livro e de tudo o que representa. Mas isso é tão óbvio e clarividente…

Antes, o Departamento Curricular de Línguas Românicas do Núcleo do Ensino Secundário assinala a efeméride mediante cartaz e o “Top 10” dos livros (mais) lidos pelos discentes no âmbito do Contrato de Leitura na disciplina de Língua Portuguesa – iniciativas dinamizadas pela Dr.ª Glória Silva e Dr.ª Cláudia Monteiro.

Tal comemoração é, igualmente, salientada pelo início da Feira do Livro e das Línguas, que decorre no espaço da ExpoCIC, onde se poderá adquirir livros em português, inglês, francês e alemão, que, independentemente do idioma, encerram saber(es), sabor(es) e sentimento(s). A actividade é organizada pela FNAC, que, gentilmente, se disponibilizou para o evento, sob a coordenação inter-departamental do Departamento Curricular de Línguas Germânicas – NES e do Departamento Curricular de Línguas Românicas – NES.

Assim, convida-se toda a Comunidade Educativa a visitar a Feira do Livro e das Línguas: Venha à Feira (dos 3 S e 2 L) mesmo à sua beira!

[3 S: Sentimento(s), Saber(es) e Sabor(es); 2 L: Livro(s) e Línguas]

Pel’O Departamento Curricular de Línguas Românicas – NES
Pedro Figueiredo

 

 

TOP 10


Número 1



Como já deveríamos saber, a representação mais exacta, mais precisa, da alma humana é o labirinto. Com ela tudo é possível.

A Viagem do Elefante é um fascinante livro que esmiúça as fragilidades morais de todos os detentores da racionalidade (o “H”omem). É na personagem de Salomão, ou Solimão, elefante que há dois anos se encontra em Belém, desprezado e maltrapilho no berço da sua guarda, que se retrata a profundidade da experiência da vida. A agudez da escrita de Saramago - irónica, verdadeira, sarcástica, sublime, igual a ele próprio – revela a verdadeira identidade do português típico que se cativa por aquilo que já não lhe pertence.

Departamento de Línguas Românicas - NES,
Glória Silva e Cláudia Monteiro, a partir de textos elaborados pelos alunos no âmbito do Contrato de Leitura.



Número 2



Nadezhda soluçava. Pelo canto do olho, Tomás percebeu que ela estava igualmente deitada no chão, com uma kalashnikov colada à nuca. Fez-se silêncio na clareira.

Crack!

Um estrondo brutal soou ao lado de Tomás, ensurdecendo-lhe o ouvido direito. Virou o rosto e constatou, horrorizado, que Nadezhda tinha a cabeça desfeita. O sangue e a massa encefálica espalhavam-se pelo chão à mistura com os cabelos cor de cobre.

“Vai-te embora, português”, disse o desconhecido, agora em inglês.

Esta obra, considerada um romance, prende-nos pela informação histórica, técnica e científica nele referenciada.

Ao abrirmos a primeira página do livro, vislumbra-se um grupo de cientistas que recebe a informação de que uma das plataformas de gelo que estão a estudar se está a desmoronar, instalando-se, assim, o pânico. Esta é uma das consequências do aquecimento global. É isso mesmo que é abordado ao longo do livro: o motivo do aquecimento global e o que fazer para o parar. Depois deste capítulo, é descrito um assassinato de um cientista muito importante e a história vai-se desenrolando a partir daqui. Tomás Noronha é contratado para desvendar o segredo do número 666, que era uma pista deixada.

Uma obra empolgante do notável autor José Rodrigues dos Santos, a não perder.


Número 3



“À sua frente, Elisabeth gritava: «A última a chegar é uma mariquinhas», e ela punha esporas ao cavalo e com os cabelos ao vento galopava atrás dela, sentindo-se livre, tão livre como quando o sal e o vento do barco em que viajara para Portugal lhe enchiam os olhos e o cabelo. E a voz de Elisabeth, quente e provocadora, chamava-a: «Vou chegar primeiro do que tu. Vou ganhar, vou ganhar!» Ao longe um castelo de quatro torreões, e cada vez mais próximo, mais próximo, mais próximo, o imenso portão de carvalho do castelo de Bolingbroke, que se abria para si. Philippa voltava a casa.”

Deliciosamente fantástico, é a forma mais simples de resumir todo este romance histórico.

Phillippa aparentemente não passava de uma menina simples, que da mãe apenas herdara umas nuances esbatidas de beleza, mas que, por sorte ou azar, nasceu como primogénita da grandiosa família de Plantagenea. Phillippa sempre viveu à margem da incandescente beleza e fugaz personalidade da sua irmã Elisabeth, a menina dos olhos do pai. No entanto, a grande fé da princesa e o seu incansável gosto pelo conhecimento permitiram que ela se tornasse numa das maiores mulheres do século XIV em Portugal.


Número 4



“O coração é a víscera, ferida de paralisia, a primeira que falece sufocada pelas rebeliões da alma que se identifica à natureza, e a quer, e se devora na ânsia dela, e se estorce nas agonias da amputação, para as quais a saudade da ventura extinta é um cautério em brasa; e o amor, que leva ao abismo pelo caminho da sonhada felicidade, não é sequer um refrigério.”

Este romance, escrito de memórias amargas, conta-nos a história de duas almas perdidamente apaixonadas: Simão Botelho, herói, que, por amor, redime todos os erros do passado, e Teresa Albuquerque, que se entrega com coragem e firmeza ao seu sentimento por Simão.
O narrador prende-nos às suas páginas com a força de vontade e determinação destes jovens, sempre dispostos a ir à luta, com aquela força que todos desejamos, mas que parece sempre longe demais e com a mais romântica das personagens, Mariana, que procurará morrer por não ser capaz de suportar a morte de seu amado, sem nunca ter visto o seu amor retribuído.


Número 5



“-Fiteiro, disse eu numa dessas ocasiões.
-Como tu, retorquiu Joana, minha filha. Tu também fazes fitas, pai, às vezes amuas para chamar a atenção ou para que a gente te dê mimos, o cão percebe isso tudo. E os manos fazem a mesma coisa. Até a mãe. O cão imita-nos a todos, tudo o que ele faz é para que se repare nele e se lhe dê mais carinho. Não é por ser cão que ele não tem sentimentos.
Cão como nós, pensei.”


Esta breve e emocionante narrativa de Manuel Alegre conta a história da vida de um cão, Kurika. Um épagneul-breton é a surpreendente personagem principal do livro deste poeta e político, com "manchas castanhas e uma espécie de estrela branca no meio da cabeça”.
Um romance que nos conta a história de Kurika, um cão que não queria ser cão, desobediente, teimoso, rebelde, caprichoso e era tão humano como qualquer outro membro da família Alegre, fiel, sensível, apaixonado.

Alegre e comovente, esta obra é perfeita para quem gosta de cães, para quem não gosta e para quem está a aprender a gostar. Um puro hino à relação entre este incompreensível ser e o humano, uma relação que deixa marcas para sempre.


Número 6



Viu os padres levarem a carne que tinha abandonado e levá-la para a pire onde Gaius já estava a arder. Depois virou-se dessa luz menor para a radiência que se estava a abrir à sua frente, mais brilhante que o fogo, mais encantadora que a Lua.

O livro “A Casa da Floresta” conta-nos a história de amor entre Eilan e Gaius.

Eilan é filha de Bendeigid, um druida conhecido, e viveu sempre na Bretanha (nome dado à antiga Inglaterra). Os seus pais desejavam que ela viesse a ser a Grã-sacerdotisa ou então que, pelo menos, se casasse com um nativo inglês. Gaius é meio-romano, filho de um oficial do império romano e de mãe inglesa.

Os dois conhecem-se quando Gaius se encontrava na Bretanha (pois ia encontrar-se com umas legiões romanas que residiam perto da zona) e apaixonam-se.

Eilan e Gaius, sendo de famílias completamente distintas – Eilan sendo a escolhida para Grã-sacerdotisa e Gaius que poderia vir a ser um importante oficial do império - sentem- se obrigados a esconder os seus sentimentos.


Número 7



“ E Madalena parecia reflectir: «Escravo ou vadio… Antes escravo, porque o vadio perde- se e o escravo liberta-se» ”.

Isto é, Madalena, mãe de João, pensava sobre o futuro do seu filho, ou iria trabalhar para os telhais, como escravo, ou ficava a viver na rua, como um vadio, uma coisa era certa, não voltava tão cedo para a escola.

Esteiros é uma obra escrita por Soeiro Pereira Gomes, publicada em 1941. Com este romance, o autor pretendia criticar a sociedade e, principalmente, os patrões da época, pela exploração de trabalho infantil, bastante frequente naquela altura.

Esta história conta-nos a vida de vários jovens que, para ajudarem as suas famílias, se viram obrigados a deixar a escola e a trabalharem nos telhais, situados perto dos esteiros do rio Tejo. Neste lugar, Gaitinhas, Gineto, Maquineta, Sagui, entre muitos outros meninos trabalhadores, produziam telhas de barro.

Note-se que este era um trabalho bastante duro e cansativo, trabalhavam como escravos, tinham pouquíssimas horas de descanso, e, ainda, eram maltratados, mas esta era a única solução para a maior parte destes rapazes. Apesar de tudo isto, ainda conseguiam sonhar.


Número 8



Robert Langdon entrara na Rotunda do Capitólio muitas vezes na sua vida, mas nunca a correr daquela maneira. Ao passar pela entrada norte, viu um grupo de turistas aglomerado no centro da sala.

-Ele tirou-a da ligadura onde trazia o braço ao peito - disse alguém freneticamente - ele limitou-se a deixá-la ali!

Via agora o sangue. Meu Deus!


Em Símbolo Perdido, Robert Langdon, célebre professor de Harvard, é convidado pelo seu amigo e mentor Peter Solomon, um importante maçom e filantropo, a dar uma palestra no Capitólio dos Estados Unidos. Ao chegar lá, descobre que caiu numa armadilha. Não há palestra nenhuma, Solomon está desaparecido e correndo grande perigo.

Mal’akh, o sequestrador misterioso, acredita que os fundadores de Washington, a maioria deles mestres maçons, esconderam, na cidade, um tesouro capaz de dar poderes sobre-humanos a quem o encontrasse. E está convencido de que o professor Langdon é a única pessoa que pode localizá-lo…



Número 9



Nos dias que passam desejo muitas coisas, mas, acima de tudo, gostaria que estivesses aqui comigo. É estranho, mas já não me recordo da última vez em que chorei, antes de te conhecer. Agora, segundo parece, tenho facilidade em fazer correr lágrimas… mas tens uma maneira de demonstrar que os meus desgostos têm a sua utilidade, de explicar as coisas de modo a aliviares as minhas mágoas.

Adrienne Willis, uma mulher corajosa, educou os seus filhos sozinha, depois de o marido a ter abandonado por uma mulher mais jovem. Passados quinze anos, a filha Amanda encontra-se, criticamente, desesperada: a morte do marido envolvera-a numa dor abismal. Adrienne compreende-a e, consciencializando-se de que ela, apesar do sofrimento, tem dois filhos para instruir, resolve contar-lhe o seu íntimo segredo. Fora uma história alucinante, há catorze anos… Adrienne, com quarenta e cinco anos, encontrava-se divorciada há três e ainda não tinha conseguido reorganizar a sua vida amorosa. Até que, um dia, a amiga a convidara a cuidar da sua estalagem, em Rodanthe, durante um fim-de-semana.


Número 10



Ergueu os olhos para os da esposa e, parados no tempo, permaneceram fundidos pelo olhar, entrando um no outro pelas janelas da alma. Inexistiam entraves, medos ou segredos entre eles. Havia apenas certezas. A certeza de um amor que cruzava as montanhas, atravessava os rios, rompia os dogmas e preconceitos religiosos, as barreiras culturais, uma flor cujo caule radicava em cada um dos palpitantes corações.

Diariamente chegam-me às mãos dezenas de manuscritos de autores emergentes que procuram conhecer a minha opinião sobre o seu trabalho. Nenhum me surpreendeu tanto como A Escrava de Córdova.”

José Rodrigues dos Santos, escritor e jornalista

“A Escrava de Córdova é um romance histórico que tem lugar na Ibéria dos séculos X – XI. Tem como tese a convivência entre muçulmanos e cristãos (e também judeus), propondo a ideia de um Deus único que se manifesta culturalmente de formas diferentes. Tese eficaz e arrojada, onde creio que pensadores e filósofos vão passar boa parte do séc. XXI, um dos claros pontos de sucesso do romance.”

Pedro Sena-Lino, poeta, escritor e crítico literário



 

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