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As Intermitências da Morte
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das Letras
Modo / Género literário: Narrativo / Romance
Nunca deixando de lado toda a sua ironia e
mordacidade, o nobel José Saramago, expoente máximo da literatura
portuguesa, mais uma vez nos permite vivenciar experiências únicas
(sempre reveladoras da sua forma de estar) com As Intermitências da
Morte.
Desta vez, apresenta-nos um país fictício
(provavelmente uma alusão a um Portugal monarquizado) onde, na
passagem de um ano para o outro, as pessoas deixam um hábito já
muito antigo, morrer. O autor aproveita-se disso para reflectir
filosoficamente, evidenciando as reacções da Igreja, Governo,
Economia e, tal como já nos habituou noutras obras, faz- nos sentir
desilusão perante a podridão humana que, para sobreviver, demonstra
o seu carácter excessivamente animal. Afinal, as pessoas deixam de
morrer, mas também de viver, incitando ao colapso da economia
nacional. O caos é catastroficamente instalado.
Seguidamente, apresenta-nos a morte como
uma força viva e quase física, transportando-nos para a pura
fantasia, mas nunca apagando o fio que nos conduz ao real.
Encontrando-se personificada, a Morte
decide fazer como que uma greve, mostrando que é, ao fim de contas,
uma entidade a respeitar e acarinhar. Começamos, então, a
acompanhar, passo a passo, esta entidade com características
humanas, mas com todos os poderes omnipotentes que a confundem com
um Deus. Definitivamente feminina e irresistível, a morte leva-nos a
divagar sobre a vida, o amor, bem como a sua ausência e,
principalmente, sobre o sentido da nossa existência.
Por fim, aconselho vivamente a leitura
atenta deste livro, garantindo que a leitura do livro As
Intermitências da Morte jamais constituirá um desperdício de tempo.
Sugestão de leitura de Ricardo Martins
Maia, n.º 7618, do 11.º BT 1
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