Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo.

Pitágoras

A higiene do Amor
(Higiene III)

No dia 1 de Dezembro celebra-se o Dia Mundial da Luta Contra a Sida e, pela primeira vez na história da Igreja, um Papa, Sua santidade Bento XVI, admitiu a utilização do preservativo “para reduzir em certos casos os riscos de contaminação” do vírus da sida. É sem dúvida um momento histórico, também para a Saúde Pública.

Tendo como ponto de partida que o preservativo é o principal cuidado de saúde, mas também de higiene, pareceu-me, nesta odisseia de pequenos apontamentos, uma boa desculpa para falar de higiene íntima.

A higiene dos genitais, em homens e em mulheres, tem uma base comum, mas, por razões óbvias, apresenta algumas diferenças que passarei a dissecar.

Começando pelo género feminino seguem-se extractos de um artigo da revista ACTIVA, do dia 25 de Junho do corrente ano, da autoria da jornalista Cristina Tavares Correia e tendo como consultora a Dr.ª Patrícia Pinto Teixeira, ginecologista e obstetra.

“Podem parecer questões triviais e embaraçosas para fazer ao seu médico, mas, mesmo assim, fomos em frente com a tarefa. Porque, apesar de aprendermos a fazer a nossa higiene íntima ainda na infância, continuam a persistir alguns mitos sobre o assunto.

Que produtos devemos usar para lavar a zona genital?
A parte exterior dos genitais deve ser lavada com água tépida e o sabonete ou gel duche que usa para o resto do corpo. Se costuma ter infecções com regularidade, pode usar produtos de higiene íntima à base de ácido lácteo, que encontra na farmácia, para reequilibrar o pH dessa zona. Não é aconselhado usar esponja nas lavagens, já que se trata de um ‘viveiro' natural de fungos e bactérias. "Seria preciso estar sempre a lavá-las muito bem ou a trocá-las com frequência", observa a ginecologista.

E quantas vezes ao dia?
"Aconselharia duas vezes ao dia, de manhã e à noite, em situações normais", diz a ginecologista Patrícia Pinto Teixeira. Mais do que isso pode ser prejudicial ao pH sensível da pele da vulva, bem como destruir os organismos protectores da vagina.

Durante a menstruação há que ter mais cuidados?
Esta é uma daquelas situações que, obviamente, requer mais frequência nos cuidados de higiene com os genitais. Mas não precisa de o fazer 10 ou 20 vezes ao dia. Antes de introduzir um tampão, por exemplo, é essencial lavar-se.

Mas não se diz que tomar banho ou lavar os genitais é prejudicial à saúde durante a menstruação?
É um mito e, ainda por cima, perigoso para a saúde feminina. A ideia de que, lavar a parte exterior dos genitais ou tomar banho durante os dias da menstruação interrompe o fluxo sanguíneo e faz mal à saúde, não passa de folclore infundado.

É preciso lavar o interior da vagina?
Não. A vagina tem microorganismos protectores necessários ao seu equilíbrio e saúde e desinfectar o seu interior com anti-sépticos, vai eliminá-los, deixando o caminho livre para fungos como a Candida albicans, responsável pela candidíase. Além disso, a vagina faz a sua auto-limpeza através de secreções que depois são expelidas. Por isso, a área interior não necessita de ser lavada, os ginecologistas desaconselham-no mesmo. O que necessita de ser lavado é a área exterior onde essas secreções se acumulam, para retirar o seu excesso.

E produtos desodorizantes, podem usar-se?
"Esses produtos podem causar reacções alérgicas ao fim de algum tempo de uso permanente. O uso excessivo de produtos químicos nessa zona não é muito recomendado", afirma a ginecologista. Em casos normais, o odor da zona genital não é percebido, desde que se faça uma higiene diária regular. Se for mais intenso ou diferente do normal, pode ser sinal de uma infecção. Nesses casos, deve falar com o seu médico.

É normal ter mais corrimento em certas alturas do ciclo menstrual?
Sim. O corrimento é constituído pelas secreções produzidas no útero e na vagina, mas não é igual em espessura e cor ao longo do ciclo menstrual. Antes da ovulação é, geralmente, transparente e elástico. Na altura da ovulação, que costuma coincidir com o meio do ciclo, pode tornar-se abundante e aquoso, uma estratégia inteligente que a biologia arranjou para facilitar a penetração e a concepção. Do meio do ciclo para a frente, e antes da menstruação, pode apresentar-se muito espesso, opaco e amarelado. Se notar uma mudança de cor, se o cheiro for desagradável, se sentir comichão ou ardor e se o corrimento for muito diferente do habitual, pode ser sinal de que tem uma infecção. Procure rapidamente o seu ginecologista.”
Tal como a mulher, também o homem deve ter cuidados de higiene com os órgãos genitais.

O pénis possui muitas glândulas que produzem secreções e, por isso, a higiene é tão importante. Se ficarem acumuladas sob a pele que recobre a glande, essas secreções podem causar infecções e daí que seja tão importante não esquecer de puxar um pouco o prepúcio para trás, sob água corrente, para eliminar o excesso das secreções. A par da feminina, a higiene íntima masculina deve ser deve ser diária e básica, água e sabonete comum, sem exageros de química ou perfumes.

Deve-se sempre limpar e/ou lavar a zona do orifício da uretra, depois de urinar ou depois de uma relação sexual, porque normalmente contém restos de urina ou de esperma, respectivamente. Os cuidados devem ser redobrados no caso dos homens que não realizaram cirurgia da fimose (circuncisão), pois o excesso de pele em torno da glande favorece a transpiração e irritações. Nesta e noutras situações a higiene deve ser feita com a frequência adequada a cada indivíduo, tantas vezes quantas forem necessárias para manter o pénis limpo.

Uma outra forma de evitar as infecções, irritações e escoriações é secar bem os genitais após a lavagem e aparar os pêlos púbicos do escroto, zona perianal e das virilhas. Aparar, não rapar! Pois estes “acessórios” também têm uma função protectora.

Uma última sugestão para ambos os sexos...

Usar preservativo em todas as relações sexuais, no caso de não se ter um(a) parceiro(a) fixo(a), no sentido de cuidar da saúde dos genitais e evitar as DST.

Prof. Isabel Cristina