FALAR SAÚDE Nº 38: Branco é, galinha o põe

Prof. Isabel Cristina
02/10/2012

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), produzem-se anualmente, em Portugal, cerca de 140 milhões de dúzias de ovos, o que permite um consumo aproximado de 180 ovos por habitante por ano, equivalente a 9 kg/habitante/ano.

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Falar Saúde
1 de Outubro de 2012

 

 

 

 

 


O maior inimigo da verdade é frequentemente não a mentira - deliberada, planejada, desonesta - mas sim o mito - persistente, entranhado e irreal.
John F. Kennedy


Falar Saúde Nº 38
Branco é, galinha o põe


Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), produzem-se anualmente, em Portugal, cerca de 140 milhões de dúzias de ovos, o que permite um consumo aproximado de 180 ovos por habitante por ano, equivalente a 9 kg/habitante/ano. A crescente procura deste género alimentício (de 7kg para 9kg, entre 1990 e 2008) deve-se fundamentalmente às suas propriedades nutritivas e às múltiplas utilizações culinárias que proporciona.

Mas isto nem sempre foi assim. O ovo, considerado durante tantos séculos um alimento de luxo e, por vezes, a única fonte de proteínas, passou para segundo plano com base em ideias erradas, recentemente derrubadas por estudos científicos. Assim, atualmente o ovo é considerado um alimento saudável e essencial nas nossas dietas. Pode ser confecionado de várias formas, fácil até para principiantes, e é económico, fator importante nos dias que correm.

Quais são afinal os mitos que devem ser combatidos? Entre outros encontrei os cinco que se seguem num artigo da revista visão de 30 de agosto e que passo a citar.

Mito – Não se deve comer mais do que dois ovos por semana

Facto – Diz um estudo, já de 2007, publicado no jornal científico Medical Science Monitor, que ingerir um ou mais ovos por dia não aumenta o risco de problemas cardíacos entre adultos saudáveis. Os investigadores concluíram que a recomendação genérica para limitar o consumo está distorcida, tendo em conta as características nutricionais do ovo. Aliás, cientistas da Universidade de Alberta, no Canadá, anunciaram, recentemente, a capacidade do ovo prevenir doenças cardiovasculares, graças às suas propriedades antioxidantes. Duas gemas cruas, por exemplo, têm mais antioxidantes do que uma maçã.

Mito – Quem tem colesterol elevado não deve comer muitos ovos

Facto – “Pesquisas realizadas na última década evidenciam, claramente, os efeitos benéficos do ovo, desvinculando a questão colesterol da dieta e da doença cardíaca, e indicando que é possível consumir até duas unidades por dia sem que haja riscos”, diz o especialista António Bertechini, da Universidade canadiana de British Columbia, em Vancouver, num artigo científico sobre o assunto. Lê-se, ali, que a ingestão de ovos não faz aumentar o mau colesterol, pois 70% dele é produzido pelo fígado e por fatores como predisposição genética, obesidade, tabagismo, sedentarismo, dieta pobre em fibras e rica em gorduras saturadas. Logo, têm maior influência do que a quantidade de ovos consumida.

Mito – O ovo, por si só, não constitui uma refeição

Facto – Um bife com “ovo a cavalo” é um exagero alimentar, pois, às proteínas da carne, juntam-se as do ovo. Nutricionistas afirmam que o ovo basta-se a si próprio, já que é uma excelente fonte de lípidos, vitaminas e minerais, além das já referidas proteínas.

Mito – Comer muitos ovos contribui para a subida da tensão arterial

Facto – Cientistas da Universidade de Alberta descobriram precisamente o contrário: o consumo de ovos pode estar relacionado com a redução da pressão sanguínea. É que as suas proteínas são convertidas, por enzimas do estômago e dos intestinos, em peptídeos – elementos que fazem baixar a pressão arterial.

Mito – O ovo é muito calórico

Facto – Dados do departamento de Agricultura dos EUA ditam que uma unidade crua tem um pouco mais de 70 calorias, o equivalente a uma bolacha recheada. Quando são fritos, o valor sobe para 100, por causa da gordura adicionada. Em 2011, por sinal, investigadores da Universidade norte-americana de Louisiana, revelaram que comer dois ovos pela manhã ajuda numa dieta de emagrecimento. Conclusão que reforça uma tese já publicada em 2005, no Journal of the American College of Nutrition, a qual sintetiza que, ao ingerir um ovo pela manhã, as pessoas sentem-se mais saciadas, diminuindo, assim, a quantidade de calorias ao longo do dia.

Mito – A clara é mais saudável do que a gema

Facto – Quase metade das proteínas do ovo encontram-se na clara. O resto está na gema, que é rica em gordura, sobretudo insaturada. A parte amarela fornece entre 10 a 20% da dose diária recomendada de vitamina A, D, E e K. A clara é generosa em vitaminas do complexo B e em minerais, como fósforo e selénio. Ou seja: as duas partes do ovo complementam-se.

Prof. Isabel Cristina

 

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